A medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro que permite a redução dos salários e jornada já está no radar das empresas do Espírito Santo. Várias companhias já têm promovido uma corrida aos departamentos jurídicos e a escritórios de contabilidade para realizarem a diminuição dos vencimentos ou mesmo a suspensão dos contratos dos trabalhadores.
Há casos, inclusive, de empresas no Estado que já chegaram a adotar as medidas antes mesmo do presidente editar a MP e sem fazer acordos, segundo sindicatos, diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. No Espírito Santo, 500 mil trabalhadores podem ter salários cortados ou suspensos.
A MP prevê que a redução proporcional na jornada e no salário poderá ser de 25%, 50% ou de 70%. Os empregados poderão receber uma parte do seguro-desemprego para complementar a renda, sendo que o auxílio vai depender da faixa salarial do profissional afetado. A exigência de acordo se pode ser individual ou tem que ser coletivo também varia em cada caso.
Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo, Rodrigo Oliveira Rocha, já há "um número considerável de empresas e escritórios de contabilidade" procurando a entidade para negociar um acordo coletivo. "Cada empresa tem uma realidade e estamos orientando que elas mandem para o sindicato o que acham necessário de proposta para a gente avaliar. Nossa preocupação é garantir o emprego e a renda dos trabalhadores", afirma.
A empresa precisa negociar um acordo coletivo com o sindicato se optar por cortes de salário para trabalhadores que ganham entre R$ 3.135 a R$ 12.202,12. Nos demais casos, a redução poderá ser feita apenas com acordo individual com o trabalhador.
Um dos escritórios que já sentiu um aumento na demanda por causa da MP é o do advogado empresarial Victor Passos Costa. Ele relatou que muitas empresas, sobretudo dos setores do comércio e de eventos, estão interessadas em adotar pontos da medida provisória por estarem com mais dificuldades, porém os empregadores ainda têm dúvidas sobre a aplicação.
Segundo o advogado, a primeira orientação a se dar para empregadores que querem aderir as medidas é calma. "É preciso ter paciência porque tem coisa que ainda está sendo ajustada e ainda precisa de um comunicado do Ministério de Economia para que tudo isso possa ser aplicado. Acredito que ainda nesta semana já estará tudo acertado, mas tem que ir com calma".
Victor Passos Costa reforçou que em nenhuma hipótese pode ser reduzido o salário sem acordo, seja coletivo ou individual. "Não pode ser uma determinação. Quem fez ou pretende fazer isso está errado".
Para os trabalhadores, o advogado esclareceu outra dúvida: "O funcionário que tiver redução ou suspensão não vai ganhar remuneração normal. Vai ganhar com base no seguro-desemprego, então de todo modo haverá perda salarial. Mas o objetivo dessa MP não é garantir 100% do salário, e sim evitar demissões".
A medida provisória também define regras para a modalidade de redução de carga horária, que poderá durar até três meses. A MP define tratamentos distintos para três faixas de renda:
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