A chegada do novo coronavírus ao Brasil e ao Espírito Santo, mais especificamente, tem lançado um desafio extra para as empresas. As drásticas medidas de isolamento social para prevenir a propagação da doença Covid-19 têm alterado as formas de produção e consumo de várias cadeias de negócios.
Diversas empresas têm suspendido suas operações e alterado o expediente. Mas como sobreviver sem o faturamento que já estava planejado? Segundo diversos especialistas, é possível sair da crise sem quebrar, mas para isso é preciso muito planejamento dica que é útil do micro ao grande empresário.
A gerente de Ambiente de Negócio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Alline Zanoni, destaca que a primeira medida a ser tomada é fazer o levantamento de todas as despesas e receitas dos próximos meses.
É importante separar os valores por tipo de despesa, priorizar os gastos fixos e enxugar os variáveis. Quando se conhece o que você vai precisar gastar, fica mais fácil renegociar o pagamento de alugueis e fornecedores, por exemplo, comenta Zanoni.
Renegociação, inclusive, é a palavra da vez para o consultor empresarial Tayo Mattos de Almeida. Os bancos devem renegociar contratos antigos. Então, os empresários podem conseguir um fôlego importante se fizerem boas negociações, aponta.
Ao longo da semana a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os maiores bancos nacionais e estaduais informaram que poderão prorrogar as dívidas por até 60 dias. A oferta de créditos especiais para empresários também deve ser ampliada.
Os empréstimos também devem ser considerados como uma alternativa para manter a empresa em funcionamento. Mas é preciso estar atento a juros e carência para início do pagamento, acrescenta o consultor empresarial.
Ao longo da semana o governo federal anunciou um pacote de medidas com o objetivo reduzir os danos econômicos do coronavírus. Entre as medidas estão o adiamento das parcelas do Simples e o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS) e a possibilidade de reduzir pela metade o salário e tempo de serviço dos empregados.
O consultor do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Espírito Santo (Sescon) Adriano de Figueiredo Ferreira avalia que a medida dá tempo para as empresas tentarem se organizar, mas não é algo que vá fazer diferença para os empresários.
A doutora em Direito Econômico e Financeiro e professora da FDV Karoline Marchiori de Assis destaca outras medidas que poderiam ser tomadas também pelos governos estaduais e municipais: suspensão de prazos para o pagamento de tributos, flexibilização no cumprimento de obrigações acessórias, suspensão de prazos, entre outros.
Em último caso existe até a possibilidade de editar medidas de perdão do crédito tributário. Aqui, caberia falar na concessão de anistia e remissão, mas essas medidas também pressupõem lei específica para sua concessão, explica.
Em posicionamento oficial no site da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o presidente da entidade, Léo de Castro, cita que foram feitas sugestões ao governo estadual para reduzir os impactos econômicos do coronavírus.
Ao governo estadual, entre outras medidas, sugerimos a postergação, por 90 dias pelo menos, do recolhimento de tributos estaduais (ICMS, IPVA) e municipais (ISS, IPTU), visando amenizar o impacto no fluxo de caixa das empresas e famílias em momento de incertezas na produção e na geração de renda.
Apesar de ser um período difícil para as indústrias, comércios e serviços, especialistas destacam que este é um momento em que a criatividade pode salvar os negócios. Alline Zanoni, gerente de negócio do Sebrae, destaca que já existem empresas mantendo suas vendas online.
Elas estão fazendo isso por meio dos sites e redes sociais e utilizando o serviço de delivery para fazer as entregas. Essa é uma opção para quem trabalha com restaurantes, lojas de roupas e calçados, por exemplo. Médios e grandes negócios também podem se adaptar a esta realidade, comenta Zanoni.
Já quem presta serviços precisa ter ainda mais criatividade. Quem trabalha com beleza, por exemplo, pode começar a vender os produtos com os quais trabalha: se for cabeleireira, vende xampus e afins; se for manicure, pode vender esmaltes. Se for um personal trainer, pode passar séries de exercícios para a pessoa malhar em casa com o peso corporal, exemplifica.
Além dessas medidas, o presidente da Associação Comercial e Empresarial do Espírito Santo (ACE-ES), Arthur Avellar, destaca a união que é importante em momentos como este. Estar próximo das entidades de classe facilita para os empresários de todos os tamanhos. Por meio das entidades fica muito mais fácil cobrar ações dos governos, negociar com bancos e sindicatos ações muito importantes neste período, avalia.
Se possível, deve-se separar as despesas por tipo de gasto. Assim, será possível saber quanto vai ser preciso gastar com cada despesa e quanto dinheiro será preciso para manter o negócio pelos próximos meses.
Em tempos de baixa arrecadação, a primeira medida é reduzir os custos tentar renegociar contratos de aluguel, contratos com empresas terceirizadas, diminuir a conta de energia, entre outras medidas para controlar o caixa.
O governo federal adiou o pagamento do Simples para pequenas empresas isso já pode dar uma folga nos próximos três meses. Além disso, o já foi anunciado que o governo vai permitir que as empresas cortem a jornada e o salário dos empregados pela metade.
Sem conseguir produzir, e também para evitar o contágio entre os empregados, empresas estão antecipando férias e dando férias coletivas aos trabalhadores. No Estado, a Marcopolo é uma das companhias que adotou essa estratégia.
Empresas com grande número de empregados e que possuem acordos coletivos de trabalho podem propor a alteração temporária de determinados pontos.
Caso a empresa não tenha como continuar com suas atividades, a empresa pode acordar com o sindicato a criação de um banco de horas. O período sem trabalhar poderá ser compensado quando a empresa retomar as atividades.
Diversos bancos estão oferecendo modalidades diferenciadas para que empresas consigam superar a crise. O indicado por especialistas é procurar os menores juros e as maiores carências para início do pagamento fazendo com que o fôlego seja maior.
Desde que respeitados os critérios de higiene e de controle do coronavírus, empresas podem seguir entregando seus produtos aos clientes por meio do sistema de delivery e mantendo as vendas por Instagram e até WhatsApp.
Num período de baixo consumo as pessoas podem aproveitar para fazer promoções e vender os produtos que já estão há muito tempo em estoque. Também deve-se avaliar a possibilidade de diversificar o negócio aumentando o mix de produtos.
Profissionais que vendem serviços, e não produtos, também podem utilizar as redes sociais para manter os contados com os clientes. Um personal trainer, por exemplo, pode passar séries de exercícios utilizando apenas o peso do corpo dos alunos.
Uma hora a crise vai passar. E quando a situação melhorar, os empresários e empreendedores mais capacitados vão ter condições de sair na frente e se reerguer mais rapidamente.
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