Empresas do Espírito Santo tentam quebrar barreiras para permitir que mulheres cheguem aos cargos de liderança. Essa realidade, inclusive, trouxe um fato inédito para o Estado, com a eleição da primeira mulher presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), em abril, e o crescimento da adoção de ações que promovam maior inclusão delas em ambientes tradicionalmente masculinos.
Um dos exemplos é a ArcelorMittal Tubarão, que no ano passado lançou um programa para promover mais diversidade e neste ano aderiu à ONU Mulheres. O objetivo do programa da Organização das Nações Unidas é que, até 2025, 30% dos cargos de alta liderança, a partir de gerente-sênior, em todo o mundo, sejam ocupados por mulheres.
Esse foi o primeiro grande passo para criar uma cultura que vai contribuir para agregar mais valor, pois quando construímos um ambiente com mais inclusão, temos um retorno bastante positivo em todos os aspectos, inclusive o financeiro, já que há essa diversidade de olhares, observa a gerente geral de Finanças e Estratégia da ArcelorMittal Aços Planos, Cristina Pereira de Morais Oliveira.
Cristina conta que a sua área de atuação, dentro da empresa, é bastante diversa, sendo que, inclusive, ela tem mulheres como subordinadas. E ter mulheres em posições de comando em uma empresa é uma forma de inspirar outras a buscarem por aquilo.
Ela mesma conta que seguiu o exemplo da mãe, que aos 40 anos decidiu fazer faculdade, foi estagiária aos 43 e aos 45 anos foi contratada por uma empresa, após passar por um processo seletivo.
Essa observação está bem dentro da realidade do mercado, uma vez que a presença de mulheres em cargos de liderança contribui para um desempenho maior e lucratividade das companhias, segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizado em 70 países. Esse mesmo relatório mostrou que 75% das corporações que têm mulheres em cargos gerenciais registraram aumento nos lucros de 5% a 20%.
Chris Samorini foi eleita em abril deste ano presidente da Findes. É a primeira mulher a ocupar essa posição no Espírito Santo e a única voz feminina entre os 26 gestores das Federações da Indústria de todo o país. Mas ela conta que não se sente intimidada e sua presença serviu até de inspiração para refletirem sobre meios de dar mais oportunidades a outras mulheres em posições de liderança.
A repercussão tem sido além do que esperava. Tenho recebido, inclusive, mensagens de inspiração pelas redes sociais. Mas, desde o início, durante a campanha, não quis explorar o fato de eu ser mulher, pois não foi isso o que me fez ocupar os espaços. É um estágio da vida e a minha posição é um cargo que cabe bem tanto uma liderança masculina quanto feminina, observa.
Vinda de um ambiente predominantemente masculino, o setor da indústria gráfica, Chris Samorini conta que foi construindo seu posicionamento como profissional desde o início, incentivada, inclusive, pelo pai, que nunca fez qualquer distinção entre ela e o irmão.
Sempre convivi em ambientes predominados por homens e meus executivos, hoje, na Findes, são todos homens. Mas sempre tive muito apoio de todos, inclusive, quando preciso me ausentar para me dedicar a questões pessoais, principalmente quando envolvem meu filho, conta.
Apesar de trabalhar em um ambiente com predominância masculina, Chris conta que as mulheres são, hoje, maioria na indústria capixaba. Dos 1.666 colaboradores de todo o sistema, 1.004 são do sexo feminino, e somando os cargos de liderança geral de todas as seis entidades da Findes, das 155 altas posições, 113 são ocupadas por mulheres, ou seja, 72,9%.
A atuação da mulher como liderança traz melhores resultados, mais equilíbrio, pois a mulher tende a equilibrar o diálogo e tem uma intenção maior de ouvir e de executar. Ela já visualiza se há o resultado de entrega, constrói pontes e executa, observa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta