Afogar as mágoas na cerveja para tentar esquecer da pandemia ou mesmo da alta nos preços dos alimentos não vai ser tão fácil. Isso porque a "loira gelada" também está ficando mais cara em bares e restaurantes do Espírito Santo, e as expectativas são de mais reajustes para as próximas semanas, inclusive nos supermercados.
Depois de meses de "seca", só agora o setor de bares voltou a brindar com a reabertura dos estabelecimentos após a flexibilização das medidas de combate à Covid-19. Porém, ao mesmo tempo os empresários também passaram a ter mais custos. No Estado, segundo o presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares (Sindbares), Rodrigo Vervloet, as despesas com insumos no setor subiram cerca de 15%, e boa parte disso está relacionada à cerveja.
A bebida que faz "ficar alto", agora também vai no mesmo caminho. Um relatório do banco suíço de investimentos Credit Suisse divulgado nesta semana estima que o preço médio das cervejas no país deve ser elevado em cerca de 5% ao longo do mês de setembro pelas fabricantes Ambev, Heineken e Petrópolis. Parte desse aumento, inclusive, já está chegando.
Nos supermercados, que já vivem um cenário de aumento generalizado dos produtos da cesta básica, o preço da cerveja também sinaliza que vai começar a subir. Segundo o presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, já há no Estado relatos de dificuldades como atraso na entrega e preço mais elevado nas fábricas, o que logo deve chegar às prateleiras.
"Ontem (quinta) mesmo, um associado de grande porte nos relatou que a cerveja que eles haviam comprado da Heineken para entregar em agosto não chegou e que a fábrica disse que só entregaria agora em setembro, mas cobrando já o novo preço reajustado. Isso é mais um fator novo que passa a nos preocupar agora", disse.
Segundo Falqueto, as justificativas dadas pelos fabricantes vão desde o custo maior com os insumos importados em dólar como o preço mais alto das latas de alumínio, que passaram a ter demanda maior que a oferta por causa da pandemia, uma vez que os consumidores estão optando mais pelas latinhas, mais vendidas nos supermercados, do que garrafas, que são o carro-chefe dos bares.
Outra explicação é o grande baque sofrido pelo setor na pandemia, que forçou o fechamento de bares, restaurantes e casas noturnas, derrubando também a demanda de cerveja. Logo, as fabricantes tendem a buscar recompor as perdas dos últimos meses com o reajuste dos preços, aumentando a margem de lucro.
A Heineken informou que iniciou neste mês um reajuste nas tabelas de preços para alguns de seus produtos. A fábrica é dona das marcas Heineken, Sol, Kaiser, Bavaria, Amstel, Kirin Ichiban, Schin, No Grau, Devassa, Baden Baden, Eisenbahn e Glacial.
"O reajuste de preços está relacionado à dinâmica natural do mercado brasileiro e à necessidade de compensar o impacto da valorização do dólar, uma vez que grande parte dos insumos envolvidos na produção das cervejas, incluindo, principalmente, o malte e materiais de embalagens, é importada", declarou a empresa em nota.
Sobre a queixa de atraso na entrega, a Heineken afirmou que a distribuição de todos os seus produtos está normalizada na região do Espírito Santo e que a companhia está à disposição para atender seus clientes e parceiros por meio dos seus canais de atendimento.
Já a Ambev, dona de marcas como Brahma, Budweiser, Corona, Bohemia, Antarctica, Original, Skol e Stella Artois, informou que deve promover reajustes ao longo do semestre em diferentes regiões, mas que ainda não foram definidos percentuais.
Porém, a intenção da companhia é manter os preços de chopes e bebidas retornáveis para estimular o segmento de bares e restaurantes nessa reabertura, deixando os aumentos para os produtos mais caseiros como latinhas e long necks.
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