Cerca de 30 trabalhadores da Petrobras estão isolados em um hotel em Vitória com suspeita ou confirmação de Covid-19. São pessoas que testaram positivo ou que, mesmo tendo resultado negativo, tiveram contato recente com contaminados e estão em observação. Eles atuam nos plataformas ou sondas que ficam nas bacias de produção de petróleo na na região do Espírito Santo.
Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Estado (Sindipetro-ES), nas últimas duas semanas houve aumento significativo no número de casos de novo coronavírus entre os trabalhadores que atuam embarcados.
"Quando a Petrobras, após recomendações do Ministério Público, adotou protocolos mais rígidos, os casos realmente caíram. Agora estamos percebendo nas utimas duas semanas que os casos estão aumentando novamente. Pode ser porque aumentou a contaminação na população em geral", afirma o o coordenador geral do Sindipetro-ES, Valnísio Hoffmann.
Ele afirma que esses trabalhadores isolados relatam falta de suporte por parte do setor médico da empresa. Segundo Hoffmann, há apenas uma enfermeira para cuidar de todos eles e ela não estaria autorizada a ter contato direto com os pacientes, o que tem causado preocupação.
"Se alguém começa a sentir falta de ar, dor de cabeça, a enfermeira não pode entrar (no quarto). Quando os sintomas ficam muito graves, ele (o trabalhador) relata para a enfermeira, que chama uma ambulância que o leva para o hospital. Deveria ter um médico ou até uma enfermeira que vai ver todo dia, que meça a temperatura, dê remédio pelo menos pra dor de cabeça", diz.
O representante do sindicato explica que os trabalhadores não estão autorizados a se auto medicar, ou seja, não podem tomar remédios por conta própria, e a enfermeira não pode prescrever medicação.
"Eles estão se sentindo abandonados. Recebem comida na porta do quarto, ficam isolados durante 14 ou 15 dias, as vezes sem receber nenhuma ligação se alguém do setor médico da Petrobras para fazer um acompanhamento".
Procurada por A Gazeta, a Petrobras informou que tem monitorado todos os casos suspeitos e confirmados de Covid-19 entre seus colaboradores e que, nas situações em que é necessário o isolamento, os trabalhadores são acompanhados por equipes formadas por profissionais de saúde.
No Espírito Santo, segundo a estatal, os colaboradores ficam isolados em hotel apenas para realizar os testes preventivos e aguardar os resultados dos mesmos. "Durante este período, recebem todos os cuidados e orientações dos nossos profissionais de saúde. Além disso, temos um profissional exclusivo para dar apoio nas demais necessidades durante o período de hospedagem", afirmou em nota.
A companhia ainda reforçou que tem adotado procedimentos robustos em todas as suas unidades desde o início da pandemia. "A Petrobras investiu fortemente nas ações preventivas em suas instalações, incluindo uma das mais amplas estratégias de testagem da indústria".
Até o momento, foram realizados mais de 350 mil testes para Covid-19 nos trabalhadores da Petrobras de suas unidades próprias em todo o país. "A estratégia de ampla testagem possibilita que o diagnóstico do quadro de saúde na companhia seja mais preciso do que o da sociedade em geral, uma vez que mesmo pessoas assintomáticas são identificadas e contabilizadas como casos confirmados", informou.
Para unidades com confinamento, como plataformas, os procedimentos envolvem monitoramento de saúde desde 14 dias antes do embarque, quando todos os colaboradores são acompanhados por equipes de saúde e orientados a ficar em casa e reportar qualquer sintoma. Antes do embarque é realizado o teste RT-PCR, tipo de teste com maior confiabilidade disponível no mercado. Além disso, a qualquer manifestação de sintomas a bordo, eles são desembarcados para testagem em terra.
A Petrobras também informou que, atualmente, tem 238 casos vigentes em todo país dentre seus 45.403 empregados, entre sintomáticos e assintomáticos.
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