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Economia do ES cresce, mas queda na produção de petróleo e gás preocupa

Economia do ES cresce, mas queda na produção de petróleo e gás preocupa

A economia do Espírito Santo registrou avanço de 4,4% no primeiro trimestre deste ano, mas desempenho da indústria é impactado pela queda na atividade extrativa.

Publicado em 10 de junho de 2022 às 15:48

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Terceiro maior produtor de petróleo do país e quarto maior produtor de gás, o Espírito Santo deve encarar, nos próximos anos, um período de desaceleração da produção em função do amadurecimento dos poços. A tendência de queda vem sendo observada já há algum tempo e é uma preocupação para a indústria capixaba. O setor, apesar de apresentar resultado geral positivo, acumula perdas no segmento extrativo.

Conforme observou a economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva, em entrevista coletiva para apresentação do Indicador da Atividade Econômica (IAE) do Estado, nesta sexta-feira (10), as atividades de extração de petróleo e gás natural no Estado recuaram 10,8% no primeiro trimestre de 2022, na comparação interanual. A redução contribuiu para a queda de 4,4% da indústria extrativa no período, apesar do crescimento na atividade de pelotização do minério de ferro (13%).

FPSO Espírito Santo, da Shell, que atua na produção de petróleo no Parque das Conchas, no Espírito Santo
FPSO Espírito Santo, da Shell. (Acervo Shell)

“A produção de pelotas de minério de ferro tem sido positiva, mas o setor de petróleo tem um peso maior do que de pelotização e isso faz com que o fato de a pelotização ter crescido 13% não seja suficiente para compensar a perda do setor de petróleo e gás. O Espírito Santo tem campos já muito maduros, estamos em um momento da curva de produção que exigem novos investimentos.”

A presidente da Findes, Cris Samorini, observou que o projeto Integrado Parque das Baleias (IPB), que é um dos investimentos mais aguardados do setor de petróleo e gás capixaba, está previsto para entrar em operação em 2024. O projeto, que atualmente está em fase de licitação, prevê a instalação de um novo navio-plataforma, que ampliará a produção no campo de Novo Jubarte, no Litoral Sul capixaba.

“Ainda assim, é muito distante de uma capacidade produtiva que o Espírito Santo já teve. É uma coisa que a gente tem que fazer como reflexão sempre o impacto que isso representa para o Estado uma vez que a gente tem uma dependência muito grande da intenção da Petrobras em fazer investimento. Pode ser um ciclo muito longo, e talvez a gente não tenha tempo para esperar isso.”

Economia do ES cresce, mas queda na produção de petróleo e gás preocupa

A executiva pontua, entretanto, que há algumas perspectivas positivas, com a perfuração recente de um poço de petróleo na área de pré-sal do Estado, e a previsão de investimentos por parte de outras empresas. Essas ações devem ajudar a impulsionar o setor, que tem previsão de  movimentar mais de R$ 8 bilhões até 2025, conforme já noticiou A Gazeta.

“E na parte de pelotização, a gente ainda não está com a Samarco operando a pleno vapor. Na hora que conseguirmos ter a empresa com capacidade ampliada, esperamos que isso tenha um impacto positivo, considerando que é uma indústria importante para o Estado.”

De modo geral, a indústria capixaba registrou crescimento de 0,5% no primeiro trimestre deste ano, um desempenho que é explicado principalmente pela indústria da transformação, que avançou 6,1%, com destaque para a maior fabricação de produtos alimentícios (20,6%), da metalurgia (13,1%) e da produção de papel e celulose (2,0%). Energia e saneamento (5,1%) e construção civil (3,5%) também tiveram bom desempenho.

ECONOMIA DO ES AVANÇOU 4,4% NO PRIMEIRO TRIMESTRE

Demais setores produtivos também tiveram bom desempenho, contribuindo para a manutenção do crescimento da economia do Espírito Santo, que apresentou avanço de 4,4% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2021. Isso se deve principalmente ao setor de serviços, que cresceu 6,6% nos três primeiros meses de 2022.

O setor responde por 58,4% da economia capixaba, e foi impactado positivamente pelo aumento das atividades de transporte (14,2%), comércio (6,4%) e outros serviços (5,6%). Conforme observa a economista-chefe da Findes, Marília Silva, isso se deve, em muito, a uma demanda reprimida no período de pandemia, e ao afrouxamento de restrições que haviam sido impostas anteriormente para conter o avanço do coronavírus.

“É um resultado que está muito pautado pelo momento que a gente vive da pandemia. Esse foi um trimestre em que não tivemos restrições. As escolas voltaram, os eventos voltaram, os serviços, de modo geral.”

A agricultura também teve desempenho positivo, com crescimento de 3,7%, puxado pelo aumento, por exemplo, na produção de café (arábica e conilon), banana, pimenta-do-reino e tomate. A pecuária, por outro lado, apresentou queda 2,6%.

Para os próximos trimestres, a previsão é incerta. Fatores como o conflito entre Rússia e Ucrânia, a redução do crescimento global, o ano eleitoral e a inflação podem impactar os resultados.

“O Espírito Santo é uma economia voltada para fora, temos grandes empresas e boa parte da nossa economia exportadora. Então de fato isso exige uma atenção nossa para os próximos meses. Com o conflito Rússia-Ucrânia, já temos um grau de incerteza grande, mas se adicionarmos o fato de que teremos eleição, fechar (previsão de) cenário é algo bastante complicado, mas o setor agro, por exemplo, que já performou bem no primeiro trimestre, tem expectativas reais de fechar o ano com crescimento”, reforçou Marília.

Para tentar minimizar os impactos das oscilações do mercado global a aposta, agora, está na diversificação da economia, e as executivas observam que diversas empresas no Estado, inclusive as próprias indústrias, têm investido em inovação.

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