Diante da alta da Covid-19 no Espírito Santo e com a vacinação começando apenas para alguns grupos prioritários, as empresas capixabas estão tomando medidas para proteger os trabalhadores e evitar que o vírus provoque queda na produtividade. As companhias adiaram o fim do home office e ampliaram testagens dos funcionários como medidas de enfrentamento à pandemia. Além disso, fortaleceram os protocolos de segurança contra o novo coronavírus.
Desde fevereiro do ano passado, quando ocorreu o primeiro registro de infecção pelo novo coronavírus no Estado, até esta terça-feira (26), última atualização disponível, o Espírito Santo já registra mais de 288 mil casos e 5.747 óbitos. Os dados são do Painel Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
As cinco empresas que reponderam aos questionamentos de A Gazeta (Petrobras, EDP, Samarco, Vale e Suzano) afirmaram que continuam mantendo pelo menos parte dos trabalhadores em home office, a maior parte delas por tempo indefinido. No caso da Vale, a mineradora já se prepara para transformar essa medida provisória em regra, criando um regime de trabalho remoto permanente.
Com a popularização e, consequentemente, o barateamento dos testes de Covid-19, algumas companhias também têm usado esse recurso para identificar pessoas ainda assintomáticas que poderiam levar o vírus para dentro do ambiente de trabalho.
A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, explica que desde o início da pandemia no Estado as empresas vêm estabelecendo protocolos para conter a disseminação do vírus. "Diferente de outros Estados, as indústrias do Espírito Santo não pararam por conta das medidas adotadas e protocolos do governo capixaba de combate a pandemia desenvolvidos", enfatizou.
Ainda de acordo com a presidente, as grandes companhias capixabas perceberam alguns benefícios do trabalho remoto, como redução de custos, eficiência nos resultados, além da manutenção da saúde dos funcionários. Por isso, muitas anunciaram que permaneceriam com os modelos de reunião de virtual.
A Petrobras, por exemplo, disse que reforçou as ações de prevenção ao coronavírus. Por nota, a estatal informou que além da ampla testagem e o monitoramento de saúde pré-embarque e pré-turno - medidas de higienização, distanciamento e uso obrigatório de máscara nas unidades –, também implementou procedimentos adicionais.
A EDP também decidiu manter as áreas administrativas em home office e não tem previsão de mudança deste regime, que começou em março de 2020. Ainda de acordo com a empresa, ela manteve descentralização das bases, escalonamento de equipes e outras medidas sanitárias para proteger seus profissionais de campo.
A Samarco foi outra empresa que implantou o regime de home office para os empregados e contratados das atividades administrativas. A medida também inclui os empregados acima de 60 anos e grávidas.
Segundo a empresa, alguns profissionais que fazem parte do grupo de risco cujas atividades não possibilitam a adoção do home office, foram liberados temporariamente para atual presencialmente, porém mantendo rigorosamente as medidas de controle.
Enquanto algumas empresas estão sem data para tirar os trabalhadores do regime de home office, outras decidiram adotar a modalidade de forma permanente. É o caso da Vale que está implementando um novo modelo de trabalho flexível.
De acordo com a mineradora, a empresa implantará o formato flexible office (escritório flexível, em tradução livre do inglês), baseado nas modalidades on-site (no local, em tradução livre do inglês) para as posições fixas nas operações, off-site (fora do local, em tradução livre do inglês) para o trabalho remoto e near-site (próximo ao local, em tradução livre do inglês) para os hubs colaborativos.
Ainda de acordo com a mineradora, desde março do ano passado foi implantado o trabalho remoto para todas as funções elegíveis, administrativas e de suporte operacional. A empresa também tem feito testagem em massa de empregados, o que permite identificar rapidamente pessoas que tiveram contato com o vírus e retirá-las do ambiente de trabalho, mesmo que assintomática.
A empresa ainda colocou em prática outras ações preventivas para evitar aglomeração, como redução da quantidade de pessoas nas portarias, nos ônibus e nos restaurantes. Além disso, os empregados devem responder, ainda em casa, a um questionário que identifica algum possível sintoma.
"Além da testagem, em todas as unidades da Vale, incluindo a de Tubarão, as pessoas que usam as portarias passam por um sistema de medição da temperatura corporal, sem necessidade de contato físico. Antes de acessar a unidade, em caso de qualquer sintoma apresentado no checklist prévio ou na aferição automática de temperatura, a pessoa recebe orientação médica imediata para que não tenha contato com os demais trabalhadores", comenta a empresa.
A campanha de imunização contra a Covid-19 começou no Espírito Santo há pouco mais de uma semana, no dia 17 de janeiro. Contudo, a maior parte dos trabalhadores, jovens e sem comorbidades, não sabe quando será vacinada. Até o momento o calendário estipulado pelo governo federal contempla apenas aos grupos de maior risco como idosos e trabalhadores da saúde.
Diante disso, alguns empresários passaram a cogitar importar os próprios imunizantes, ideia que foi encampada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Depois de um cabo de guerra entre setores do governo federal, a AstraZeneca afirmou, nesta terça-feira (26), que não tem como vender vacinas para empresas.
Em nota, a farmacêutica que produz a vacina em parceria com a Oxford, disse que todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos com governos e que não poderia vender ao mercado privado.
De acordo com a presidente da Findes, Cris Samorini, as empresas ainda não descartam a ideia de comprarem, futuramente, vacinas contra a Covid-19. Porém, ela ressalta que, atualmente, esse movimento apenas dividirias os esforços de imunizar a população.
"Existe um esforço muito grande para que se consiga a vacina pelo governo estadual e que ele (o governo) imunize toda a população. Estamos dando o apoio ao governo do Estado em relação a espaço e unidades móveis do Sistema S, mas tenho certeza que o governo estadual tem eficiência de conseguir as vacinas necessárias".
A Suzano, por exemplo, descartou a aquisição do imunizante. Por nota disse que, "em relação à vacina, seguindo a determinação do Governo Federal e a ordem de prioridade definida pelo Ministério da Saúde, a empresa não vê espaço para aquisição de doses para uso em seus(suas) colaboradores(as), uma vez que não há disponibilidade no mercado".
A multinacional explicou que desde o início da pandemia da Covid-19 segue zelando pela saúde e pela segurança de todos os seus colaboradores, prestadores de serviços, familiares e sociedade, mantendo todas as medidas de prevenção que já vinha aplicando.
Ainda de acordo com a Suzano, a companhia também tem reforçadoos protocolos de prevenção, orientando todos sobre como se proteger dentro e fora da empresa, disponibilizando máscaras, álcool em gel e os materiais necessários para proteção contra o vírus.
O texto desta matéria afirmava anteriormente, de forma equivocada, que os primeiros casos de Covid-19 no Espírito Santo foram registrados em janeiro de 2020. Porém, segundo os dados do Painel Covid, do Governo Estado, a primeira notificação confirmada foi em fevereiro. O mês foi alterado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta