Fios elétricos irregulares produzidos em uma fábrica da Serra que foi interditada pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (10) foram comercializados em pelo menos dez Estados, inclusive no Espírito Santo. O material é capaz de causar o superaquecimento da rede de energia, curto circuitos e até mesmo incêndios.
As autoridades agora investigam se as lojas que revendiam os fios tinham ciência da qualidade do material, que além de colocar em risco a segurança de pessoas, contribuía para acréscimo significativo do consumo de energia elétrica, gerando aumento da conta do consumidor.
As informações foram repassadas na tarde desta terça-feira pelo delegado Eduardo Passamani, titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, e pelo deputado estadual Vandinho Leite, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa. As instituições estão à frente da Operação Elétron, em conjunto com o Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (Ipem).
As investigações levaram à prisão de um empresário que mora na Praia do Canto, em Vitória. O suspeito não teve a identidade revelada, contudo, segundo a Polícia Civil, já esteve preso em 2019 pelo mesmo crime. A prisão, naquela época, foi feita em flagrante, cabendo fiança, que foi arbitrada em R$ 100 mil.
Embora tenha feito o pagamento, o responsável pela fábrica voltou a infringir a mesma norma, o que levou a Justiça a determinar a quebra da fiança, e expedir um mandado de prisão preventiva para que permaneça detido enquanto responde ao processo. Não cabe nova fiança.
"Vamos continuar a investigação para saber se outras pessoas estavam envolvidas nessa fraude, e se as empresas que estão revendendo tinham conhecimento de que essa fiação era irregular, porque podem ter adquirido esse produto com valor muito abaixo do preço de mercado, tendo consciência ou pelo menos a suspeita de que esses fios poderiam ter algum tipo de problema”, explicou o delegado.
Os documentos arrecadados mostram que a empresa vendeu o produto fora das normas de segurança para hospitais, igrejas, escolas, construtoras e diversas lojas de material de construção, que revenderam a mercadoria para um grande número de consumidores finais.
As análises continuam a fim de verificar se os estabelecimentos tinham ciência dos riscos envolvendo o material, mas também para identificar consumidores que foram efetivamente lesados.
Segundo o delegado, durante interdição à fábrica, localizada no bairro Boa Vista II, na Serra, funcionários chegaram a narrar que foram procurados por consumidores de diversos locais, reclamando que a fiação derreteu e pegou fogo.
“Não conseguiremos, a curto prazo, identificar todos que compraram. É uma lista extensa, com empresas no país inteiro”, comentou, explicando que, em território capixaba, a venda foi feita não apenas na Grande Vitória, mas também em outros municípios.
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