Empreendedores de favelas e periferias do Espírito Santo reúnem seus negócios em uma feira inédita no bairro Santa Lúcia, em Vitória. A primeira edição do Expo Favela Innovation em território capixaba teve início na manhã desta sexta-feira (24) e vai até a noite de sábado (25), no Centro de Eventos Ferrari, com entrada gratuita.
O evento, organizado pela Central Única das Favelas (Cufa), conta com mais de 50 expositores, dos mais diversos nichos. A programação também inclui, entre outros momentos: palestras, painéis de debates, workshops, rodadas de negócios, shows e desfiles de moda.
A artesã Lilian Nunes de Freitas Cunha está entre os expositores da Expo Favela. Trabalhando com crochê há 45 anos, ela vê nas feiras uma oportunidade de levar suas peças a mais pessoas.
“Eu faço crochê desde os 11 anos. Hoje, estou com 56, então, quer dizer, é bastante tempo. Faço bolsa, amigurumi, e outras coisas, mas, hoje, o que mais sai são as mandalas. Faço muito sousplat também, mas as mandalas são o carro-chefe”, conta.
Já Cláudia Dutra atua em conjunto com Cleidimar Pimenta no ramo do design e confecção de moda afro. A dupla tenta tornar os produtos acessíveis aos moradores de periferia, que buscam por peças com as quais se identifiquem.
“É nosso novo projeto, voltado para a identificação da identidade afro das mulheres. Já temos uma empresa, que é de bolsa. Então, a gente consegue já fazer a parte de bolsa (exclusiva). No caso das roupas, a gente está fazendo teste, modelagem, (definindo) questão de estampa tecido, mas tudo voltado para também ser uma moda mais acessível, uma adaptação da moda estilo afro para a nossa realidade e para as pessoas negras de periferias, que querem se identificar e não têm condição (de pagar tão caro)", aponta Cláudia.
Já Cristiane Correia vem da agricultura familiar de Cariacica. O foco da produção são produtos de panificação, mas o grande diferencial dos negócios é outro: sorvetes e chup-chups à base de aipim.
“São produtos da base da agricultura, muito saudáveis, muito gostosos, sem falar que são fitness. Desde 2014, já trabalho com o sorvete de aipim. Meu marido planta e eu faço o sorvete. E há um ano resolvi fazer o chup-chup, por ser mais prático para a pessoa consumir”, relata Cristiane.
A Expo Favela também traz espaços artísticos, como é o caso do estande em que a ilustradora Emanuelly Sena expõe seu trabalho.
“Eu desenho há uns três anos e participo das feiras há quase dois. Geralmente, participo dos eventos de anime, eventos geek. Faço muita fan art, mas estou focando agora em artes autorais. Faço encomendas pelas redes sociais, mas também vendo algumas peças nos eventos, como chaveiros, bottons, artes impressas, que é o que eu tenho por aqui”, explica.
Enquanto uma expõe, outro faz ao vivo. O desenhista Cláudio Gonzaga produz caricaturas ao vivo, sob demanda, e vê em eventos como a Expo Favela mais uma oportunidade de mostrar suas habilidades.
“Sempre desenhei, desde criança, mas fazia mais retratos e pinturas em tela. Eu resolvi ir para caricatura porque acho mais comerciável. É mais fácil de a pessoa aderir, de ganhar o público", observa.
Também há produtos para a casa, como é o caso das velas e aromatizantes de ambientes de autoria de Úrsula Ramos.
“Eu trabalho com perfumaria para ambiente desde 2019. Estou muito honrada de fazer parte da Expo Favela. Muitas vezes não somos vistos no mercado com toda essa potência que temos", destaca.
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