A Flexibrás, controlada pelo grupo franco-americano TechnipFMC, pode utilizar o local onde ocupa no Porto de Vitória para outras atividades ou dar lugar a outra empresa também do ramo de petróleo e gás. É o que acreditam especialistas do setor petrolífero ouvidos pela reportagem. A companhia anunciou nesta quarta-feira (5) que vai encerrar, em dezembro deste ano, a produção de tubos flexíveis no Espírito Santo. A informação foi divulgada com exclusividade pela colunista de A Gazeta, Beatriz Seixas.
O presidente da RedePetro, Leonardo Veloso, lembra que a decisão de não operar mais na área da Codesa não foi inesperada e que a multinacional já dava sinais de desaceleração na produção de dutos flexíveis, com investimentos cada vez mais focados em tubos rígidos. A companhia já vinha, segundo ele, há algum tempo estruturando suas operações em Açu, no Rio de Janeiro.
A Technip é uma prestadora de serviços do setor de petróleo e gás e que tem contratos bilionários no segmento. Para a RedePetro, a retirada da unidade do Estado é uma discussão muito ruim, pois vai tirar um pouco o contato das empresas prestadores de serviços com a companhia. Algumas prestavam serviços no Estado e em Açu e podem perder essa conectividade. Torcemos para que outras atividades da empresa sejam instaladas na área para tornar o local mais produtivo, afirma Veloso.
O executivo lembra que outra empresa, a Prysmian, que funciona em Vila Velha em frente à Technip, também fabrica os tubos rígidos, e pode ser uma candidata a ocupar o local.
Se analisarmos perdas e ganhos, deve ficar elas por elas, pois o Estado vai continuar a recolher impostos referentes à atividade. Acredito que a maior perda esteja relacionada com a cultura da empresa francesa, que tem um formato interessante para o mundo. A Technip não perdeu a concessão, eles vão deixar de produzir aqui, mas podem utilizar a área de outra forma, como movimentação de cargas, analisa.
Veloso afirma que a localização da empresa, no Centro de Vitória, prejudica um pouco as atividades, pois não há área de manobra e carretas não podem entrar e sair do porto em qualquer horário.
O presidente da Energy Platform (EnP), Márcio Félix, concorda que o espaço utilizado pela Technip ficou limitado na Ilha do Príncipe. Assim como o presidente da RedePetro, ele avalia que empresas, que hoje são concorrentes da multinacional, tendem a se instalar após a saída da fábrica, como é o caso da Prysmian.
A empresa está localizada dentro de uma área urbana. A tendência é que esse tipo de companhia busque áreas maiores que estejam de acordo com suas atividades. No ES, a multinacional não tinha mais como crescer, por conta do espaço. A eventual retirada da Flexibrás vai ser logo suprida pela chegada de outras companhias concorrentes. Novas oportunidades poderão surgir no local, ressalta.
A unidade da Flexibras, controlada pela TechnipFMC, gera mais de 1.000 empregos diretos. E para o diretor da DVF Consultoria, Durval Vieira, os postos de trabalho que poderão ser desocupados é o que mais preocupa o segmento.
São pessoas altamente treinadas e qualificadas. É bom lembrar que, para cada emprego direto, a empresa gera de 5 a 8 outros postos de trabalho na cadeia. Será algo bastante impactante. Além disso, tem toda uma tecnologia que ela leva, pois é uma fábrica de itens essenciais para a produção de petróleo e gás. Com a duplicação da produção de petróleo até 2030, seria muito positivo para nós que ela estivesse por aqui, avalia.
O presidente da RedePetro, Leonardo Veloso, destacou que alguns funcionários já foram dispensados e que outros aderiram ao programa de demissão voluntária. "Muitos também já estavam sendo transferidos para Açu", diz.
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