Com a inflação sem dar trégua e a economia em recessão técnica, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por uma nova alta de 1,50 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros) nesta quarta-feira (2). A taxa subiu de 9,25% para 10,75% ao ano, conforme já havia indicado o Copom na última reunião, em dezembro.
Foi o oitavo movimento consecutivo dos juros, após o BC cortar a taxa básica à mínima histórica (2%) em meio à pandemia de Covid-19. Nas seis reuniões anteriores, o BC havia subido a taxa em 0,75 ponto porcentual em três ocasiões, em 1 ponto nos encontros de agosto e setembro, e em 1,5 ponto em outubro, dezembro e agora.
A taxa está, portanto, no maior nível do governo Jair Bolsonaro. Quando o presidente chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%.
A Selic é a taxa de juros básica do Brasil, ou seja, é a referência usada para o pagamento da dívida pública pelo governo. Ela também influencia as demais taxas de juros dos bancos e altera a rentabilidade de algumas aplicações financeiras como a poupança e outros investimentos mais conservadores.
A taxa é usada pelo Banco Central como ferramenta para controlar a inflação, já que a alta ou a queda dos juros influencia o consumo das famílias e a tomada de crédito no país.
Em linhas gerais, quando a inflação está alta, aumentam-se os juros para reduzir o consumo e forçar uma queda nos preços. Quando a inflação está muito baixa, o Banco Central reduz a Selic para estimular o consumo.
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
O Copom considerou que, no cenário externo, o ambiente segue menos favorável e, em relação à atividade econômica brasileira, indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os relativos ao mercado de trabalho.
As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 5,4% e 3,5%, respectivamente.
Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avaliou que a incerteza em relação a área fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência.
O Comitê entendeu que essa decisão "reflete o cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o anos-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".
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