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Empresas se adaptam para vencer novas ondas de coronavírus no ES

Empresas se adaptam para vencer novas ondas de coronavírus no ES

Segundo especialistas em saúde, a infecção Covid-19 deve apresentar diferentes ondas ao longo do tempo. Companhias do Estado promovem mudanças na produção já se preparando para conviver mais tempo com a doença

Publicado em 30 de abril de 2020 às 07:33

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Trabalhador tem a temperatura medida ao chegar para trabalhar
Trabalhador tem a temperatura medida ao chegar para trabalhar. (Divulgação Aspen Pharma)

Com a aproximação do que é imaginado como pico da pandemia de coronavírus no Espírito Santo, muitos empresários e comerciantes já se preparam para retornar às atividades. Porém os “tempos normais” devem demorar mais do que era inicialmente esperado, o que exige estratégias dos empreendedores para sobreviverem a expansão da doença.

Segundo especialistas da área da saúde, o coronavírus deverá apresentar diferentes ondas ao longo do tempo. Com isso, é possível que durante meses, talvez até anos, a doença no Estado esteja ativa e em outros lugares do mundo . Há previsões de que ainda em 2022 surtos continuem ocorrendo, o que torna extremamente necessário que as empresas aprendam a lidar com os ciclos da doença. 

Muitas companhias capixabas já começaram a se adaptar a essa nova lógica, mantendo a produção ao mesmo tempo em que promovem um tipo de isolamento social.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) no fim de março apontou que 57% dos entrevistados já haviam feito alguma alteração na produção para evitar o contágio pelo coronavírus. Outros 12%, na mesma pesquisa, indicaram que iriam fazer alguma alteração na produção nas próximas semanas.

Gráfico mostra conduta das empresas para evitar o contágio do coronavírus
Gráfico mostra conduta das empresas para evitar o contágio do coronavírus. (Reprodução Ideies)

Uma das empresas que promove essas mudanças é a Marcopolo, que retomou suas atividades em São Mateus, Norte do Estado, na última semana. “Nos postos de trabalho será redobrada a atenção para manter a distância mínima entre os trabalhadores, além dos usos de EPIs de acordo com a função e máscaras de tecido fornecidas pela empresa”, informou a empresa por meio de nota.

“Também foram adotadas ações preventivas como demarcação de locais para manter a distância recomendada entre as pessoas e vários outros processos internos foram feitos para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores”, acrescentou a companhia. A unidade de São Mateus retornou com 80% da força de trabalho e de capacidade de produção.

Outra empresa que tem feito mudanças é a Aspen Pharma. De acordo com a multinacional, foi implementado o revezamento do quadro de funcionários que trabalham na fábrica e em sistema de home office; foi criada uma escala para utilização do refeitório, para que não haja aglomeração no local; as portas das áreas não produtivas têm sido mantidas abertas para facilitar a circulação de ar, entre outros pontos.

Tanto a Marcopolo quanto a Aspen informaram que estão fazendo a medição da temperatura corporal dos trabalhadores. A mesma medida foi tomada pela Vale, por exemplo, para evitar que pessoas possivelmente infectadas pelo coronavírus tenham acesso à área de produção.

Para o consultor empresarial Durval Vieira de Freitas, as empresas brasileiras podem aproveitar a experiência de mudanças que foram feitas em companhias chinesas e italianas, por exemplo, para adaptar e implementar tais alterações nas empresas capixabas.

“Nesses países a doença chegou primeiro, então eles já passaram por alguns ciclos. Nós ainda estamos passando pelo primeiro ciclo e outros deverão vir, então vamos ter que passar a trabalhar diferente. Mudar o modo como vínhamos fazendo e reaprender a trabalhar os nossos produtos”, comenta.

Já o economista Eduardo Araújo avalia que já está havendo, e haverá ainda mais, uma preocupação com a saúde dos trabalhadores. “Espero um controle muito maior. Temos visto, por exemplo, empresas fazendo a medição de temperatura dos trabalhadores logo nas entradas das fábricas para reduzir a chance de que alguém infectado entre no espaço de trabalho”, destaca.

“Também tem sido rotina a disponibilização de álcool em gel, o distanciamento de postos de trabalho e outras formas de proteção – como a manutenção do home office para as atividades em que esse tipo de trabalho pode ser feito”, acrescenta.

No comércio, além da redução do número de pessoas e da oferta de álcool em gel para os clientes, lojas – sobretudo supermercados – têm investido em máscaras de polietileno para reforçar a proteção e barreiras de proteção de acrílico para evitar a propagação do vírus.

As barreiras transparentes foram instaladas em todos os estabelecimentos do Grupo Coutinho no ES
Supermercado instala barreira transparente para evitar contato entre clientes e funcionários. (Divulgação/Grupo Coutinho)

Além da aferição da temperatura, do aumento da distância entre consumidores e trabalhadores e da instalação de barreiras físicas para evitar o contágio, as empresas também devem fazer testes em massa para os empregados. De acordo com o presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, muitas grandes empresas estão investindo na aquisição de testes para os funcionários.

“Grandes corporações têm se adiantado para permitir esse retorno dos empregados ao trabalho. Por isso os testes são importantes”, avalia. Segundo Gouvêa, a maior procura é pelo teste rápido – que detecta o vírus entre o 1º e o 7º dia de infecção.

Ainda de acordo com o presidente-executivo da CBDL, até agosto o Brasil deve apresentar um número crescente de exames sendo feitos – seja pela rede pública, ou por empresas privadas – e que a partir de setembro o número comece a normalizar.

ESPERANÇA DE QUE COMÉRCIO POSSA REABRIR NORMALMENTE

O governo do Estado avalia iniciar a reabertura gradual do comércio na Grande Vitória no dia 4 de maio. Para que tal reabertura aconteça os empregados das lojas deverão usar máscaras, oferecer álcool em gel para os clientes, limitar a entrada de clientes ao mesmo tempo, entre outras medidas para evitar o contágio.

O presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário, José Carlos Bergamin, acredita que passada a primeira onda do coronavírus e com as devidas precauções a serem tomadas, as atividades normais poderão ser mantidas abertas por mais tempo.

“A gente torce para que essa primeira onda seja realmente a mais forte e que quando virem as outras a gente já esteja estruturado a ponto de não precisar interromper novamente as atividades normais. Mas isso é só o dia a dia que vai nos dizer”, comenta.

“Não acredito que haverá muito problema para a manutenção do comércio aberto porque não teremos muitos clientes. O governo limitou um cliente a cada 10 metros de loja, mas nem isso devemos ter. O consumo tende a se tornar muito mais básico nos próximos meses”, acrescenta.

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Além do medo de contágio, representantes do setor temem a estagnação das vendas mesmo após a reabertura das portas. “As pessoas estão preocupadas com o essencial, com a sobrevivência. Por mais que o comércio possa reabrir, sabemos que a dinâmica não voltará ao normal logo que as portas forem abertas”, avalia o superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo.

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