O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a tão esperada recuperação da economia brasileira começa a ganhar fôlego.
O crescimento de 0,6% observado no terceiro trimestre deste ano foi puxado especialmente pelos investimentos das empresas e pelo aumento no consumo das famílias após leve recuperação do mercado de trabalho.
Os dados indicam uma tendência: a retomada está dependendo cada vez mais do setor privado e menos do poder público. O consumo governamental, por exemplo, recuou 0,4% no período enquanto a formação bruta de capital (dinheiro aplicado pela iniciativa privada) cresceu 2%.
Alguns fatores contribuíram para a volta do investimento. A reforma da Previdência, promulgada no mês passado pelo Congresso Nacional, é uma delas. Embora tenha baixo efeito fiscal no curto prazo, o endurecimento das regras para aposentadorias e pensões sinaliza ao mercado que o Brasil tem buscado soluções para o seu alto endividamento.
A queda na taxa de juros do Brasil também tem motivado o empreendedor a investir. Hoje com índice de 5% ao ano, a Selic pode cair para 4,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. Essa redução tem um aspecto relevante ao tirar a atratividade dos títulos públicos e motivar a classe empresarial a desengavetar projetos atrás de uma taxa de retorno mais alta do que encontraria no mercado financeiro.
A liberação de parte dos saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também foi um fator essencial para empurrar a economia para cima. O resgate de até R$ 500 por cada conta vai atingir 96,4 milhões de trabalhadores e injetar na economia R$ 40 bilhões em todo o país até o final deste mês.No Espírito Santo, o volume de recursos liberados até dezembro deve alcançar R$ 649 milhões e atender 1,9 milhão de pessoas.
O FGTS junto com a melhora do quadro do mercado de trabalho contribuíram para o frisson da semana passada com a Black Friday, evento já visto pelo comércio como a melhor promoção desde 2014. No Espírito Santo, por exemplo, algumas empresas afirmam ter aumentado em mais de 10% as vendas em comparação com a campanha do ano passado.
Mas, para uma guinada mais significativa, a economia precisa de outros impulsos. Uma outra medida que pode contribuir para a volta do crescimento é a reforma administrativa, que promete cortar cargos e reduzir as despesas do governo com pessoal. As ações, aliás, poderão ser replicadas pelos Estados e municípios, o que vai contribuir para melhorar ainda mais o cenário para o investidor.
A reforma tributária, com a simplificação do pagamento de impostos, também é uma mudança aguardada por que tem dinheiro para investir. Vale ressaltar que o crescimento dos investimentos é o principal elemento para alavancar o consumo das famílias, ingrediente importante na composição do PIB. Até agora, a recuperação do mercado de trabalho tem sido pautada principalmente pela expansão do trabalho informal. Novas obras, instalação de novas empresas e projetos de inovação, no entanto, abrem espaço para o nascimento de postos de trabalho mais qualificados.
O investidor também aguarda que Estados e municípios façam seus ajustes. O Espírito Santo, por exemplo, deu o primeiro passo ao aprovar parte da reforma da Previdência estadual na Assembleia e criar a idade mínima para quem ainda vai entrar no mercado. Agora, cabe ao governo estadual enviar o projeto que vai colocar mais rigor na liberação de aposentadoria e pensões dos atuais servidores, ainda não contemplados pelos textos votados no Legislativo.
Mas além de soluções econômicas federais, estaduais e municipais, o empresário espera serenidade dos atores políticos para continuar a investir. Envolvimento em polêmicas e um discurso anti ambiental podem ter efeitos contrários e afastar o investidor. Podem tirar o Brasil do rumo que demorou a voltar a trilhar desde que o país caiu em sua maior crise econômica da história.
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