O Espírito Santo foi uma das unidades da federação com menor prejuízo no setor varejista durante o mês de março, segundo estimativa dos dados do IGet - índice de vendas do comércio varejista do Banco Santander. Na comparação mensal de março com fevereiro deste ano, o Estado foi o segundo com menor queda no varejo (-8,8%). Na comparação anual com os 12 meses imediatamente anteriores, foi o quarto com menor perda (-10, 7%).
A estimativa do IGet é que a retração brasileira tenha sido 16,4%, em relação a fevereiro, e de 18,8% ,na comparação anual. O índice mede o desempenho do comércio por meio do volume de transações de estabelecimentos que utilizam as máquinas de cartões Getnet.
O mês analisado foi marcado pelo início da implementação das políticas de isolamento social no país, concentradas sobretudo nos últimos dez dias. Essa medida foi tomada para minimizar a contaminação entre as pessoas, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde, e o colapso do sistema de saúde de estados e municípios.
“O Espírito Santo tem trabalhado sua economia, já faz um bom tempo, de forma mais acertada. Tem questões fiscais melhores. Então, isso faz muita diferença quando se enfrenta um momento de adversidade, pois se consegue reagir melhor. Essa postura se reflete também nas pessoas, em uma sociedade mais esclarecida. Forma-se um círculo vicioso positivo. Coincidentemente ou não, o Estado é um dos que mais tem conseguido controlar a Covid-19 entre seus pares do Sudeste, assim como o Acre, em relação à região Norte, e Sergipe, quando comparado ao restante do Nordeste.", avaliou o consultor financeiro Luiz Gustavo Medina, comentarista da Rádio CBN, sobre outros estados bem colocados na pesquisa.
Entre os setores do varejo restrito nacional, o indicador aponta supermercados e artigos farmacêuticos com as menores reduções na atividade, com queda de 4,3% e de 8,4%, em março sobre fevereiro, respectivamente. As maiores quedas registradas foram em vestuário (-39,5%) e móveis e eletrodomésticos (-39%), considerando a mesma base de comparação.
De acordo com a diretora executiva da C3 Comunicação, Carol Dardengo, com experiência de 19 anos no mercado varejista, alguns segmentos como os de supermercadistas e farmácias tiveram aumento nas compras por seus canais de e-commerce, WhatsApp e telefone. Esse segmentos agora têm a oportunidade de aperfeiçoarem, na prática, uma melhor experiência para seus consumidores omnichannel. No entanto, para outros setores como de móveis e eletrodomésticos, ficou mais complicado, já que o consumo está mais racional e restrito a itens básicos, em contraponto a bens duráveis.
“Por isso, a sugestão que damos para o enfrentamento à crise é entender como primordial a necessidade de investimento na implementação de sistemas integrados a ferramentas de gestão de dados para renovar sua base de prospecção e, assim, conseguir ampliar sua cobertura, sua frequência e, principalmente, seu campo de contato com seu público”, afirma Carol.
De acordo com o CEO da holding de comunicação Beta Rede, Rimaldo de Sá, os negócios terão que se reinventar e acelerar as adaptações digitais. Entre as medidas que deverão ser tomadas, segundo ele, estão a adaptação de canais de vendas (e-commerce, compras no digital e delivery, compras no digital take and go, drive-thru para buscas, agendamentos e atendimentos on-line); foco em diferenciais como disponibilidade (como atendimento 24h) e rapidez nas entregas; e implementação de ofertas e novas formas de pagamento (como carências e prazos de pagamentos longos e preços muito em conta).
“Algumas empresas se adaptaram, outras aceleraram e outras se reinventaram. Quem não se mexeu acreditando na volta à normalidade ficará pelo caminho. A médio prazo, a perspectiva é de novos modelos de negócios, novas rotinas, reforço de trabalho digital e qualificação das equipes de vendas como consultores”, afirma o CEO.
Rimaldo acrescenta que, a longo prazo, haverá um período de retomada, com novos hábitos de consumo, demanda reprimida em alguns setores e consumo como autoindulgência, com uma posterior revisão de hábitos de compra. “Novas linhas de créditos e juros baixos podem reaquecer o mercado, porém será necessário um alinhamento aos novos hábitos do consumidor pós-pandemia”, completa.
Nessa visão de médio e longo prazo, a diretora executiva da C3 Comunicação acredita que o comportamento atual dará parâmetro para uma nova ordem de consumo, com muita responsabilidade e cuidado. “Estamos tentando nos adaptar à velocidade da informação e às adversidades que surgem. O que achamos super válido são os aprendizados que ficam e as oportunidades que temos com as crises. Quantas pessoas estão hoje experimentando o universo de consumo por meio digital de uma forma mais intensa, pela necessidade ou pela “imposição” da quarentena? Óbvio que isso se refletirá a médio e longo prazo. Boa parte da 'reinvenção’ em um mercado como nosso geralmente vem na necessidade”, ressalta.
Nesta quinta-feira (07), o site A Gazeta vai realizar uma live em seu Instagram, a partir das 14h, sobre o mercado varejista e o Dia das Mães. O jornalista Giordany Bozzato irá conversar com o consultor da Associação Comercial e Empresarial do Espírito Santo (ACE-ES), Welwson Coutinho.
A live vai mostrar como a pandemia da Covid-19 impactou o varejo, como as empresas estão lidando com a crise e as perspectivas de micro, pequeno e médio prazos para o setor. A conversa também irá abordar como as empresas se reinventaram para aproveitar comercialmente o Dia das Mães e como os capixabas estão se preparando para celebrar esta data. Serão dadas ainda dicas de mercado para empreendedores.
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