O governo do Espírito Santo deve anunciar nesta semana a reabertura do comércio na Grande Vitória, fechado desde 20 de março em função da pandemia do novo coronavírus. A medida, que será possível graças ao aumento de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 no Estado reduzindo assim o risco de colapso no sistema de saúde vai valer a partir da próxima segunda (4), se não houver uma "explosão de casos" nesta semana.
A explicação foi dada pelo secretário de Estado de Governo, Tyago Hoffmann, em entrevista à CBN Vitória nesta segunda-feira (27). O plano de flexibilizar o funcionamento do comércio já havia sido anunciado pelo governador Renato Casagrande no sábado (25). As medidas vão valer para as cidades de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana e Fundão, na Grande Vitória; além de Alfredo Chaves, na Região Serrana. Todas classificadas como áreas de risco alto, atualmente.
Para isso, o Estado vai impor uma série de regras rigorosas, como o uso de máscaras por clientes e funcionários, horário reduzido e divisão do funcionamento em dois turnos. Também será necessário disponibilizar álcool em gel, reforçar cuidados de limpeza e higienização e adotar o controle de acesso, permitindo entrada de um cliente por cada 14 metros quadrados.
No caso das lojas de rua, o funcionamento será dividido em dois turnos, visando a evitar a lotação do transporte coletivo. Algumas vão abrir das 10h às 16h e outras das 13h às 19h. A divisão será de acordo com a atividade, mas o critério ainda não foi divulgado pelo governo.
Os shoppings centers também estão nos planos de reabertura do governo estadual. Segundo Hoffmann, esses centros comerciais também devem abrir a partir do dia 4 com horário reduzido, das 12h às 20h. As lojas dos shoppings irão intercalar o funcionamento em dois turnos de seis horas. Algumas abrirão das 12h às 18h e outras das 14h às 20h.
Restaurantes e serviços de alimentação de rua vão continuar podendo funcionar apenas no horário atual: das 10h às 16h. Após esse horário, é permitido apenas o funcionamento para entrega.
Já no caso dos shoppings, as praças de alimentação vão funcionar das 12h às 16h, sendo que deverá haver um espaçamento maior entre as mesas. Após esse horário, de acordo com o secretário, as praças de alimentação deverão ter o acesso fechado.
Os cinemas e espaços de lazer vão continuar fechados. Também não haverá autorização para a realização de shows, festas e eventos em todo Estado, atividades onde é quase impossível evitar aglomerações.
A restrição continua também, pelo menos por enquanto, para academias de ginástica. Segundo Hoffmann, o governo vai dialogar a partir desta semana com representantes do segmento se é possível encontrar regras para permitir a reabertura.
Segundo Tyago Hoffmann, a medida é uma preparação para que os capixabas aprendam a conviver com a doença, já que não há previsão para o fim da pandemia. Ele disse que o governo vai continuar defendendo o distanciamento social e explicou que a flexibilização só será possível graças à reclassificação de risco da Grande Vitória em função do aumento de leitos.
"O governo do Estado continua insistindo e trabalhando com o conceito de isolamento social para continuar achatando a curva de casos. Além disso, temos trabalhado a ideia de que essa pandemia, pelo fato de não termos uma vacina, será maior do que pensamos e, por isso, temos que aprender a conviver com ela. Então, não podemos continuar com as atividades econômicas encerradas até sabe-se lá que prazo".
O secretário ressaltou que o martelo da reabertura só será 100% batido se não houver um pico de casos nesta semana. "É um modelo dinâmico. Se houver explosão de casos, a situação do município se altera no mapa e pode ter que fechar [o comércio] de novo. Se todo mundo não fizer sua parte e entender que é uma responsabilidade compartilhada, podemos ter aumento de casos e ter que fechar o comércio de novo daqui algumas semanas, o que seria um desastre para a economia".
Também em entrevista à rádio CBN, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, Estanislau Ventorim, disse que a expectativa é retomar as atividades com 60% da capacidade de atendimento, mas que o segmento está otimista e vai fazer sua parte cumprindo as exigências. "Estamos preparando nossos colegas para funcionar respeitando o que o decreto vier nos impor. Sabemos de algumas instruções que teremos que seguir e estamos à disposição para cooperar com isso".
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, afirmou que o funcionamento, ainda que em dois turnos como já adotado em cidades maiores do interior, é o melhor caminho, já que o setor chegou ao fundo do poco. "Mais de 98% das nossas empresas são micro e estão sofrendo para se manter. Elas precisam reabrir".
O coordenador estadual da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) e diretor do Shopping Vitória, Raphael Brotto, disse que os centros comerciais já possuem um plano pronto para a reabertura na Grande Vitória, com ao menos 34 medidas mapeadas e listadas para entrarem em operação.
"O plano elaborado pelos shoppings possibilita a retomada dos negócios de maneira organizada e com todo respeito e cautela exigidos pelo poder público. Estamos trabalhando com possibilidades de turnos diferentes por segmentos, para que não haja aglomeração de pessoas, nem dentro nem no transporte coletivo da Grande Vitória, explica Brotto.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta