O Espírito Santo é um exemplo de que os milionários estão cada vez mais procurando o mercado de capitais para consolidar o seu patrimônio. Prova disso é a pesquisa mais recente divulgada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que apontou que moradores do Estado têm cerca de R$ 8 bilhões aplicados em ativos financeiros. E esse potencial já tem sido alvo de interesse de corretoras de valores do Estado, que disputam a gestão dos recursos.
Segundo levantamento da Receita Federal feito a pedido da reportagem de A Gazeta, o Espírito Santo tinha, em 2019, última pesquisa realizada, 24.874 milionários. Sobre bilionários, o órgão disse que “as regras hoje vigentes para a preservação do sigilo fiscal não permitem a confirmação”.
Segundo o sócio-fundador da Valor Investimentos, Paulo Henrique Corrêa, com a Selic ainda baixa, apesar dos ajustes recentes do Banco Central, muitos investidores passaram a se arriscar mais por causa do baixo retorno de aplicações financeiras já consolidadas, como a renda fixa e a própria poupança.
“Muitos investidores, de perfil moderado a conservador, têm buscado variar suas carteiras de investimentos com opções de longo prazo, como fundos multimercados, imobiliários, de investimentos e mesmo com papéis no exterior”, avalia.
Os milionários do Espírito Santo trabalham em diferentes setores profissionais, o que diversifica também o que buscam na hora de investir. “Existem multimercados voltados para esse nicho. Investir na inflação, CDI, pré-fixados e fundos personalizados. E esses investidores vão muito para o mercado exterior também, que é o diferencial de quem tem R$ 5 milhões para quem tem R$ 500 mil. As opções para um volume maior de dinheiro são mais infinitas”, pondera o header da Matriz Capital, Ricardo Aragon.
A Selic no patamar baixo, hoje em 4,25%, tirou muito investidor da zona de conforto, segundo Tiago Pessoti, da APX Investimentos. A taxa, que estava 14,65% em 2016, chegou a ficar em 2% ao ano de agosto do ano passado a março deste ano, quando voltou a subir.
"Antes, [a Selic] tornava o investimento em renda fixa bastante atraente e essa queda de retorno fez com que esse estoque de capital passasse a procurar investimentos mais diversificados, buscando opções como fundos de ações e certificados de recebíveis do agronegócio, por exemplo”, conta.
E em pouco tempo, as corretoras de valores capixabas viram também seus negócios expandindo, já que passaram a ser mais demandadas por esses novos clientes que chegam, ou mesmo sendo consultadas pelos antigos clientes com novas sugestões de investimentos.
Pessoti afirma que houve uma entrada muito grande de novos CPFs, ou seja, pessoas físicas, buscando investir no mercado de ações. “Tivemos um crescimento exponencial nos últimos 12 meses, com novos investidores atrás de opções como renda fixa corporativa, fundos de investimento e ações dentro e fora do Brasil”, afirma.
Os negócios da Valor Investimentos para esse nicho de mercado também triplicaram nos últimos 12 meses, afirma Paulo Henrique Correa. A empresa então passou a desenvolver uma série de ações focadas nesses novos clientes, reforçando a estrutura para atender a esse perfil mais sofisticado, de investidores com mais de R$ 3 milhões aplicados.
“Além de contribuirmos na gestão do patrimônio desse público, oferecemos uma assessoria de planejamento sucessório, planejamento tributário para ajudar a organizar o patrimônio desses investidores. Com isso, temos visto a procura crescer, tanto no Espírito Santo quanto fora e muitos vêm por relacionamento com nossos assessores de investimentos e indicações de outros clientes”, afirma.
Com um perfil investidor que predomina o moderado, mas também com grande presença de conservadores, os milionários capixabas são, em sua maioria, empresários, profissionais liberais e executivos de grandes empresas instaladas no Estado.
O crescimento desse nicho fez com que corretoras de valores do Estado busquem se diferenciar para atender a este público que exige exclusividade, atendimentos mais personalizado, a exemplo da Valor Investimentos. A APX Investimentos também trouxe novidades para essa carteira, como afirma Tiago Pessoti.
“Temos desenvolvido um conceito de atendimento mais digital, que foi impulsionado pelo isolamento social exigido na pandemia do coronavírus. Isso fez com que ficássemos mais próximos do nosso cliente e recentemente inauguramos uma nova sede e com a possibilidade de fazer pequenos eventos presenciais, que são importantes para construir um bom relacionamento com esse nicho de clientes”, conta.
Outra empresa que decidiu investir mais forte no Espírito Santo e buscar novos mercados é a Matriz Capital, formada por um grupo de assessores de investimentos que já têm experiência no mercado de alto padrão. A empresa já está trabalhando no Estado e em São Paulo para ajudar o alto escalão dos investidores milionários a investir melhor. Até o fim do ano, o escritório dos headers Dyego Phillip, Renato de Mello, Ricardo Aragon e Victor Marques, também deve abranger a Bahia.
“O cliente private, que atendemos, é considerado aquele que tem acima de US$ 1 milhão para investir. No mercado brasileiro, a gente teve uma grande inserção de milionários nesse mundo, principalmente, por fatores atrelados à inflação. Mas esse mesmo mercado é considerado dos mais promissores para daqui a 10 anos, por exemplo”, explica Ricardo.
Nesse universo de milionários capixabas, destacam-se os empresários, profissionais liberais, executivos de grandes empresas e pessoas ligadas ao agronegócio.
Para ser considerado um investidor milionário, é preciso que ele tenha pelo menos mais de US$ 1 milhão aplicado (cerca de R$ 5,25 milhões), já que as opções para quem tem R$ 500 mil investidos e quem tem R$ 5 milhões, por exemplo, são bem diferenciadas.
Com um perfil mais próximo do moderado que do conservador, o investidor milionário do Espírito Santo passou a assumir mais riscos após a queda da taxa Selic, já que um dos principais tipos de investimentos, os de renda fixa, passaram a se tornar menos atraentes.
Entre as aplicações mais procuradas por esse grupo de investidores, após a queda de juros, estão principalmente os fundos multimercados, imobiliários e de investimentos, além de aplicações no exterior. Eles também têm buscado por produtos como CDI, pré-fixados, fundos personalizados e certificados de recebíveis do agronegócio.
De olho nesse público de milionários, que triplicou nos últimos 12 meses, corretoras financeiras têm buscado oferecer serviços e diferenciais para atender a este público. Entre as regalias estão ajuda na gestão de patrimônio com assessoria e planejamento sucessório, eventos pequenos voltados para esse público e atendimento personalizado tanto presencial quanto on-line.
Fonte: Valor Investimentos, APX Investimentos e Matriz Capital
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