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Consumo no ES cai para o nível de 2010 e alta é desafio na retomada

Consumo no ES cai para o nível de 2010 e alta é desafio na retomada

Injeção de recursos na economia - por meio de mecanismos como o auxílio emergencial - tem evitado que vendas sejam derrubadas de forma ainda mais grave

Publicado em 20 de julho de 2020 às 06:00

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Comércio fechado por causa do coronavírus no Centro de Vila Velha
Comércio ficou fechado entre março e maio. (Carlos Alberto Silva/Arquivo)

A perda da renda e a falta de confiança de empresários e trabalhadores diante da pandemia do novo coronavírus provocou uma retração brutal do consumo no Espírito Santo, o que deve ser um dos maiores desafios para a retomada da nossa economia. É o que aponta o estudo IPC Maps 2020, realizado anualmente pela IPC Marketing para mapear o potencial de consumo com base em dados oficiais.

As projeções para 2020, antes otimistas, foram afetadas em cheio pelo coronavírus. O estudo calcula que o Estado deve registrar um consumo de R$ 94 bilhões, puxado sobretudo pelas compras das classes B e C na zona urbana.

O total representa uma queda de cerca de 5% do que se havia projetado no início do ano. Em nível nacional, a queda do ano passado para este teve o mesmo percentual, igualando-se aos números de 2010 a 2012.

"Além da renda ter diminuído por conta da crise, a gente nota um aumento do comprometimento da renda com habitação no Espírito Santo, que hoje representa 26% do orçamento das famílias. Isso é um percentual alto. Também cresceram as despesas com veículo próprio diante do impulsionamento dos apps de transporte. Isso tudo pesa no bolso", explicou o diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini.

O coordenador do estudo explica que falta confiança para consumir. "A cabeça das pessoas hoje, trabalhando de casa, com redução salarial e incerteza em relação à manutenção do emprego compromete muito o consumo. Numa hora dessas as pessoas compram apenas o básico".

A queda se reflete nos dados. Entre 2019 e abril de 2020, cerca de 31 mil empresas do setor de comércio e serviços fecharam as portas no Espírito Santo, como aponta o estudo. Até agosto, esse número deve ficar ainda pior, na avaliação do pesquisador.

O estudo foi feito em maio, um dos piores meses de consequências da pandemia na economia. De lá para cá, a reabertura gradual das atividades econômicas e sociais, que tem expectativa de ter flexibilização ampliada entre agosto e setembro, já sinaliza para uma recuperação. Além disso, outro ponto que pode ajudar o Estado a bater as projeções e se recuperar mais rápido é a grande injeção de dinheiro na economia.

Benefícios como o saque emergencial de R$ 1.045 do Fundo de Garantia (FGTS), o abono antecipado do PIS/Pasep, o auxílio emergencial de R$ 600 – que hoje contempla diretamente cerca de 1 milhão de pessoas no Estado (cerca de 25% da população capixaba), além de quase mais 1 milhão de forma indireta, por estarem na mesma família –, além da injeção de recursos em empresas por meio de crédito facilitado, têm atenuado os impactos do coronavírus na economia do Espírito Santo.

"Isso tem ajudado a queda a não ser maior. A partir de setembro e outubro, devemos ter a economia dando sintomas de fortalecimento mais animadores. Mas voltar ao normal deve demorar, é algo que depende da resolução da pandemia. Acredito que a retomada só virá mesmo a partir do segundo semestre do ano que vem".

A retomada do consumo a níveis anteriores deve ser um dos efeitos de médio e longo prazo do plano estadual para estimular o crescimento da economia, em fase de elaboração pelo governo do Estado com apoio do setor produtivo, visando dar mais competitividade a empresas e, assim, voltar a abrir vagas de emprego no Estado.

"É importante a gente ter estímulos ao consumo e retomada da renda para evitar uma quebradeira ainda maior de empresas. Isso não é simples, mas se tiver vontade dá para fazer tanto no âmbito federal como no estadual, sobretudo olhando os setores mais prejudicados", ressaltou Pazzini.

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