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Combustível adulterado: veja quais os postos foram alvos de operação no ES

Combustível adulterado: veja quais os postos foram alvos de operação no ES

Estabelecimentos ficam principalmente em Cariacica e Vila Velha; a suspeita é que esquema fosse coordenado por miliciano do Rio de Janeiro

Publicado em 12 de abril de 2022 às 15:28

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Posto Jupiter, na Rodovia do Solo, em Vila Velha, foi um dos alvos da operação
Posto Júpiter, na Rodovia do Sol, em Vila Velha, foi um dos alvos da operação . (Ricardo Medeiros)
Errata Correção
13 de abril de 2022 às 15:21

Anteriormente, o título da reportagem afirmava que os postos foram fechados. No entanto, apesar da decisão judicial pela interdição, os estabelecimentos ainda não foram lacrados. Leia a reportagem. 

Oito postos de combustíveis da Grande Vitória foram alvos da Operação Naftalina, deflagrada na manhã desta terça-feira (12) pela Polícia Federal. A Justiça determinou a interdição desses estabelecimentos, porém eles ainda não tiveram as bombas lacradas.

As investigações apontam que o esquema criminoso - que seria comandado por um homem preso suspeito de ser miliciano do Rio de Janeiro -  adulterava e vendia gasolina nessas unidades, localizadas principalmente em Cariacica e Vila Velha.

Veja o nome dos estabelecimentos:

A Gazeta tenta contato com os oito postos de gasolina interditados. Assim que houver retorno, essa matéria será atualizada.

Segundo as investigações, a organização criminosa adquiria cargas de nafta solvente e álcool hidratado em outros Estados e as desviavam para a Grande Vitória. Em solo capixaba, o material era levado até um pátio clandestino em Vila Velha, onde os dois materiais eram misturados e a eles era adicionado um corante para dar coloração de gasolina.

As primeiras ações da operação ocorreram após uma série de abordagens a veículos-tanque realizadas pela PRF, que percebeu irregularidades nas notas fiscais desses produtos. A Operação Naftalina teve esse nome escolhido em alusão à mistura fraudulenta de combustível realizada pelos criminosos com a utilização da nafta solvente, uma naftalina, um composto proveniente do petróleo.

O  Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Espírito Santo (Sindipostos) afirmou em nota que "repudia toda e qualquer prática que não esteja em conformidade com as regras do setor, mas respeitando o direito de defesa dos envolvidos."

A entidade parabenizou, ainda, o trabalho das autoridades policiais e afirmou que o mercado de postos de combustíveis do Estado é composto de mais de 700 estabelecimentos.

"O Espírito Santo tem, historicamente, segundo o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis da ANP, um dos melhores índices de qualidade do Brasil. Os fatos que estão sendo investigados são pontuais e, como se viu, praticados por novos entrantes oriundos de outros Estados. Ou seja, não representa a realidade do nosso mercado", diz a nota.

MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA E LUCROS

Segundo a Polícia Federal, os caminhões e postos de combustíveis usados na fraude estão em nomes de laranjas e foram adquiridos com dinheiro obtido através de outros crimes e pelo próprio desenvolvimento da atividade criminosa atual.

A investigação aponta que a organização criminosa desviou quase 1,4 milhão de litros de nafta solvente e cerca de 371,2 mil litros de álcool hidratado. Assim, o litro da “gasolina adulterada”, diluída por esses componentes, custava R$ 3,15 aos criminosos.

Considerando os valores atualmente praticados no mercado, com o litro de gasolina sendo vendido em média por R$ 7, estima-se que os criminosos chegavam a lucrar mais de 100% com o esquema investigado. Com base nisso, estima-se que o grupo tenha lucrado mais de R$ 6 milhões com a atividade ilegal.

Operação da PF e PRF mira adulteração de combustíveis no ES(Polícia Federal)

O QUE DIZ UMA DAS BANDEIRAS DOS POSTOS

A Vibra (antiga BR Distribuidora), uma das bandeiras dos postos de combustível alvo da operação, enviou nota informando que tomou conhecimento dos fatos e solicitará ao revendedor esclarecimentos como parte do processo interno de investigação conduzido por sua área de compliance. Veja a nota na íntegra

A Vibra informa que tomou conhecimento dos fatos e solicitará ao revendedor esclarecimentos como parte do processo interno de investigação conduzido por sua área de compliance. É importante ressaltar que como líder de mercado e presente em todo o território nacional, a Vibra é reconhecida pelo empenho nos esforços para a moralização e saneamento do mercado de distribuição de combustíveis, com iniciativas próprias ou juntamente com demais empresas reunidas no Instituto Combustível Legal (ICL) e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). Os prejuízos causados por sonegação de impostos, adulteração de combustíveis, contrabando, roubo de cargas e outros crimes alcançam vultosas cifras e afetam não só as empresas do segmento e a arrecadação de estados e municípios, mas a sociedade como um todo. Ao longo dos últimos anos, a Vibra vem fazendo um radical corte de postos de sua rede após detecção de diversos tipos de irregularidades, resultando em menos 800 revendedores. A Vibra reforça o compromisso com as melhores práticas de compliance e a utilização dos mecanismos que emprega para coibir desvios dessa natureza, sempre com o comprometimento de comunicar às autoridades indícios da ocorrência de crime para a devida proteção do público consumidor.

MILICIANO ENVOLVIDO NO ESQUEMA

Um miliciano do Rio de Janeiro é apontado como o líder do esquema criminoso. Denílson Silva Pessanha já está preso e, segundo as investigações, utilizava outras pessoas (laranjas) para ocultar patrimônios ganhos com os crimes e os reais operadores das fraudes. 

Ainda de acordo com a investigação, o criminoso investia a maior parte dos lucros obtidos no esquema em outras atividades ligadas à milícia no Rio de Janeiro.

Os envolvidos no esquema podem responder pelos crimes de organização criminosa, receptações qualificadas, adulterações de combustíveis e revendas em desacordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), crimes contra o consumidor, crime ambiental, crimes de falso e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a mais de 41 anos de condenação.

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