A alta do dólar tem pressionado indústrias de alimentos como café, trigo e arroz. O movimento preocupa os fabricantes porque o repasse para o preço final no varejo pode espantar o consumidor. A moeda americana fechou em R$ 5,51 nesta quinta-feira (25).
Celírio Silva, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), diz que a nova alta de custos ainda não chegou às prateleiras, mas não é possível saber até quando. Segundo ele, o câmbio tem afetado principalmente os insumos da produção.
No arroz, cujos preços explodiram em 2020, a pressão inflacionária ainda persiste, segundo Andressa Silva, diretora da Abiarroz.
Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, associação das indústrias do trigo usado em produtos como o pãozinho e o macarrão, diz que os moinhos vêm enfrentando aumento nos custos de importação do insumo, mas a maioria ainda está segurando os repasses porque tem receio de perder consumidores neste momento. A entidade diz que a rentabilidade do setor está em queda e não faz previsões de preços futuros.
Segundo Thiago Berka, economista da Apas (associação de supermercados), em geral, o dólar precisa ficar 60 dias em patamar mais alto para gerar inflação. Ele diz que espera acomodação nos preços após a forte aceleração para o setor em 2020, de 15%.
Outro fator que deve seguir pressionando os preços é a pandemia do coronavírus. Pelo menos nos próximos meses, os consumidores devem continuar sentindo no bolso um aumento generalizado nos preços, que vai desde os alimentos, que têm pressionado o orçamento familiar, até o preço de produtos como eletrodomésticos.
A avaliação de analistas é que a retomada em "V", comemorada há poucos meses, pode já estar perdendo fôlego em meio às incertezas quanto à segunda onda da pandemia, que se alastra rapidamente pela região Norte com uma nova cepa do coronavírus, e está longe de ser contida no ritmo atual de vacinação no país.
Para 2021, a previsão é de aumento generalizado nos preços de vários produtos. Os combustíveis e o gás de cozinha, por exemplo, estão com os preços em alta e devem continuar encarecendo a medida que o barril de petróleo e dólar se valorizam.
No Espírito Santo, o litro da gasolina já é vendido a R$ 5,70. O diesel mais caro também pressiona os preços dos alimentos, já que os custos do frete rodoviário sobem.
A custo da energia elétrica também deve subir mais. O volume de chuva abaixo do esperado nos últimos meses do ano passado comprometeu os reservatórios e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou o acionamento das usinas térmicas, que têm um custo maior para gerar energia. Esse gasto adicional será repassado na conta de luz.
Em Manaus (AM), a disseminação de novas variantes da Covid freou a produção da indústria da Zona Franca neste início de ano, num momento em que as fábricas estavam a todo vapor. Indústrias que não trabalham com itens essenciais – como alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza, insumos farmacêuticos, entre outros – tiveram seu funcionamento severamente restrito em janeiro por causa do agravamento da crise sanitária.
Fabricantes de eletroeletrônicos calculam que tenham perdido entre 30% e 40% na produção, o que deve impactar no preço dos mais variados produtos. É na Zona Franca que são produzidos, por exemplo, os televisores, aparelhos de ar-condicionado e motocicletas comercializados no país, bem como boa parte dos telefones celulares, notebooks e fornos de micro-ondas. Com isso, os preços destes produtos no país também deve sofrer um choque.
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