Desde a manhã de terça-feira (7), caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro fazem manifestações em diversas rodovias federais e estaduais do Espírito Santo. Até o início da noite desta quarta (8), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que há protestos em pelo menos 15 pontos. Já a Polícia Militar diz que manifestantes se reúnem em seis trechos de rodovias estaduais.
Os caminhões que chegam nesses pontos ficam impedidos de seguir viagem. Contudo, o fluxo está liberado para carros, ônibus e outros veículos. Ou seja, não há interdição das estradas.
A Gazeta esteve em dois pontos da BR 101, em Viana e Linhares, onde dezenas de motoristas estavam parados. Alguns relataram que foram obrigados por manifestantes a parar no acostamento.
Segundo a PRF, veículos carregados com remédios ou materiais perecíveis estão sendo liberados e a manifestação é pacífica.
* Informações da PRF e PM até o início da noite desta quarta-feira (8).
A PRF diz ainda que tem atuado para liberar também caminhões de combustíveis, porém o abastecimento está atrasado e em alguns postos do interior do Estado já falta gasolina.
A informação é do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindispostos). Segundo a entidade, em situações normais de demanda, os estoques dos postos duram de dois a três dias. Caso os bloqueios permaneçam por mais dias, é possível que a falta de produtos se generalize.
Para evitar um desabastecimento generalizado de combustíveis, o Sindipostos afirmou que “conta com o bom senso dos manifestantes e com a ação do poder público para buscar uma solução”.
Com relação ao abastecimento dos supermercados, a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), afirmou que as lojas têm estoque abastecido para atender a população.
A entidade pede ainda que não haja uma corrida às compras para evitar aglomeração. “ reforçamos que não há necessidade de os consumidores realizarem compras para estocagem ou contribuírem para aglomeração nas lojas”, diz em nota.
Segundo a Acaps, já estão sendo feitos contatos com autoridades governamentais para, se necessário, adotar ações que garantam a normalidade do abastecimento das lojas nos próximos dias.
O diretor da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio) José Carlos Bergamin afirmou que o abastecimento no varejo ainda não foi afetado pelos protestos, mas o setor pode ser impactado caso as paralisações ultrapassem 24 horas.
O transporte de perecíveis, sobretudo, é uma das preocupações. Segundo Bergamin, há relatos de dificuldade na negociação da passagem de caminhões com este tipo de carga pelos trechos onde ocorrem as manifestações.
A situação também preocupa o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha. Segundo ele, é possível que haja impacto no escoamento da produção agrícola.
“Vai ter dificuldade de escoar sim, principalmente os produtos perecíveis. O pessoal tem que monitorar e, se for o caso, melhor perder (o produto) do que querer transportar e ser travado”, diz.
Apesar de a PRF afirmar que veículos que transportam produtos perecíveis estão sendo liberados para seguir viagem, Júlio Rocha acredita que o risco é muito grande e pode desencorajar os agricultores. Ele mesmo conta que teria uma carga de gado vivo para transportar nesta quarta e desistiu.
Além disso, ele lembra que em algumas cidades do interior do Estado já falta combustível, também como consequência da manifestação. Com isso, até abastecer os caminhões para o transporte fica mais difícil.
De acordo com comunicado emitido pelo Ministério da Infraestrutura, as manifestações não são coordenadas por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e a composição das mobilizações é heterogênea.
Nos pontos onde A Gazeta esteve não havia indicativo de demandas de classe, mas sim de pautas políticas como o apoio ao voto impresso e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo apuração do Estadão, entidades que tradicionalmente representam esses trabalhadores como a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) informaram que não apoiam o movimento e que não estão participando dos atos.
* Com informações de Iara Diniz
A localização dos atos de caminhoneiros em Nova Venécia foi na Rodovia do Café, segundo informações da Polícia Militar. A informação foi corrigida.
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