O avanço do coronavírus (covid-19) somado à "guerra do petróleo" entre a Arábia Saudita e a Rússia fez a Bolsa voltar para o patamar dos 80 mil pontos nesta semana. A incerteza paira no mundo e não se sabe como os mercados vão continuar se comportando ao longo dos próximos dias. Neste momento de turbulência, como proteger o seu dinheiro?
A Selic, taxa básica de juros, vinha de sucessivos cortes para estimular o investimento na economia brasileira, chegando a 4,25% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Já a poupança estava rendendo menos do que a inflação projetada para este ano (4%). Com isso, o investimento em renda fixa se tornou menos interessante e partir para o mercado de ações acabou se mostrando mais vantajoso para quem queria algum retorno.
No ano passado 1,5 milhão de pessoas investiram na Bolsa. Porém, com as revira-voltas das últimas semanas, a renda variável virou motivo de preocupação para quem alocou seus recursos lá.
O professor de economia e finanças da Multivix Jonair Pereira da Costa explica que neste momento o mais prudente é deixar o dinheiro em renda fixa. O investimento em ações não é recomendável, a menos que você seja um investidor arrojado, que aceite tomar risco, e que não ponha todo o seu patrimônio nele.
"Se tem momento de crise, é melhor ir para renda fixa. Ele não está propício para a renda variável. É hora de pisar no freio e deixar o mercado dar uma clareza maior do que vai acontecer no cenário internacional. As ações são uma aposta muito alta e apenas para quem tem um perfil mais arrojado para correr esse risco", aponta.
Flávio Figueiredo, que é assessor de investimentos da Valor Investimentos, lembra que é possível aproveitar o momento para investir na Bolsa, porém, o mais importante é ter uma carteira diversificada, ou seja, não deixar todo o seu dinheiro em renda fixa (como CDI e Tesouro Direto) ou em renda variável (como ações e fundos imobiliários).
A compra de ações no período de baixa da bolsa vai depender muito do seu perfil de investidor e quanto tempo você pode deixar o dinheiro investido. Antes de tudo é preciso ter como alvo um objetivo de longo prazo, já que a curto a volatilidade não vai compensar.
"Temos visto empresas que devido a essa onda de pessimismo na Bolsa tiveram queda nas suas ações. Nesses casos o desempenho não tem relação direta com o petróleo e o coronavírus. Há como selecionar essas boas empresas que não vão ser impactadas por esses fatores e vão recuperar valor de mercado. Isso não quer dizer que é para comprar qualquer empresa de olho fechado só porque ela caiu de preço", aponta Flávio.
A CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial, Dora Ramos, lembra que a moderação é fundamental antes de tomar qualquer decisão. Ainda de acordo com ela, mesmo se a pessoa for muito arrojada é preciso que ela saiba analisar o cenário antes de decidir se vai comprar ou não uma determinada ação.
Para Dora Ramos, CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial, é preciso avaliar o custo. As operações de compra e venda de ações envolvem custo e, além disso, é preciso tomar a decisão com calma. "O investidor deve fazer uma análise mais profunda e contar com a ajuda de um assessor financeiro para avaliar qual o caminho que ele pode tomar para proteger os eu patrimônio", aponta.
Já Flávio orienta que quem já tem dinheiro investido em Bolsa e viu o patrimônio depreciar precisa analisar primeiramente qual o percentual da sua carteira que eles compõem. "É importante ter em mente se você faz o dever de casa e diversificou para não ter muita exposição do seu dinheiro", aponta.
Ainda segundo ele, agora não é o momento de sair vendendo. Existem várias noticias que podem surgir ao londo dos dias revertendo o quadro de baixa da cotação da bolsa. Se as suas perdas estão dentro do percentual de recursos que você pode dispor é preciso manter a calma e aguardar o cenário melhorar. Também é preciso entender o que significa esse momento atual de aumento no número de caso de coronavírus e de queda no preço de petróleo.
"Com base nessas informações você pode avaliar se na sua carteira há empresas com exposição aos riscos do petróleo ou do coronavírus. Depois dividi-las entre as que podem vir a ter uma perda permanente em função desses fatos ou apenas uma perda temporária recuperando a demanda que foi reprimida e valorizando. Isso foi o que aconteceu com todas as outras crises com quando houve uma epidemia", explica.
Fávio Figueiredo explica que acertar cambio é sempre muito difícil, mas ter um pouco de dólar (ou outra moeda forte/ouro) na carteira de investimentos é sempre importante. "A renda fixa deve ser usada como um colchão de proteção, principalmente par reserva de emergência", diz.
Já com relação a comprar de dólares ele lembra que atualmente a moeda americana está valorizada porque a economia dos EUA esta se reaquecendo, enquanto a da China começa a dar sinais de desaceleração, entre vários outros fatores. "No Brasil algumas reformas que o país quer fazer e as intervenções do Banco Central têm por objetivo valorizar o real, mas o dólar não deve ficar abaixo de R$ 4 tão cedo. Não sei se comprar dólar seria a melhor opção a não ser para um objetivo específico como uma viagem", conta.
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