Gostoso, barato e fácil de achar. Em bairros de classe média alta de Vitória, alguns pontos de venda de comida têm caído no gosto dos moradores. São empreendedores ambulantes que têm ganhado espaço e conquistado clientes por dois fatores: qualidade e preço acessível.
Não é difícil ver filas cada vez maiores nesses locais, que vendem de opções de café da manhã a marmitas de almoço. Numa rápida volta pela Capital, a reportagem encontrou vendedores de comida à preços populares em bairros como Santa Helena, Jardim da Penha e Enseada do Suá.
Para esses empreendedores, estar ali têm um importante valor social. É o que pensa, por exemplo, a Josivalda Ferreira dos Santos, que há 12 anos estaciona sua bicicleta na frente ao Palácio do Café, na Enseada do Suá, e vende opções para café da manhã.
Motivada pelo desejo de estar mais presente na vida dos quatro filhos, a microempreendedora trabalha de segunda a sexta, de 6h30 às 8h40. Entre os produtos, põe à venda bolos, pães, achocolatado, pizza e salgados, mas o carro-chefe é o café.
Às 8h20, próximo do horário de encerramento de suas atividades, as três garrafas de dois litros de café que ela leva diariamente já estão vazias. Josivalda explica que a maioria dos clientes é funcionário dos prédios e estabelecimentos das redondezas. Ela conta que tem uma boa saída de vendas.
Na maior parte das vezes, a venda é rápida — alguns saltam do ônibus no ponto que fica logo ao lado e compram o café que ela vende a um real para viagem. O preço mais em conta rendeu à Josivalda clientes fiéis.
"Tem gente que já trabalhou por aqui, foi para outro lugar e vem de carro, passa, para, compra, depois segue viagem de novo. Tem um pessoal que todo dia está aqui sentado de manhã, toma café, bate-papo. Virou um ponto de encontro. A gente fez até um grupo de amigos já no WhatsApp, a gente conversa, brinca".
Foi neste ponto que ela conseguiu conquistar a flexibilidade de trabalhar com uma renda extra e participar da criação dos filhos. Mas, para ela, estar ali representa mais do que só empreender.
O trabalho, inclusive, a ajudou a lidar com a morte do marido, há três anos. "Quando eu perdi meu esposo, foi isso aqui que me ajudou. Foi vir pra cá, essas amizades que a gente fez, o bate-papo, as meninas que entravam em contato comigo. Isso me ajudou muito. Foi a melhor experiência que eu tive”, disse.
O principal, para Josivalda, é o impacto dela naquele local para o público que ela atende. Nas padarias próximas, o café custa R$ 3,50. "O pessoal chega aqui de manhã e sabe que vai encontrar um café com preço mais acessível. E não é só questão de preço, é a qualidade. Todo mundo gosta também das coisas que eu faço. Isso é muito bom. Aqui, eu me sinto útil”, completa.
Patrique Ferreira de Souza também decidiu empreender nas ruas, mas no ramo de almoço. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, está há quatro anos em Vitória e vende marmitas de churrasco numa rua do bairro Santa Helena por R$ 10.
Ele trabalha de segunda a sexta, assim como Josivalda, mas no horário de 10h às 13h40 ou até durar o estoque. Patrique relata já ter tido dias em que o movimento foi tanto que as marmitas acabaram meio-dia.
O crescimento do negócio foi tão rápido que ele já tem seis funcionários e há dois meses abriu uma filial em Jardim da Penha para a venda de marmitas de arroz, macarrão e filé de frango grelhado. Até o final de 2023, Patrique pretende ter 10 pontos instalados e uma equipe de 25 pessoas.
Como começou a empreender em março de 2021, com as pessoas retornando do isolamento social, o preço em conta foi um fator importante para conquistar o público. “Muita gente já com a situação financeira mais puxada, com a necessidade de fazer uma economia no seu ciclo financeiro mensal, viu a oportunidade de almoçar de forma mais em conta”, afirmou.
Quem confirma o que Patrique diz são Eduardo e Regino Souza, dois dos clientes fiéis do empreendedor. Eles começaram a consumir as marmitas no ano passado, quando trabalhavam na região.
Desde então, continuam vindo, de segunda a sexta, para garantir o almoço no ponto de venda pelo preço e pela qualidade. "Nos outros lugares é tudo mais caro, então a gente fica sempre por aqui e depois volta para o serviço", afirma Regino.
* Beatriz Heleodoro é aluna do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Este conteúdo teve a supervisão dos editores Mikaella Campos e Geraldo Campos Jr.
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