Uma das três novas metrópoles brasileiras, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Vitória deve ganhar mais visibilidade no país. Segundo a pesquisa da Divisão Urbano-Regional de 2021, a capital capixaba ficou com parte do protagonismo que pertencia ao Rio de Janeiro no Sudeste.
Na prática, isso pode se transformar em uma maior capacidade para Vitória atrair de investimentos do setor privado, além da possibilidade de receber mais recursos do governo federal.
Outro cenário que poderá ser desenhado no Espírito Santo a partir da consolidação de Vitória como metrópole brasileira, conforme mostra a publicação, é a maior presença e influência da capital capixaba em regiões e pequenas cidades onde o município do Rio de Janeiro era protagonista e referência de metrópole mais próxima.
O estudo foi divulgado na última quarta pelo IBGE. Além da capital, Campinas (SP) e Florianópolis (SC) também receberam a classificação.
A ascensão de Vitória à metrópole centralizou todo o estado do Espírito Santo na capital. Dessa forma, o Rio de Janeiro, que em 2013 abarcava todas as regiões intermediárias capixabas chegando até a região intermediária de Teixeira de Freitas, no extremo-sul da Bahia, passou a ficar circunscrito, basicamente, aos seus limites estaduais.
“Por causa da ascensão de Vitória como metrópole, é possível dizer que o Rio de Janeiro perdeu relevância em seu contexto regional nesta edição do estudo”, explica Monica O’Neill, pesquisadora da Divisão de Geociências do IBGE e analista da pesquisa.
Para ela, o documento resulta em uma mudança de status no planejamento governamental - nas esferas estadual e federal.
O diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, considera que o principal benefício desse anúncio é que a região metropolitana de Vitória passa a atrair mais investimentos.
“Além dos recursos que podem vir por parte do governo federal, esse destaque do Espírito Santo com uma região metropolitana pujante, com potência, tende a atrair mais investimentos para a Grande Vitória", pondera Lira.
Segundo o diretor, é necessário destacar que a Capital já é uma área urbana que tem “certa limitação de crescer". Por isso, é importante pensar o território como uma região metropolitana, o que inclui cidades como Serra, Cariacica, Vila Velha e Viana.
O prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini (Republicanos) reforça a ideia de que o município está transformando em uma referência para todo o Estado do Espírito Santo. "Isso mostra não só o que Vitória é, mas também o enorme potencial da cidade e de sua gente", destaca.
"Isso faz com que todo o país possa conhecer nossa cidade como ela é: única e especial. Neste ano, anunciamos um investimento de R$ 1 bilhão em várias áreas, até 2024. Estamos muito felizes com esse reconhecimento e esperançosos que 2022, com o planejamento que estabelecemos, será um ano ainda melhor que esse que se encerra”, finaliza.
A pesquisadora da Divisão de Geociências do IBGE, Monica O’Neill, destaca que a mudança de categoria das três cidades que agora foram alçadas à metrópoles já estava em curso desde o último levantamento realizado em 2013.
Em junho de 2020, a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic), referente a 2018, já indicava que Vitória havia migrado da condição de capital regional para metrópole.
Segundo O'Neill, as capitais regionais tinham funções importantes nas áreas que atuavam, e já naquela época, exerciam influência com a oferta de determinados bens e serviços, além de assumir um papel de gestão relevante no território.
“Elas intensificaram esse parâmetro [de oferta de bens e serviços] e a partir de então alcançaram o nível de metrópole. Trouxeram, no nível de metrópole, aquelas áreas que já atendiam quando eram subordinadas a Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, dividindo certos atendimentos. Estamos falando de uma estrutura em rede com conexões e áreas de influência", explica.
Paulo Wagner é um dos pesquisadores que atuaram na formulação do estudo. Na avaliação dele, o trabalho é uma fotografia que mostra o momento atual da distribuição das áreas de influência das principais metrópoles brasileiras e capitais regionais.
O levantamento fornece uma visão regional do Brasil, identificando e delimitando novos desenhos regionais, as Regiões de Articulação Urbana. Todas as regiões identificadas são formadas a partir de uma cidade que comanda a sua região, estabelecendo relacionamentos entre agentes e empresas nos respectivos territórios.
As Regiões de Articulação Urbana identificadas no estudo tiveram como base os resultados da pesquisa Regiões de Influência das Cidades - Regic 2018.
“O surgimento de novas centralidades em áreas já ocupadas por antigas metrópoles é apenas um dos aspectos que podem ser percebidos pela análise temporal dos recortes territoriais elaborados”, aponta o levantamento.
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