Algumas pessoas acreditam que a configuração do polêmico “assédio moral” depende da intenção de quem pratica ou de alguma interpretação do outro. Mas, segundo Andréa Salsa, comentarista do quadro Vida Profissional, da CBN Vitória, o crime é previsto de forma clara: “É uma conduta abusiva em decorrência de uma relação de trabalho que resulta vexame, humilhação ou constrangimento, de uma ou mais pessoas, com a finalidade de obter o engajamento subjetivo de todo o grupo às políticas e metas das empresas”.
Em entrevista ao jornalista Mário Bonella, a especialista explicou como identificar, combater e se proteger do assédio moral, seja na empresa onde a pessoa trabalha ou na carreira.
O primeiro ponto, segundo ela, é entender que a conduta de assédio não tem relação com intencionalidade ou não de quem pratica. Ou seja, não importa que o assediador alegue“ah, mas não era minha intenção”. “Se a pessoa se sente nessa condição e, para quem assiste às cenas, fica claro, isso é assédio moral. E, no fundo, o assediador sempre desconfia que está assediando”, disse.
Segundo a comentarista, há poucos anos, ainda existia uma “cultura” do assédio no ambiente de trabalho, quando as pessoas enxergavam isso como um comportamento normal. “E muitos assediadores têm percebido historicamente que este não é mais o caminho ideal. Mas eles aprenderam a trabalhar numa lógica do assédio também, principalmente profissionais mais maduros, normalmente na faixa dos 40, 50 e 60 anos”, explicou.
Apesar de nem sempre ser tão fácil identificar um caso de assédio, há sinais que deixam a situação mais evidente. Confira exemplos:
Para evitar situações desagradáveis, Andréa Salsa sugere observar se uma brincadeira ofende moralmente o outro. “Essa parte é subjetiva, varia de pessoa para pessoa, mas se ofende, não deve ser repetido”, explicou.
Em entrevista à CBN Vitória, Andréa Salsa também trouxe o dado de que, no primeiro semestre do ano passado, as denúncias no Tribunal Superior do Trabalho chegaram à marca de 31 mil casos de assédio moral e/ou sexual, o que corresponde ao triplo dos casos registrados em 2019 e 2020.
Para a comentarista, não necessariamente houve um aumento no número de casos de assédio. Ela acredita que as pessoas estejam tomando coragem de denunciar. “E os assediadores, se não mudarem de postura pelo respeito às pessoas, que mudem por inteligência, já que as pessoas estão tolerando menos esse tipo de coisa. E hoje tudo se filma ou grava, fica mais fácil provar. Há aspectos de ordem objetiva e inquestionáveis que podem configurar essa situação”, afirmou.
Será que há algo que a vítima possa fazer para evitar a repetição das situações vexatórias no emprego? Para Andréa Salsa, o segredo está em impor limites.
Mesmo para os casos de assédio velado, Andréa Salsa sugeriu que o primeiro passo é a imposição de limites. Um deles, pode ser deixar de rir de coisas que não agradam. “Isso acaba sendo um belo sinal. Os mais sensíveis conseguem percebê-lo. Outra opção é se retirar caso se sinta ofendido”, finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta