O desempenho da indústria capixaba teve recuo de 16,7% em abril na comparação com o mês anterior, segundo apontou o Índice Mensal de Produção Industrial, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a maior retração em 12 anos, ficando atrás apenas da queda de 18,5% registrada em novembro de 2008.
Com o resultado de abril, a indústria do Espírito Santo acumula uma retração de 17,6% nos últimos 12 meses. Ainda com relação a este período, o maior tombo foi registrado nas indústrias extrativas recuo de 24,3%. As indústrias de transformação, de um modo geral, recuaram 11,1% com destaque negativo para celulose, papel e produtos de papel (-27,9%), metalurgia (-14,3%) e produtos alimentícios (-1,8%). A exceção à queda nos últimos 12 meses foi a indústria de produtos minerais não-metálicos, que cresceu 1,8%.
Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a maior queda acumulada foi a da indústria metalúrgica, que apresentou uma retração de 36%. Na sequência aparecem produtos de minerais não-metálicos (-33,1%), produtos alimentícios (-31,5%) e indústrias extrativas (-20.8%). Na comparação com abril do ano passado, a indústria de celulose, papel e produtos de papel, que cresceu 11,5%. De uma forma geral, na comparação com abril de 2019 a produção nas indústrias do Espírito Santo recuou 23,9%.
O setor tem sofrido intensamente com a crise econômica provocada pelo novo coronavírus. Alguns segmentos, como o metalúrgico, por exemplo, viu a demanda global por aço cair em meio à pandemia. No Estado, a ArcelorMittal Tubarão, por exemplo, desligou o terceiro alto-forno.
A crise do petróleo também trouxe impacto à produção industrial. Devido ao cenário, a Petrobras derrubou a produção de óleo e gás em diversas plataformas, afetando o desempenho da indústria extrativa.
De acordo com o IBGE, o resultado reflete o isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, que afetou a produção industrial por todo o país. Em abril, 13 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas. Os Estados com quedas mais acentuadas foram no Amazonas (-46,5%), Ceará (-33,9%), Paraná (-28,7%), Bahia (-24,7%), São Paulo (-23,2%) e Rio Grande do Sul (-21,0%). Todos esses locais atingiram seu resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica, em 2002, assim como o Rio de Janeiro (-13,9%).
Espírito Santo (-16,7%), Minas Gerais (-15,9%), Santa Catarina (-14,1%), Pernambuco (-11,7%) e Mato Grosso (-4,3%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em abril de 2020. Por outro lado, Pará (4,9%) e Goiás (2,3%) registraram as duas únicas taxas positivas nesse mês, com ambos voltando a crescer após recuarem no mês anterior.
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) criou uma outra metodologia para analisar o desempenho da produção industrial. De acordo com o material divulgado nesta terça-feira (9), que utiliza dados do primeiro trimestre de 2020 como referência, a indústria manteve desempenho estável (0,0%) na comparação com o 4º trimestre de 2019.
Pelo dado, na passagem do 4º trimestre de 2019 para o 1º trimestre de 2020, apenas a indústria de transformação se recuperou do recuo registrado no último trimestre de 2019 (-2,1%), apresentando crescimento de 4,2% nos primeiros três meses de 2020.
De acordo com a Findes, o 1º trimestre de 2020 reverteu a tendência de ampliação da queda da indústria que permeou todo o ano de 2019. O recuo de 6,9% da indústria é explicado, principalmente, pelo desempenho das indústrias extrativas e pelas atividades de construção, que juntas contribuíram com 80% da queda do setor, respondendo por -2,82 e -2,75 pontos percentuais da retração de 6,9%, respectivamente,apresenta o relatório.
A Findes também foi acionada para comentar os resultados apresentados pelo IBGE, mas ainda não retornou. Assim que uma resposta for dada este texto será atualizado.
Para reverter este cenário negativo de queda na produção industrial e de queda na atividade econômica é preciso de investimentos em infraestrutura, segundo avalia o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Sebastião Demuner. Uma das maneiras de fazer isso, segundo ele, é utilizando o dinheiro que foi repassado para Estados e municípios pelo governo federal.
O dinheiro já está na conta dos Estados e municípios e deveria ser utilizado para investimentos em infraestrutura e ajudar a indústria. Essa não é uma crise que foi causada pela má gestão dos empresários, então é justo que o poder público faça investimentos que também beneficiem as empresas, sugere.
O dinheiro ao qual Demuner se refere é o que está sendo pago a Estados e municípios como compensação pelas perdas de arrecadação. O governo do Estado recebe R$ 712 milhões para utilizar em gastos livres e os municípios capixabas vão receber, juntos, R$ 482 milhões.
A gente percebe que os países que levaram a pandemia à sério lá no início do ano estão se recuperando de forma mais rápida. Como no Brasil faltou uma organização central o governo federal se posicionava de um jeito, os estaduais de outro , nós teremos que ser muito mais cirúrgicos nas ações para recuperar a economia, avalia Demuner.
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