O décimo terceiro salário vem aí. Neste ano, o pagamento do abono aos trabalhadores brasileiros deve injetar R$ 208 bilhões na economia do país, sendo R$ 3,8 bilhões só no Espírito Santo, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Refletindo os impactos da crise causada pela pandemia do novo coronavírus que provocou demissões, o montante é 5,4% menor que o total pago em 2019, já descontada a inflação do período. E, diante do cenário de incertezas, é importante utilizar o dinheiro com responsabilidade.
O 13º costuma ser pago em duas parcelas: a primeira cai na conta até o dia 30 de novembro, e a segunda e última parcela até 20 de dezembro. A empresa, entretanto, pode optar por fazer o pagamento de uma vez só.
Todo trabalhador regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e que tenha trabalhado, em cada mês utilizado no cálculo, por, pelo menos, 15 dias tem direito ao recebimento do abono natalino. Profissionais com carteira assinada, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebem o benefício.
O economista e professor da Fucape, Felipe Storch Damasceno, explica que, idealmente, seria melhor receber todo o valor de uma só vez, mas independentemente de o trabalhador receber a gratificação em uma ou duas parcelas, a prioridade deve ser pagar contas caso a pessoa esteja endividada.
Isso permite que se planeje melhor e fique em uma situação mais confortável no próximo ano. O ideal é quitar a dívida integralmente, mas, se não for possível amortize o máximo possível do débito.
Ao escolher as contas que vai pagar com o dinheiro, o ideal é que o trabalhador priorize sempre as dívidas mais caras, como cartão de crédito, cheque especial e crédito pessoal, que têm juros elevados. Vale, inclusive, tentar uma negociação para obter descontos.
Se não há dívidas, o próximo passo é montar uma reserva de emergência, que, como o próprio nome indica, é uma poupança feita para custear imprevistos, como demissão, doenças, entre outros gastos inesperados.
A assessora de investimentos da Golden Investimentos, Isadora Giaretta, explica que o ideal é que o trabalhador monte uma reserva equivalente a seis vezes seu custo mensal, ou ainda seis meses do seu salário.
Se você o trabalhador ganha, por exemplo, R$ 2 mil, sua reserva deve ser de, no mínimo, R$ 12 mil.
O décimo terceiro é uma forma de dar um pontapé nessa poupança. Algumas opções de investimentos para montar a reserva são título público e renda fixa, que oferecem poucos riscos, destaca.
Uma vez que as pendências sejam sanadas e a poupança esteja feita, há mais liberdade para usar o dinheiro e aproveitar as tão esperadas promoções de fim de ano, a começar pela Black Friday, que ocorre no próximo dia 27.
Se já tem todas essas garantias, seja feliz. Mas, vale lembrar que o nível de endividamento do brasileiro hoje é alto, então é preciso ter consciência ao gastar esse dinheiro, principalmente em um momento de crise. Muita gente se empolga com essa época de promoções e não faz um planejamento, então acaba agravando um problema.
O economista e consultor de finanças Mário Vasconcelos observa que não faltam ofertas, no momento, para quem quer se divertir ou presentear alguém, mas, ainda que a reserva já esteja feita, é sempre aconselhável guardar parte do abono, principalmente se for um trabalhador cuja renda é variável.
Ele conta que um professor de faculdade particular, por exemplo, recebe em função da quantidade de aulas que ministra em um semestre, mas esse quantidade costuma variar bastante de acordo com o período letivo.
Da mesma forma, alguém que trabalha com vendas tem, além do salário, algumas gratificações, como comissão, entre outros, cujo valor oscila mês a mês.
Quanto mais preparada a pessoa estiver para um mês em que a remuneração for menor, melhor. Se guardar de 10% a 15% do décimo terceiro salário já ajuda. Assim, não compromete tanto a reserva, e ainda tem certa liberdade para usar o dinheiro como achar melhor.
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