As ações da Fertilizantes Heringer, que, a despeito do processo de recuperação judicial da companhia desde 2019, acumulavam alta de mais de 800% desde o início de 2021, recuaram mais de 40% nesta segunda-feira (14), entrando diversas vezes em leilão ao longo do dia.
O motivo para as movimentações recentes ainda é desconhecido, embora existam especulações e rumores. Os papeis da companhia, que chegaram a valer mais de R$ 46 na sexta-feira (11), fecharam o pregão desta segunda com um recuo de 43,3%, a R$ 26,50. Para comparação, em janeiro deste ano, ela custava em torno de R$ 3.
Para analistas, não é possível determinar a causa específica do movimento, muito embora, como já mostrado em reportagem publicada por A Gazeta, existam rumores de uma possível venda da empresa para um grupo estrangeiro e também de uma saída antecipada do processo de recuperação judicial.
O economista da Valor Investimentos, Pedro Lang, ressalta, entretanto, que tirando especulações, não há nenhum fato concreto que explique a expressiva valorização das ações da companhia neste ano, ou a queda observada ao longo do dia.
“Quando acontece um dia como hoje, que foi de sucessivos leilões, acaba havendo um efeito manada. Alguns vendem e outros investidores vão atrás. A segunda explicação é técnica. Muitos investidores que atuam na base da especulação trabalham de uma forma que, se a ação cai a um determinado nível em um dia, a venda do papel é automática.”
Outra fonte, que preferiu não ser identificada, observa, entretanto, que as o comportamento recente do preço das ações chama a atenção e traz certa desconfiança aos investidores. "A suspeita é de que algum anúncio, qualquer que seja, vá ser feito em breve."
A própria Heringer já foi questionada pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, a respeito dessa brusca oscilação e afirmou em fato relevante divulgado ao mercado que não sabe o porquê da alta dos preços das ações. Em 14 de abril deste ano, quando o papel ainda valia R$ 8,04, a B3 enviou um ofício à empresa perguntando se algum fato poderia ter motivado o movimento.
No dia seguinte, a empresa respondeu, também em ofício, que não tinha conhecimento de nenhum evento específico que explicasse a alta. Disse apenas que a ação é de baixa liquidez e, por isso, tende a variar com frequência.
“[...] após inquirir os seus administradores e acionistas controladores, informa que não tem conhecimento de nenhum fato ou ato relevante que justifique as últimas oscilações registradas com as ações de emissão da companhia, o número de negócios e quantidade negociada, bem como de qualquer fato que não tenha sido devidamente divulgado ao mercado ou não seja de conhecimento público que possa ter justificado a movimentação das ações ordinárias de sua emissão nos pregões da B3”, diz o documento assinado pelo diretor Financeiro e de Relações de Investidores, Danton Carlos Heringer.
Não é a primeira vez que a empresa se envolve em polêmicas do tipo. Em maio do ano passado, a companhia foi multada em R$ 250 mil por demorar a revelar ao mercado informações a respeito da recuperação judicial. Segundo processo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que disciplina e fiscaliza o mercado de ações no Brasil, a Heringer deixou de divulgar em 1º de fevereiro de 2019 fato relevante a respeito da sua situação, deixando para fazer o comunicado oficial a respeito da recuperação judicial só em 4 de fevereiro.
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