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Desastre de Mariana: ES e MG concordam em repactuar acordo bilionário

Desastre de Mariana: ES e MG concordam em repactuar acordo bilionário

Estados concordaram em fazer uma repactuação dos valores entre os diferentes entes federativos para compensação financeira por donas da Samarco

Publicado em 18 de março de 2023 às 13:33- Atualizado há 2 anos

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Linhares - Foz do Rio Doce, poluída pela lama que veio da barragem da mineradora da Samarco
Foz do Rio Doce poluída pela lama que veio da barragem de Mariana em 2015. (Fernando Madeira)

Em reuniões comandadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta semana, as partes do acordo de reparação pela tragédia em Mariana, entre elas o governo do Espírito Santo, concordaram em fazer uma repactuação dos valores entre os diferentes entes federativos para compensação financeira pelo desastre.

Conforme o colunista Abdo Filho, de A Gazeta, havia noticiado, o acordo com as donas da Samarco ficou mais perto após o governo Lula assumir. O tamanho do débito das empresas - os sócios da Samarco são Vale e BHP Billiton - e o prazo de pagamento são os principais pontos em discussão. O que se sabe é que o acordo deve ficar na casa dos bilhões de reais.

Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, com rejeitos da extração de minério de ferro feita pela Samarco, rompeu na região central de Minas Gerais. Dezenove pessoas morreram e todo o entorno do Rio Doce (853 quilômetros) sofreu, e ainda sofre, com as graves consequências socioambientais provocadas pela tragédia.

O governo do PT tem interesse de rever o montante de recursos destinados à União. A avaliação é de que o que está sendo oferecido é pouco para dar o termo de quitação às empresas, ou seja, isentá-las de demandas judiciais futuras.

De acordo com fontes o jornal "Folha de S. Paulo", o governo de Jair Bolsonaro (PL) não havia brigado por mais recursos porque, com o teto de gastos, não teria condições de gastá-los.

A situação mudou, no entanto, com a emenda da transição aprovada pelo Congresso Nacional no final do ano passado. Ao abrir espaço para o Bolsa Família no teto de gastos, os parlamentares deixaram uma brecha também para recursos recebidos de fontes externas para a área de meio ambiente. As indenizações de Mariana se encaixariam nesse quadro.

Ideia é que União assuma mais obrigações

Diante da nova situação, Espírito Santo e Minas Gerais concordaram em redistribuir os recursos, desde que a União assuma também mais obrigações, já que a divisão já está vindo carimbada. Reabrir as discussões pode retardar ainda mais a assinatura do acordo.

O governo federal poderia, por exemplo, assumir a dragagem dos rejeitos no rio Doce, ou o reflorestamento das áreas atingidas e, assim, receber os valores destinados para essas atividades.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, porém, já sinalizou não estar disposta a assumir as obrigações. Na avaliação dela, afirmam interlocutores, cabe às empresas realizarem as ações necessárias para a reparação.

A briga será, portanto, por recursos para serem aplicados no reaparelhamento dos órgãos de fiscalização, como o Ibama. Hoje, o montante para a União está perto de R$ 6 bilhões, a serem aplicados em um fundo, sob gestão do BNDES, para fomento à economia verde na região.

Após as reuniões desta semana, que marcam o reinício das negociações no governo Lula, o coordenador no CNJ, Luiz Fernando Bandeira de Mello, encaminhou à Casa Civil os principais nós ainda pendentes de definição do governo federal.

Há divergências, por exemplo, sobre o período de suspensão da pesca nas áreas afetadas, e sobre quem administrará os recursos destinados para o SUS (Sistema Único de Saúde), se a União ou se os fundos estaduais e municipais.

Em 15 dias, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deve fazer uma nova reunião, com os estados, para debater esses e outros pontos.

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