Após a vistoria realizada por técnicos nesta quarta-feira (17) no condomínio Cancun Top Life, em São Diogo, na Serra, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) informou que não descarta a possibilidade de desabamento da torre-d'água que abastece o prédio. No entanto, ponderou que ainda terá que ser feito um diagnóstico decisivo e seguro.
A caixa-d’água do residencial apresentou um amassado na terça (16) e os moradores saíram de casa temendo o desabamento. Na manhã desta quarta, a Defesa Civil municipal também fez uma avaliação inicial da estrutura e chegou a falar que não via risco iminente de queda, mas que era necessária uma análise mais especializada da torre.
De acordo com os profissionais especialistas do Conselho, o reservatório de água, construído em chapas de aço, com aproximadamente 35 metros de altura e 3,5 metros de diâmetro, apresenta "importante deformidade". O condomínio não está interditado.
O Crea, porém, destacou, o "grau de risco deve ser estabelecido e indicado por empresa de engenharia especializada".
"Entre as variáveis técnicas importantes que a empresa deve observar a fim de se obter um diagnóstico decisivo e seguro estão a análise dos projetos, a realização de levantamentos in loco da estrutura e a descrição de um histórico das ocorrências e das manutenções realizadas desde a implantação da estrutura", informou.
Após a vistoria, três empresas de engenharia foram autuadas pelo Crea, que também notificou a MRV, empresa que construiu o condomínio, e a empresa Dipawa Reservatórios, fabricante da caixa-d'água, a apresentarem documentos e projetos sobre o empreendimento.
Segundo o Crea, durante a vistoria também foi identificada a existência de um laudo técnico emitido em 17 de julho de 2020.
O documento, expedido por empresa especializada, com responsável técnico e registro de Anotação de Responsabilidade Técnica, já apontava, na ocasião, irregularidades, como oxidações, antes mesmo de vencer a garantia de fabricação dos reservatórios, que seria em agosto de 2020.
A empresa responsável pela construção do condomínio fez uma perícia no local na tarde desta quarta. Em nota, a construtora MRV afirmou que será necessário reforçar parte da estrutura da torre-d’água onde, segundo a empresa, “foi feito uma intervenção inapropriada por parte do condomínio”.
O laudo técnico feito por um profissional contratado pela MRV está previsto para sair na próxima semana. Com ele em mãos, a construtora disse que vai orientar o condomínio para que seja feito o reforço apropriado no local. O condomínio foi entregue aos moradores em 2016.
Na tarde de terça-feira (16), moradores repararam que a estrutura que armazena a água dos condôminos ficou danificada e decidiram sair do prédio por precaução, temendo que a situação se tornasse parecida com a do Residencial São Roque, em Cariacica, onde uma pessoa acabou morrendo, em dezembro passado, após o desabamento de duas torres-d’água.
Uma moradora de um dos prédios, que foi entregue em 2016, prefere não se identificar, mas diz que o problema começou a ficar perceptível por volta das 14h30 desta terça (16) e que uma obra recente pode ter desencadeado o "amassado" que se vê nas imagens.
"Recentemente, depois de muitas reclamações de a água estar muito quente, uma empresa veio para fazer umas aberturas como se fossem janelinhas em alguns pontos do castelo-d'água. Estão dizendo que é numa janelinha dessa que começou o problema", relatou.
Segundo a moradora, desde o início da tarde começou a acionar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, porque todos os vizinhos ficaram com medo de a estrutura ceder. "A caixa-d'água fica exatamente em frente ao bloco 5 e próximo do 6. Também tem garagem ali e a área de lazer com piscina, então todo mundo saiu desses lugares quando percebemos o amassado.”
O episódio envolvendo o condomínio em São Diogo, na Serra, onde uma área foi isolada nesta terça-feira (16) por recomendação da Defesa Civil da cidade após a caixa d’água do prédio ficar com parte da lateral aparentemente amassada, é apenas o mais recente de uma série de problemas alarmantes envolvendo condomínios no Estado.
O temor dos moradores era de que a situação se transformasse em outra como a registrada no Residencial São Roque, no bairro Padre Gabriel, em Cariacica, em dezembro passado, quando duas torres-d'água desabaram, deixando dezenas de famílias desalojadas e matando uma pessoa. O residencial, que pertence ao programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, havia sido inaugurado apenas duas semanas antes.
Em janeiro, moradores dos edifício Santos II, no bairro Nova Itaparica, em Vila Velha, acordaram de madrugada com um estrondo provocado pelo colapso parcial de dois pilares de sustentação do prédio. Segundo a prefeitura, o prédio, construído por uma empresa privada, não tinha a documentação correta.
Em fevereiro, a estrutura da área de festa do Residencial Otílio Roncetti no bairro Gilson Carone, em Cachoeiro de Itapemirim, desabou durante uma chuva. Neste caso, ninguém ficou ferido.
Na noite da última quinta-feira (11), moradores de 16 apartamentos do bloco 13 do condomínio Residencial Vila Velha, em Jabaeté, tiveram que deixar seus lares por medo de que a estrutura desabasse. Segundo a síndica Mirian de Freitas, foram constatadas rachaduras em pelo menos três apartamentos do condomínio entregue em 2016 pelo programa Minha Casa Minha Vida. O local permanecerá interditado até que haja garantias de que é seguro.
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