Em meio a reclamações de cancelamento de voos da Ita, de atrasos de salários e do não pagamento das dívidas com os credores do processo de recuperação judicial, o Grupo Itapemirim foi envolvido em uma nova polêmica.
O dono da empresa, Sidnei Piva de Jesus, tem expandido a área de negócios e agora tem uma empresa offshore, a SS Space Capital Group UK LTD. Ele abriu a firma neste ano no Reino Unido. A informação foi divulgada pelo site Congresso em Foco e confirmada por A Gazeta.
Segundo o site OpenCorporates, consultado por A Gazeta, que mostra as companhias constituídas no exterior, principalmente em paraíso fiscal, a firma de Piva tem um capital de 785 milhões de libras, aproximadamente R$ 6 bilhões.
Segundo o relatório desse site, a companhia, com sede em Londres, na Inglaterra, teve as primeiras movimentações no fim de abril. A proposta é atuar como uma holding de serviços financeiros e fundos de investimentos.
Em nota, a Itapemirim disse que não tem relação com a empresa SS Space Capital e que o negócio é uma iniciativa pessoal de Piva.
Sobre as outras queixas, o Grupo Itapemirim disse que tem tem cumprido rigorosamente o plano de recuperação judicial com todos os credores.
"Vale ressaltar que o Grupo Itapemirim protocolou em 24 de maio petição à 1ª Vara de falências e recuperações judiciais do foro central da comarca da capital - Estado de São Paulo para encerramento do processo de Recuperação Judicial", disse em nota.
Com estreia das operações realizada no início deste semestre, a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), nova companhia aérea brasileira criada pelo Grupo Itapemirim, tem dado "voos de galinha" desde a sua criação, que ocorreu em meio a um processo de recuperação judicial da Viação Itapemirim, principal negócio do conglomerado, e da maior crise da história do setor aéreo, ocasionada pela pandemia da Covid-19.
No jargão econômico, um voo de galinha acontece quando a economia inicia um processo de recuperação, mas, por falta de condições estruturais não consegue ir muito longe e, pouco tempo depois, volta a recuar ou entra em estagnação. A mesma lógica pode ser aplicada a outros casos, como empresas.
No caso da ITA, trata-se da situação conturbada enfrentada pela companhia aérea. Não é um cenário tão incomum no país, que, apenas nos últimos anos viu a ascensão e queda de operadoras como Flyways, Flex, WhiteJets, sendo a Avianca Brasil (Oceanair) uma das que mais perduraram. Outras entraram em recuperação judicial, como foi o caso da Latam.
A ITA, especificamente, não está em recuperação judicial, mas foi pelo Grupo Itapemirim, companhia que enfrenta hoje este cenário.
A ITA foi criada no ano passado para ser um braço do grupo Itapemirim no transporte aéreo. O novo negócio surgiu sob desconfiança do mercado, tendo em vista o processo de recuperação judicial enfrentado desde 2016 pela Viação Itapemirim, principal negócio do complexo fundado por Camilo Cola em 1953 e vendido para o empresário paulista Sidnei Piva em 2016.
No último dia 2, um grupo de credores protocolou, junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde corre o processo, um novo pedido de falência da viação e de empresas que fazem parte do mesmo conglomerado.
À reportagem, o grupo Itapemirim informou que “trata-se de um pedido sem fundamento jurídico, que ainda será analisado pela Justiça. Por este motivo, a empresa protocolou, na última sexta-feira (3), no Tribunal de Justiça de São Paulo, uma petição contra o grupo de credores por flagrante má fé-processual, já que os mesmos não estão aptos a contar com os depósitos, uma vez que não ocorreu o envio de procuração com poderes para dar e receber quitação (documento solicitado pelas recuperandas quando os patronos informam seus próprios dados bancários).”
A empresa requisitou ainda que o caso seja encaminhado ao Ministério Público para que seja investigado possível crime falimentar.
“O Grupo Itapemirim reafirma que cumpre rigorosamente todas as cláusulas do plano e, inclusive, já solicitou o encerramento da recuperação judicial em 24 de maio [de 2021], aguarda decisão da Justiça e segue com suas operações normalmente.”
O grupo segue fazendo investimentos. Em outubro, lançou, em parceria com bancos, a ITA Bank, fintech que oferece uma conta digital gratuita com serviços como PIX, transferências e pagamentos, além da possibilidade de contratação de crédito, seguros e consórcios, a fim de ajudar clientes na compra de passagens aéreas e rodoviárias.
Além disso, em entrevista ao UOL, o presidente do grupo, Sidnei Piva, disse que há projetos para abrir mais duas empresas aéreas a partir de 2023, sendo uma na Europa e outra nos Estados Unidos. Não obstante, há planos de voarem para outros países da América do Sul no ano que vem.
*Com informações da Agência Câmara
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