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Crise do coronavírus: comércio do ES fecha mais de 5 mil vagas em abril

Crise do coronavírus: comércio do ES fecha mais de 5 mil vagas em abril

Setor foi paralisado durante quase dois meses por conta de medidas de isolamento para conter a propagação da Covid-19

Publicado em 27 de maio de 2020 às 17:57

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Comércio fechado por causa do coronavírus no Centro de Vila Velha
Comércio fechado por causa do coronavírus no Centro de Vila Velha. (Carlos Alberto Silva)

O comércio foi o setor que mais registrou perda nos postos de trabalho em abril no Espírito Santo. Segundo dados do Caged divulgados nesta quarta-feira (27), foram eliminados mais de 5 mil vagas em comparação com o mesmo mês do ano passado. No total, o Estado registrou 17,8 mil demissões a mais do que contratações.

Por conta da pandemia do novo coronavírus, as lojas de rua ficaram fechadas por quase dois meses. Essas medidas foram flexibilizadas gradativamente, tanto no interior quanto na Grande Vitória.

Contudo,  segundo informações da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Espírito Santo, as vendas estão até 70% menores em comparação com o período anterior à pandemia.  Já os comércios de shoppings seguem fechados desde o dia 20 de março.

"Por conta dos decretos exigidos pela própria pandemia, parte dos micro e pequenos empresários não teve condições de manter suas atividades, mesmo com a reabertura gradual. Eles são a maioria no setor e foram enormemente afetados", explica o presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio), José Lino Sepulcri.

Segundo ele, a expectativa de ampliação do prazo de concessão do benefício federal que permite redução de salário e jornada dos trabalhadores e a perspectiva de aplicação da flexibilização da atividade comercial, incluindo a possível reabertura dos shoppings, podem possibilitar uma retomada, ainda que pequena, nas contratações.

O Sindicato dos Comerciários do Estado, que representa os trabalhadores do setor, foi procurado, mas não quis comentar os dados do Caged.

INDÚSTRIA TAMBÉM DEMITE

Depois do comércio, o setor com maior saldo negativo de emprego em abril deste ano foi a indústria de transformação. Houve um saldo negativo de mais de 3 mil vagas.

Como noticiado em A Gazeta, só as indústrias de confecções na região Noroeste do Espírito Santo demitiram quase 700 trabalhadores desde o início da pandemia.

A redução das demandas nacional e internacional de aço também fez com que a ArceloMittal Tubarão decidisse por paralisar o alto-forno 3 (o auto-forno 2 já estava parado desde o ano passado). Com  isso,  a produção de aço na empresa cairá pela metade, o que gera efeitos sobre toda a cadeia produtiva.

 O Caged contabiliza apenas demissões de trabalhadores formais, ou seja, com carteira assinada.

REDUÇÃO DE VAGAS EM 2020 DEVE SER SEMELHANTE À DA CRISE ECONÔMICA DE 2015

O Instituto Jones dos Santos Neves estima que, para 2020, é esperado redução dos pontos de trabalho no Estado e no país semelhante àquela do período mais intenso da crise econômica em 2015 e 2016.

"O Estado vinha com resultados positivos no emprego no fim de 2019, havíamos recuperado o patamar pré-crise (2013) que nos dava um saldo positivo de 17 a 19 mil postos, mas o efeito da pandemia foi muito concentrado. Em uma perspectiva nacional, e até local, provavelmente vamos fechar 2020 com um resultado negativo semelhante ou ainda mais agravado do que o do período da crise",  afirma o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira.

A pandemia de coronavírus afetou mercados de trabalho no mundo todo. Lira lembra que, nos Estados Unidos, atual epicentro da doença, mais de 36 milhões de pessoas foram demitidas. Nos primeiros meses do ano,  a China, outro grande parceiro econômico do Espírito Santo, também paralisou fábricas e comércios.

"Houve um grande encadeamento econômico, pois vivemos em uma economia global. Às vezes as pessoas criticam as medidas de isolamento, e elas têm um impacto, mas antes delas há a pandemia em si. As pessoas consomem menos, saem menos de casa", explica. 

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Ele ressalta que, mesmo com a flexibilização das atividades comerciais na Grande Vitória nas duas últimas semanas, o nível de isolamento social permaneceu o mesmo. "As pessoas estão conscientes do risco relativo à pandemia", diz.

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