Com a pandemia do novo coronavírus, a ceia de Natal deste ano deve ser um pouco diferente das demais. Além das orientações para evitar aglomerações durante as comemorações, o preço de muitos alimentos tradicionais da época tem aumentado nos últimos meses.
Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os principais itens da cesta natalina chegaram a encarecer 15,36% no país entre dezembro de 2019 e novembro deste ano quase quatro vezes a inflação média acumulada no período (4,63%).
O estudo não considerou as carnes de peru e chester, mas destacou, entre os itens com sobrepreço, o frango (14,51%), lombo suíno (20,14%) e o pernil (30,55%). O bacalhau, que já tem um preço elevado normalmente, ficou 10% mais caro. O azeite, 9,72%. O arroz com ou sem passas subiu 62,08%.Já o vinho encareceu 3,94%.
Diante deste cenário, chefs e economista deram dicas para preparar uma ceia de Natal saborosa, mas que seja econômica e pese menos no bolso. Eles mostram que com pouco dinheiro é possível celebrar.
Mas, antes de qualquer outro passo, é importante ter um planejamento. Os especialistas orientam para que os consumidores estabeleçam um cardápio, e quantas pessoas vão participar da refeição. Vale lembrar que a orientação das autoridades da área da saúde é para que as famílias evitem grandes reuniões.
Independente disso, as pessoas tendem a comemorar de alguma forma. E tudo depende da renda da família, no final. Mas, em um momento de vacas magras, é possível fazer ajustes. Um deles é a divisão de despesas. Se você vai chamar os filhos, por exemplo, peça para que cada um leve alguma coisa. Assim não fica pesado para ninguém, observou o economista Mário Vasconcelos.
Ele destaca que não vale se endividar para fazer uma refeição muito elaborada, que será consumida em poucas horas, mas aparecerá na fatura do cartão de crédito por vários meses.
Nesse sentido, o economista orienta a fugir dos produtos importados, que normalmente compõe a mesa nesta época de comemorações. O dólar, afinal, tem estado em patamar elevado, e isso impacta diretamente no preço dos alimentos.
A chef Ariela Brasil, do Marilda Brasil e do Manjar Ateliê Café, em Linhares, observa que, com a alta dos alimentos que atinge também muitos produtos de origem nacional , o ideal é apostar nas substituições.
Na salada, invista em folhas e raízes, e deixe o chester ou o peito de peru defumado de lado. Se for incluir proteína, opte pelo frango desfiado.
Em relação às frutas, a preferência deve ser pelas nacionais, e, especialmente, as frutas da temporada, como manga e abacaxi, que tendem a estar com preço mais barato. Além de poderem ser consumidas in natura, também podem servir de base para sucos e sobremesas.
Ao escolher acompanhamentos, opte por aqueles que rendem mais, como as massas, que podem acompanhar molhos diversos.
As opções de carnes e aves variam. O peru assado pode ser substituído por frango chester, ou mesmo por frango comum. Também vale a pena preparar carnes assadas, como lagarto, ou acém, para complementar.
A chef Cleuza Costa, do Quintal 84, em Vila Velha, lembra que as carnes suínas como lombo, pernil, também têm preço mais barato, se comparadas às demais opções, e podem ser preparadas de formas diversas.
"Neste ano, particularmente, até uma ceia vegetariana está mais cara. É hora de dar uma respirada e buscar produtos com um preço um pouquinho melhor. Ao invés de usar tâmara ou damascos, por exemplo, coloque a famosa uva passa. Deixe as amêndoas e substitua por castanha do Pará, por exemplo, uma coisa mais brasileira.
Segundo Cleuza, é hora de fugir de produtos como cerejas e outras frutas vermelhas, amêndoas e castanhas, que não são tradicionais do país, e investir no que é produzido por aqui.
A mesma lógica vale para as bebidas. Neste caso, porém, as opções variam de acordo com o gosto de quem vai participar. Vale apostar em sucos de frutas da estação, por exemplo, mas, se a opção é por bebidas alcóolicas, o ideal é procurar por alternativas mais baratas. Nada de vinho importado, por exemplo, se as condições não permitem. Há, inclusive, opções que vêm em garrafões para compartilhar com a família, e saem por um preço mais barato.
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