Vinhos, espumantes, azeites, bacalhau e frutas secas são alguns produtos apreciados na hora de montar a ceia natalina. Além da ligação direta com o Natal, eles têm outros fatos em comum, como o de serem, em sua maioria, importados e sujeitos às variações do dólar comercial. Com a moeda americana atingindo o seu maior patamar histórico desde a criação do real - chegando a R$ 4,207 nesta segunda-feira (18) -, a ceia deve ficar mais salgada em 2019.
Faltando pouco mais de um mês para a noite de confraternização chegar, o preço do dólar disparou e os brasileiros sentirão o impacto dessa variação diretamente no bolso. Quem vai celebrar a data precisará aumentar o orçamento ou reduzir o volume de compras para montar a ceia.
Quando o comerciante vai comprar um produto de outro país ele paga em dólar. Essa relação entre a cotação da moeda brasileira e a moeda americana é que faz o produto variar de preço. O valor em dólar continua o mesmo, porém, hoje, na conversão para o real o produto ficou mais caro. Como os produtos de Natal muitas vezes são importados esse câmbio afeta o preço com que chega ao consumidor, explica o assessor da Valor Investimentos Felipe Sathle.
Para ilustrar, pode-se usar uma garrafa de vinho como exemplo. Digamos que tal garrafa seja vendida por US$5. Se em janeiro, com o dólar a R$ 3,88, ela valia R$ 19,40, nesta segunda-feira (18), com a moeda americana valendo R$ 4,207, a mesma garrafa seria importada por R$ 21,05 - sem considerar as tarifas de importação.
A doutora em Economia e professora da Fucape Arilda Teixeira explica que a valorização do dólar não afeta apenas os produtos importados. Segundo a especialista, quando a taxa de câmbio sobe todos os produtos cotados em dólares tem seu preço em reais aumentado.
Isso ocorre com o petróleo, o café, a soja e outros itens que país produz e exporta. É um efeito em cadeia. Além disso, há ainda uma demanda sazonal pelos produtos que compõem a ceia natalina, o que faz o preço subir ainda mais, comenta Arilda.
Em momentos em que o dólar está em alta, o produtor que tem possibilidade de exportar prefere vender para o mercado externo. Isso ocorre porque se tornou mais vantajoso exportar do que vender para o mercado interno.
Os produtores dão prioridade para ganhar mais e por isso visam à exportação, o que gera uma redução da oferta de produtos dentro do país. Dessa forma, naturalmente, se você reduz a oferta, o preço o preço sobe, aponta Mauriciano Cavalcante, gerente de câmbio da Ourominas.
O presidente da Associação Capixaba de Supermercados (ACAPS), João Tarcísio Falqueto, comenta que já falta alguns cortes de carnes bovina e suína nos açougues por causa do aumento da moeda americana.
"Os produtores estão preferindo exportar o que causa a alta no mercado interno. Além disso, os vinhos, castanhas, azeite e bacalhau são deixados para comprar mais próximo da data, com isso o preço já vem mais salgado para o consumidor", comenta.
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