Em meio ao receio do mercado de que o número de casos do novo coronavírus (Covid-19) cresça em todo o mundo, o dólar continua se valorizando. Na manhã desta segunda-feira (02), a moeda americana bateu novamente R$ 4,50.
Quanto mais o vírus se dissemina fora da China, epicentro da doença, mais aumenta a preocupação de uma recessão econômica global. Diante desse cenário, os investidores buscam proteger seu patrimônio comprando moedas como dólar ou ouro, por exemplo.
Mas, além do surto da doença, outros fatores favorecem a valorização da moeda americana frente à brasileira, como a diminuição entre as taxas de juros dos EUA e a do Brasil e o cenário político brasileiro.
Durante todo o mês de fevereiro, o dólar americano já acumula uma alta de 4,57%, a maior desde 2015. Em 2020, o avanço já é de 11,75%.
Em um cenário ideal, para reverter a trajetória de alta do dólar, os especialistas apontam que o impacto negativo do coronavírus precisa sair da pauta. Além disso, o Brasil precisa atrair mais investimentos e, com isso, captar mais dólares para circular no mercado nacional. Outro ponto ainda a ser considerado é a redução do risco país com as aprovações das reformas tributárias e administrativas.
O agravamento do coronavírus no mundo nesta semana levou a uma nova onda de cortes de projeções para Produto Interno do Bruto (PIB) do Brasil e do mundo. Além disso, a valorização do dólar não foi exclusividade do Brasil, ela vem ocorrendo em todo o globo.
O comentarista da CBN Vitória e professor da Fucape Fernando Galdi explica que nesse momento os investidores correm para os artigos mais confiáveis, que estão em dólar, como os papéis do mercado americano e o próprio dólar, e o ouro.
Galdi ainda acredita que o dólar deve continuar valorizado e, a curto prazo, não vai voltar a patamares de R$ 3 a R$ 3,5. Além disso, em um cenário de mais equilíbrio econômico, a expectativa é que ele se estabilize entono de R$ 4 a R$ 4,20.
"Porém, se o pior cenário chegar e os casos do coronavírus continuarem a disparar pelo mundo nas próximas semanas, a moeda americana pode chegar próximo a R$ 5, sem dúvidas", pondera.
Na sexta, a alta do dólar acabou perdendo fôlego depois do presidente do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmar que o Banco Central americano está pronto para proteger a economia do país. Isso deu aos investidores um pouco mais de confiança em meio à instabilidade que surgiu com o coronavírus.
O Banco Central brasileiro também interveio realizando ofertas de leilões em busca de segurar as sucessivas altas da moeda americana. Ao todo, foram injetados cerca de US$ 4,65 bilhões para suprimir a demanda por proteção para os riscos de um investimento (hedge).
O chefe da mesa de renda variável da Valor Investimento, Pedro Lang, lembra que o mercado está vendo os Bancos Centrais mundiais, que estavam encerrando os ciclos de queda de juros, já anunciarem novos cortes de taxas. Isso aconteceu na China e na Europa.
Outro fator externo que contribui para a moeda americana se manter em alta são as eleições americanas. As prévias do partido democrata apontam Bernie Sanders como um forte candidato na disputa contra Donald Trump. Porém, o mercado considera negativo o nome dele e já está começando a incorporar a possibilidade de que ele seja eleito. Dessa forma, começou a repassar esse risco à precificação do mercado.
Além de todos os fatores externos, algumas situações que ocorrem dentro do país também contribuem, em menor escala, para a alta do dólar. Entre eles está a crise politica no Brasil. O conflito que está acontecendo entre os Poderes, como a divulgação de vídeos convocando a população a se manifestar contra do Congresso Nacional e as demonstrações contra o Judiciário vêm deixando o mercado desconfortável.
Em meio a essa crise política, ainda há as reformas tributária e administrativa, que precisam passar pelo Legislativo nos próximos meses para que o país retome o crescimento.
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