O dólar atingiu nesta segunda-feira (18) o seu maior valor histórico desde que o real foi criado, em 1994, cotado comercialmente acima de R$ 4,20. Segundo especialistas, a alta do câmbio acompanha o cenário de instabilidade dentro e fora do Brasil. A América Latina passa por um momento de crise interna o que gera um sentimento de cautela nos investidores. Além disso, a guerra comercial entre EUA e China afeta as economias mundial e brasileira.
A moeda americana fechou o pregão desta segunda-feira (18) cotado a R$ 4,2055 na compra e a R$ 4,2061 na venda. Este valor de encerramento superou o último recorde histórico, ocorrido em 13 de setembro de 2018 (R$ 4,1957 na venda).
A Gazeta conversou com especialistas do mercado financeiro que apontaram os principais motivos que levaram o dólar a valorizar tanto nos últimos meses. Confira os principais pontos destacados por eles.
A China e os Estados Unidos estão em uma guerra comercial. Por se tratarem das duas maiores economias do mundo, a disputa entre as nações abala diretamente a atividade econômica global. Em 2018, os EUA começaram a sobretaxar produtos importados de vários países na tentativa de proteger o mercado interno, o que aumentou o desconforto entre os países.
De lá para cá, as declarações do presidente da China, Xi Jinping, e do presidente dos EUA, Donald Trump, vem dificultado a relação entre os países. A expectativa é que as potências mundiais fechem a primeira fase do acordo comercial e a situação seja amenizada.
A América do Sul passa por um momento de instabilidade política que pode contaminar o mercado. Na Bolívia, no último dia 10, o presidente Evo Morales renunciou ao cargo após pressão das forças armadas do país e de protestos feito por populares. Na Argentina, a crise socio-econômica vem se agravando com o desemprego crescente e o PIB caindo 2,5% no acumulado dos três primeiros trimestres deste ano.
Mas, além desses países: Uruguai, Venezuela, Colômbia, Chile, Peru e Paraguai também passam por maus momentos econômicos, políticos e sociais. De acordo com Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos, essa turbulência generalizada deixa os investidores receosos não apenas com as nações onde está o problema, mas também com os países vizinhos, como é o caso do Brasil.
"O cenário atual não está ajudando o investidor. Eles estão adiando os investimentos porque existe todo um cenário macro global que atrapalha a vinda de capital para o Brasil e entre eles está o da situação que a América Latina se encontra", aponta.
As dúvidas em relação à economia nacional está fazendo com que os investidores vendam papéis que tem no Brasil de acordo com a doutora em economia e professora da Fucape, Arilda Teixeira. "Só não está pior porque a equipe econômica está conseguindo traduzir alguma credibilidade para eles, o que está mostrando alguma certeza. Mas como tem um ruído muito grande por parte do Executivo, de uma certa forma isso compromete o esforço que a equipe econômica está fazendo", explica.
Felipe Sathler, que é assessor de investimentos da Valor Investimentos, lembra ainda que o mercado está esperando que as reformas tributária e administrativa ocorram para trazerem recursos para o país. Isso porque desta forma o país estaria financeiramente mais equilibrado dando mais confiança para o mercado externo.
No final de ano, a tendência é que o câmbio valorize para o lado americano. Isso porque a procura é maior neste período. Porém a ausência de boas notícias vindas por partes do Brasil contribui para pressionar a cotação para cima.
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