Interrompendo uma trajetória de alta, entre julho e setembro deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) capixaba recuou 2,5% na comparação com trimestre anterior, sendo o primeiro resultado negativo desde o primeiro trimestre de 2021 (-0,1%). O resultado ficou abaixo da média nacional (0,4%), conforme dados apresentados pelo Instituto Jones do Santos Neves (IJSN), nesta terça-feira (6).
O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas em um determinado local. O diretor de Integração do IJSN, Pablo Lira, observa que além de fatores locais, como a maturação dos campos de petróleo no litoral capixaba, que vem se tornando mais perceptível ao longo dos anos, e a queda na mineração, as conjunturas nacional e global também têm impactado os resultados regionais.
“Passamos por um processo eleitoral que postergou a tomada de decisões enquanto ainda havia muita incerteza econômica, também estamos vivendo um cenário de alta de juros em nível nacional, e tudo isso afeta o resultado do Espirito Santo, mas o Estado tem um grau de abertura que é quase o dobro da média nacional e a economia capixaba já está captando os efeitos negativos das incertezas da economia mundial.”
Entre os riscos, Lira cita o temor de uma possível recessão global, o prolongamento da guerra na Ucrânia e as políticas de contenção do coronavírus na China, que é um dos principais parceiros comerciais do país e do Espírito Santo.
A China mantém, ainda hoje, uma política de Covid zero, que tem levado a uma série de protestos, em um momento em que vacinas já estão disponíveis. Indústrias chinesas têm chegado a paralisar suas atividades em função das restrições.
Na comparação interanual, isto é, com o mesmo período de 2021, a queda foi de 0,4%. No ano, a economia capixaba acumula um avanço de 2,4%, mas o resultado trimestral evidencia a desaceleração.
A indústria geral teve queda de 4,9%, afetada principalmente pelo recuo de 17% na indústria extrativa. A indústria de transformação, por outro lado, teve aumento de 0,8%, ajudando a contrabalancear o resultado.
O comércio varejista ampliado, que comporta, por exemplo, lojas dos mais diversos tipos, teve uma ligeira retração (-0,2%), com queda de 8,9% nas vendas de veículos, motocicletas, partes e peças, que tem um peso significativo nos resultados gerais do setor. “Esse resultado é explicado pelo próprio aumento do preço desses bens, e a redução na comercialização desses produtos acaba afetando o resultado geral”, pontua Lira. O varejo restrito registrou aumento de 6,8%.
O resultado geral da economia só não é pior por ponta da expansão das atividades do setor de serviços, que apresenta avanço de 9,4%, influenciado pela expansão de 29,3% em serviços prestados às famílias e pelo crescimento de 10,7% em transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, atividade de maior peso entre aquelas investigadas pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
Além disso, diversas produções agrícolas registraram aumento, como é o caso do café conilon (7,0%), café arábica (38,4%), pimenta-do-reino (5,3%), banana (0,6%), cana-de-açúcar (6,3%) e cacau (2,7%).
A estimativa do PIB nominal do Espírito Santo no terceiro trimestre de 2022, em valores correntes, foi de R$ 44,4 bilhões e totalizou R$ 174,4 bilhões no acumulado em quatro trimestres.
Para o quarto trimestre, há uma expectativa positiva para o comércio, tanto para o varejo restrito quanto o ampliado, sob efeito da Black Friday, a Copa do Mundo e as festas de final de ano. “São fatores que, na escala local, podem contribuir para um cenário mais otimista. Isso sem falar nos investimentos que estão em curso”, frisou Lira.
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