O mercado de atacarejos, tipo de mercado que combina vendas em atacado e varejo, tem "crescido a passos largos" no Espírito Santo. Nos últimos anos, várias lojas deste tipo abriram na Grande Vitória e grandes redes de supermercados criaram novas marcas para apostar no segmento que tem concentrado a maior parte dos investimentos recentes do setor supermercadista. Para 2020, pelo menos cinco novas unidades estão previstas.
Na avaliação do superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, esse modelo emplacou entre os consumidores pois atinge quem prefere abrir mão de alguns serviços mais personalizados, oferecidos por supermercados tradicionais, por preços mais baratos. "O mercado vai evoluindo para atender todo o cliente da melhor forma", diz.
Segundo Schneider, o modelo de atacarejo começou a se popularizar há cerca de cinco anos. "O atacado tradicional vendia em grandes quantidades para o pequeno varejista - e esse modelo ainda existe - já o atacarejo veio para atender não só esse público, mas também as pessoas físicas que precisam comprar em quantidades maiores, como grandes famílias, por exemplo", diz.
O otimismo em relação ao crescimento da economia brasileira tem encorajado novos empreendimentos no Estado. O Grupo Carone, por exemplo, que detém a marca de atacarejo Sempre Tem, pretende inaugurar uma unidade desse modelo em Linhares, no Norte do Estado, no segundo semestre de 2020. Outra pode ser construída em Vila Velha, próximo ao Terminal de Vila Velha. Já existe um Sempre Tem na Serra e outro em Guarapari.
Essas duas cidades devem ganhar mais atacarejos em breve. O Grupo Coutinho, que além do Extrabom e Extraplus detém a marca Atacado Vem, deve abrir mais duas unidades deste último. Uma será instalada em José de Anchieta, na Serra, com previsão de inauguração até o fim de fevereiro. Já a unidade de Guarapari, no bairro Muquiçaba, será aberta no terceiro trimestre deste ano.
Nesta semana, o Sindicato dos Comérciários informou que o Grupo Epa vai investir em mais duas unidades do Mineirão Atacarejo na Grande Vitória, onde já possui uma loja em Jardim Camburi. As unidades substituirão as do Makro, que fechou as portas nesta quarta-feira (15) em Vila Velha e na Serra. Já as lojas do grupo mineiro, ainda segundo a entidade, devem começar a operar em dois meses.
O Espírito Santo segue uma tendência nacional. Em maio do ano passado, o Walmart anunciou que iria converter 20 hipermercados no Brasil em atacarejos. A mudança deve acontecer até o fim deste ano.
Para o economista Eduardo Araújo, o fato de a população ter passado recentemente por um período de crise, fez com que as pessoas buscassem opções de consumo mais baratas.
"Para famílias que têm faixa de renda mais baixa, naturalmente, as despesas de alimentação têm peso grande no orçamento. As empresas acabaram enxergando ganhos tanto com as mudanças de comportamento do consumidor por conta da crise, como também a possibilidade de melhores negociações com fornecedores", avalia.
No Estado, os empresários do ramo supermercadista têm grandes planos para 2020. Segundo a Acaps há, no total, 14 projetos de notas lojas para o Espírito Santo. "O avanço do atacarejo não significa que os supermercados vão ficar para trás. Haverá transformação de modelos e formatos, é uma evolução", diz Schneider.
Araújo acredita que, com os juros baixos e a inflação controlada, há a expectativa de crescimento na geração de empregos e, com isso, o aumento no poder aquisitivo das pessoas, impulsionando o consumo. Parte desse efeito já foi sentido no fim de 2019: o consumo das famílias sustentou a alta do PIB no terceiro trimestre do ano passado. "Quando olhamos para o segmento de comércio e varejo, ele é que tem tido o melhor desempenho na comparação com o setor de serviços e a indústria", ressalta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta