Realizada há mais de 20 anos, a Vitória Stone Fair é o evento referência em pedras naturais das Américas e uma das mais importantes feiras no calendário mundial do setor. Neste ano, recebe 250 expositores e 15 mil visitantes, em programação que vai até sexta-feira (2), no Pavilhão de Carapina, na Serra. Além de gerar negócios, é importante na economia local, visto que abre oportunidades em áreas como turismo de negócios, hotelaria, transporte e gastronomia. São movimentados cerca de R$ 25 milhões na cadeia produtiva durante o evento.
E justamente pela região da Grande Vitória receber tantos visitantes na semana do evento, o setor hoteleiro capixaba prevê perda milionária com a saída da feira do Espírito Santo. Já o setor responsável pela organização e promoção de eventos no Estado estima que, com a transferência da feira para outro local, as empresas envolvidas podem perder de 5% a 8% do faturamento anual.
No primeiro dia de Vitória Stone Fair, a organização anunciou que, a partir do ano que vem, o evento vai se chamar Marmomac Brasil e será realizado em São Paulo. A ideia da mudança para a capital paulista é dar mais visibilidade, dentro do Brasil e no exterior, ao negócio de rochas ornamentais e, consequentemente, encorpá-lo.
O presidente do Sindicato das Empresas de Organização, Promoção e Infraestrutura para Eventos (Sindiprom-ES), Alfonso Silva, afirma que a saída da feira do Espírito Santo vai ter grande impacto no segmento.
Segundo ele, a realização da feira envolve em torno de 50 atividades econômicas, como negócios de infraestrutura e montagens de estandes, segurança, limpeza, decoração, mobiliário, comunicação visual, ar-condicionado, mão de obra temporária, tradutores, pedreiros e logística, entre outros.
Atualmente, um evento como a Vitória Stone Fair movimenta de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões na cadeia produtiva. Em muitas empresas, pode chegar a representar de 5% a 8% do faturamento dos negócios do setor, estimam tanto o Sindiprom-ES quanto o Espírito Santo Convention & Visitors Bureau.
"A feira indo para São Paulo é uma grande perda para o Espírito Santo e um grande ganho para o Brasil. Vai continuar a ser importante e uma vitrine para o Espírito Santo", pondera Alfonso.
Diante dessa situação, o presidente do Sindiprom-ES afirma que o setor vai buscar um calendário com novos eventos que possam suprir essa perda. Ele exemplifica que uma feira da construção civil prevista para julho deste ano é uma dos que pode ajudar a movimentar o setor, bem como o fortalecimento da Cachoeiro Stone Fair.
Para o vice-presidente do Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Espírito Santo (Sindihotéis-ES), Gustavo Guimarães, o prejuízo envolve áreas da hotelaria, transporte, agências de viagens e também bares e restaurantes. Segundo Guimarães, somente em relação setor que representa, esse período de ocupação gerava algo em torno de R$ 10 milhões em receita na Grande Vitória na semana do evento.
Ele acrescenta que a busca por hospedagem sempre foi tão significativa que, em anos passados, pessoas chegavam a ficar em motéis, pois não havia mais vaga na hotelaria da Grande Vitória.
A Secretaria de Estado do Turismo (Setur) também aponta o impacto da feira no turismo, com a ocupação se aproximando de 90% na semana da feira nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2023, superando a média de ocupação no mês da realização. Em 2021 e 2022, anos afetados pela pandemia, a ocupação ficou em 55% a 77%, respectivamente, em estimativa feita no período em que a feira teria data prevista para ocorrer.
Segundo o presidente-executivo do Espírito Santo Convention & Visitors Bureau, Paulo Renato Fonseca Junior, agora o setor precisa dar um passo adiante, buscando ampliar ainda mais essa visibilidade ao partir para o maior centro comercial do Brasil, que é São Paulo.
Além disso, ele cita que existe o novo projeto de ampliação e adequação do Centro de Eventos de Carapina, numa parceria do governo do Estado, onde serão construídos novos pavilhões, mantendo em pleno funcionamento os atuais, garantindo com isso a sequência dos eventos do calendário.
Já Elcimar de Paula, empresário do setor de eventos, avalia que o prejuízo para o mercado de eventos é enorme, visto que a Vitória Stone Fair sempre foi o maior evento comercial do setor no Espírito Santo e o que atrai muitos prestadores de serviço do Estado e também de outras regiões.
“Temos vários fornecedores locais que atendem o evento, desde mão de obra na parte operacional até as grandes montadoras de estrutura para eventos. Além disso, perderemos um grande fluxo de turistas, que chamamos de turismo de negócios, onde o comércio em geral vai estar perdendo com a mudança de local da feira”, destaca.
O empresário acrescenta que o setor de eventos vem pleiteando há anos a melhoria no Pavilhão de Carapina. Segundo ele, a falta de infraestrutura adequada eleva muito o custo dos eventos. “A mudança de local está chamando muito atenção neste momento, mas o prejuízo maior é na dificuldade de captação de novos eventos, sempre batemos na dificuldade com infraestrutura do local”, afirma.
Segundo os organizadores da Vitória Stone Fair, o novo posicionamento vai permitir diversificar ainda mais o público da feira, principalmente com a participação de arquitetos e designers. São Paulo, que é o maior centro urbano do Brasil, tem uma posição estratégica para atrair novos consumidores e fomentar novos negócios. Flávia Milaneze, CEO da Milanez & Milaneze, empresa organizadora do evento, afirma que a ideia é potencializar e apresentar as riquezas do Espírito Santo.
Ela destaca, ainda, que a mudança é em atendimento a uma demanda do setor, para levar as rochas naturais para novos públicos. "A Vitória Stone Fair está se transformando em um projeto maior, se transformando na Marmomac Brasil. Não significa que o setor está saindo o Espírito Santo. Continuamos com a feira em Cachoeiro e temos projetos de trazer outros eventos", ressaltaFlávia.
Dos 250 expositores da feira atual, 60% são de empresas do Espírito Santo, que devem continuar apresentando seus produtos na feira que será realizada na capital paulista. "São passos que a gente precisa dar para desenvolver cada vez mais. No primeiro momento, tem um impacto, mas tende a atrair mais gente ao longo do ano, fazendo com que mais pessoas venham para o Estado", conclui Flávia.
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