Empresários do ES lamentam saída de Moro e pedem ação contra a Covid-19
Os setores se preocupam com os sinais divergentes que o presidente Jair Bolsonaro passa para mercado. Segundo eles, o cenário aumenta incertezas sobre o futuro do país
Publicado em 24 de abril de 2020 às 17:44
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fala a imprensa sobre seu pedido de demissão do cargo . (Marcello Casal Jr/Agência Brasil )
A renúncia de Sergio Moro ao cargo de ministro da Justiça do governo Bolsonaro repercutiu de forma negativa no meio empresarial capixaba. Segundo representantes dos setores produtivos do Espírito Santo, essa é uma grande perda para o país, principalmente em relação ao combate à corrupção, que era uma das bandeiras do presidente da República propagada por muitos empresários.
A decisão de Moro traz mais ruídos para o país e aumenta as incertezas dos investidores sobre o processo de recuperação brasileira. Além disso, há uma preocupação sobre uma possível queda do ministro da Economia, Paulo Guedes, nos próximos dias.
Após o anúncio, realizado no final da manhã desta sexta-feira (24), as ações nacionais caíram na B3 e o dólar voltou a subir. A preocupação dos setores é que o presidente emite sinais divergentes para mercado, o que aumenta a incerteza de futuro do país para os investidores.
Construção civil: "Agora é o momento de pensar no Brasil"
Paulo Baraona, presidente do Sinduscon. (Arquivo/A Gazeta)
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon), Paulo Alexandre Baraona, ressaltou que Moro é considerado um baluarte do combate à corrupção e ao crime organizado, o que gera uma desconfiança. Ainda de acordo com ele, o momento agora é de pensar no Brasil e o setor produtivo tem uma grande contribuição a dar, mas, para isso, todos os poderes precisam estar unidos.
Tudo o que não precisamos é piorar a situação em que nos encontramos, de pandemia. É importante que o setor produtivo tenha calma para não piorar a situação. Temos que pensar mais no Brasil e menos na política partidaria. Queremos que a saída do Moro não cause uma descontinuidade do trabalho que ele vinha realizando de combate à corrupção
Federação da Agricultura: "Parece que é uma política de governo e não de Estado"
Júlio Rocha, presidente do Federação da Agricultura. (CNA/Divulgação)
Segundo o presidente da Federação da Agricultura, Júlio Rocha, as decisões tomadas por Bolsonaro têm que ter racionalidade e limites. A exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal, que culminou com a renúncia de Moro, para ele, "parece que é uma política de governo e não de Estado".
Nós como cidadãos lamentamos. Porque [Moro] é um homem que foi um alicerce do princípio de moralização. As políticas deveriam ser quase sempre e no máximo possível de Estado, o que se caracteriza no exercício de uma política de governo
Federação dos Transportes: "Saída de Moro é uma notícia de impacto"
Jerson Picoli, presidente da Fetransportes . (Fetransportes/Divulgação)
De acordo com o presidente da Federação de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), Jerson Picoli, a saída de Moro é uma notícia de impacto para todo o país. Para ele, o, agora, ex-ministro é uma perda muito grande para a imagem do governo federal. "Ele poderia contribuir muito com o governo. O Brasil todo o reconhece [Moro] como tendo uma boa equipe."
Já uma possível saída do Guedes também seria uma perda ainda maior. Estamos conduzindo a economia e em meio a uma pandemia e o mundo todo está tendo perdas muito grandes. Essa é uma situação muito delicada
Federação das Indústrias: "O país tem grandes desafios a enfrentar"
Léo de Castro, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, diz que país precisa estar focado em combater a pandemia. (Carlos Alberto Silva)
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, aponta que país tem grandes desafios a enfrentar. Para ele, o foco neste momento de crise deve ser no combate à pandemia do coronavírus.
O país tem grandes desafios a enfrentar. Uma pandemia que ainda não atingiu seu pico e uma intensa agenda de reformas para estimular a economia, que já vinha se recuperando lentamente. O que precisamos é de soluções de estabilidade política. Precisamos focar nas prioridades da nação: o combate ao coronavírus e a recuperação da atividade econômica e dos empregos