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Entenda a situação dos protestos de caminhoneiros nas estradas e impactos no ES

Entenda a situação dos protestos de caminhoneiros nas estradas e impactos no ES

Caminhoneiros se reúnem às margens das rodovias e impedem veículos de carga de seguir viagem. Já há impacto no abastecimento de combustíveis em algumas cidades do Estado

Publicado em 8 de setembro de 2021 às 21:12

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Manifestação dos caminhoneiros no Km 306  da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha
Manifestação dos caminhoneiros no Km 306 da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha. (Fernando Madeira)

Desde a manhã de terça-feira (7), caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro fazem manifestações em diversas rodovias federais e estaduais do Espírito Santo. Até o início da noite desta quarta (8), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que há protestos em pelo menos 15 pontos. Já a Polícia Militar diz que manifestantes se reúnem em seis trechos de rodovias estaduais.

Os caminhões que chegam nesses pontos ficam impedidos de seguir viagem. Contudo, o fluxo está liberado para carros, ônibus e outros veículos. Ou seja, não há interdição das estradas.

A Gazeta esteve em dois pontos da BR 101, em Viana e Linhares, onde dezenas de motoristas estavam parados. Alguns relataram que foram obrigados por manifestantes a parar no acostamento.

Segundo a PRF, veículos carregados com remédios ou materiais perecíveis estão sendo liberados e a manifestação é pacífica.

LOCAIS DOS ATOS NO ES

* Informações da PRF e PM até o início da noite desta quarta-feira (8).

ATRASO NO ABASTECIMENTO FAZ FALTAR COMBUSTÍVEL

A PRF diz ainda que tem atuado para liberar também caminhões de combustíveis, porém o abastecimento está atrasado e em alguns postos do interior do Estado já falta gasolina.

A informação é do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindispostos). Segundo a entidade, em situações normais de demanda, os estoques dos postos duram de dois a três dias. Caso os bloqueios permaneçam por mais dias, é possível que a falta de produtos se generalize.

Manifestação dos caminhoneiros no Km 306  da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha
Manifestação dos caminhoneiros no Km 306 da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha. (Fernando Madeira)

Para evitar um desabastecimento generalizado de combustíveis, o Sindipostos afirmou que “conta com o bom senso dos manifestantes e com a ação do poder público para buscar uma solução”.

SUPERMERCADOS DIZEM AINDA TER ESTOQUE

Com relação ao abastecimento dos supermercados, a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), afirmou que as lojas têm estoque abastecido para atender a população.

A entidade pede ainda que não haja uma corrida às compras para evitar aglomeração. “ reforçamos que não há necessidade de os consumidores realizarem compras para estocagem ou contribuírem para aglomeração nas lojas”, diz em nota.

Segundo a Acaps, já estão sendo feitos contatos com autoridades governamentais para, se necessário, adotar ações que garantam a normalidade do abastecimento das lojas nos próximos dias.

PARALISAÇÕES PODEM IMPACTAR TAMBÉM VAREJO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA

O diretor da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio) José Carlos Bergamin afirmou que o abastecimento no varejo ainda não foi afetado pelos protestos, mas o setor pode ser impactado caso as paralisações ultrapassem 24 horas.

O transporte de perecíveis, sobretudo, é uma das preocupações. Segundo Bergamin, há relatos de dificuldade na negociação da passagem de caminhões com este tipo de carga pelos trechos onde ocorrem as manifestações.

A situação também preocupa o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha. Segundo ele, é possível que haja impacto no escoamento da produção agrícola.

Manifestação dos caminhoneiros no Km 306  da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha
Manifestação dos caminhoneiros no Km 306 da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha. (Fernando Madeira)

“Vai ter dificuldade de escoar sim, principalmente os produtos perecíveis. O pessoal tem que monitorar e, se for o caso, melhor perder (o produto) do que querer transportar e ser travado”, diz.

Apesar de a PRF afirmar que veículos que transportam produtos perecíveis estão sendo liberados para seguir viagem, Júlio Rocha acredita que o risco é muito grande e pode desencorajar os agricultores. Ele mesmo conta que teria uma carga de gado vivo para transportar nesta quarta e desistiu.

Além disso, ele lembra que em algumas cidades do interior do Estado já falta combustível, também como consequência da manifestação. Com isso, até abastecer os caminhões para o transporte fica mais difícil.

Manifestação dos caminhoneiros no Km 17 da BR 262, em Viana
Manifestação dos caminhoneiros no Km 17 da BR 262, em Viana . (Fernando Madeira)

O QUE QUEREM OS MANIFESTANTES

De acordo com comunicado emitido pelo Ministério da Infraestrutura, as manifestações não são coordenadas por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e a composição das mobilizações é heterogênea.

Nos pontos onde A Gazeta esteve não havia indicativo de demandas de classe, mas sim de pautas políticas como o apoio ao voto impresso e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Manifestação dos caminhoneiros no Km 306  da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha
Manifestação dos caminhoneiros no Km 306 da BR 101, em Viana, antigo Posto Flecha. (Fernando Madeira)

Segundo apuração do Estadão, entidades que tradicionalmente representam esses trabalhadores como a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) informaram que não apoiam o movimento e que não estão participando dos atos.

* Com informações de Iara Diniz

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Errata Correção
9 de setembro de 2021 às 15:41

A localização dos atos de caminhoneiros em Nova Venécia foi na Rodovia do Café, segundo informações da Polícia Militar. A informação foi corrigida.

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