Levantar pneu, correr longos percursos, e pular objetos faz parte da rotina de exercícios dos praticantes do crossfit. A atividade física que se popularizou no Brasil nos últimos anos trouxe não só um novo modo de se exercitar, mas também vem abrindo portas no mercado da moda.
Para praticar os exercícios de alta intensidade, os crossfiteiros, como são conhecidos, passaram a procurar roupas mais alinhadas à atividade física. Ao perceberem a oportunidade nesse novo mercado, empresas do Estado começaram a investir na criação e venda de roupas especiais voltadas a esse público.
Fundadora da Loca, uma marca que produzia roupas íntimas, Juliana Fernandes começou a sentir na pele o desconforto na hora de praticar o crossfit. Por isso, ela resolveu fazer, por conta própria, uma peça do jeito que desejava.
“Eu tinha um top de lingerie muito confortável. Então, criei um na modelagem parecida para praticar o crossfit. Todo mundo amou e pediu um igual”, explica Juliana Fernandes.
Com os pedidos, Juliana topou produzir 50 conjuntos e vendeu tudo entre os colegas de exercício logo na primeira semana. Daí para a frente, as encomendas só aumentaram e ela percebeu uma oportunidade para fabricar peças no ramo de esportes.
A loja de lingerie, então, virou de moda esporte e começou a produção com foco no bom desempenho combinado ao conforto. A prova que a iniciativa deu certo veio com o recorde de vendas de um short sem costura para as mulheres. A cofundadora da marca, Aline Lopes, diz que a peça é muito usada pelas mulheres no crossfit. E aponta que o diferencial da Loca é o reforço em algumas partes do short, sem deixar linhas de costura aparentes.
“Assim não marca nenhuma parte do corpo. Muitas meninas reclamavam disso. Como praticante, também me incomodavam as linhas marcando o corpo. Como o nosso short é liso, tornou-se o favorito”, detalha Aline Lopes.
A peça ganhou uma versão masculina, mas nela o short mais colado é coberto por uma bermuda com tecido mais solto. A ideia é dar mais segurança nos momentos de atividades onde são necessários saltos. Aline Lopes conta ainda que o calção ganhou uma boa recepção também devido à presença de bolsos, pois assim é possível guardar chaves e eletrônicos.
Os shorts, as calças e os tops também são mais espessos para evitar que partes do corpo fiquem visíveis ao fazer movimentos, como se agachar. "A maioria das ações mexe muito com os membros. É importante saber que você não vai se exibir de forma que não quer", explica Aline Lopes.
O que deu início à marca também continua com alta aceitação, segundo a cofundadora. Os tops inspirados em peças de renda passaram a ser também produzidos em formatos mais elaborados. Para garantir uma maior sustentação, um dos tops contém um zíper na parte das costas e outro tem frente para firmar mais. Além disso, há o corte de um cropped — versão mais curta de uma blusa — cobrindo todo o colo, para quem tem um busto maior se sentir mais segura nos exercícios.
“Tanto em exercícios no box quanto em competições não é legal se sentir desconfortável. Nós sempre criamos peças de modo que a pessoa não sinta incômodo tanto na aparência quanto na segurança de poder fazer os movimentos sem perigo”, conta Aline.
A tecnologia vai ser o próximo investimento nas peças da Loca. Aline e Juliana afirmam que vão começar a procurar tecidos com novas possibilidades de produção não só no designer, mas focados também no resultado, como proteção UV e antialérgicos.
A preocupação com a segurança e o conforto nas aulas também é a tônica das criações da loja No Rep. O começo se deu com a presença da fundadora, Luan Fonseca, nos ambientes da prática de crossfit. Como fotógrafa, ela usava blusões com o nome da própria empresa para ser identificada no local, mas os esportistas passaram a gostar do traje dela.
A empresária, então, deu início à construção da marca. Primeiramente, passou a revender peças, mas depois começou a produzir produtos próprios com uma pegada mais funcional. “Temos produtos que servem tanto para malhar quanto para sair. Além disso, nos preocupamos com o fato de a pessoa não sentir receio de uma roupa não ficar no lugar. Principalmente pelo esforço que as atividades pedem”, destaca Luan Fonseca.
O investimento em tops mais rentes ao corpo, de forma a dar liberdade de movimentos e não esquentar tanto, é a preocupação principal. "A gente pensa em especial para o crossfit, o top em modelagem com menos probabilidade de escapulir em movimentos rápido e tecidos que deixem o corpo respirar melhor. Como também praticamos o Cross, procuramos testar o que vai funcionar melhor. Os tops fechados e com decote nas costas são os que mais saem", conta Luan Fonseca.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta