"O dólar está alto. Qual o problema? Zero. Nem inflação ele [dólar alto] está causando. Vamos exportar um pouco mais e importar um pouco menos. É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo." A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, gerou reação no mercado, fez a moeda americana subir novamente e fechar acima de R$ 4,25 nesta quarta-feira (27).
A fala e o novo aumento da moeda americana pode ter deixado muita gente em dúvida: afinal, a alta do dólar pode afetar a inflação?
A doutora em Economia e professora da Fucape, Arilda Teixeira, afirma que tudo vai depender se o dólar vai seguir em constante crescimento. "É preocupante, mas ainda é cedo para fazer um diagnostico se a taxa vai continuar subindo e quais as consequências disso. A conjuntura é de um aumento de taxa de câmbio, mas não está claro se esse aumento vai permanecer. A situação só piora se isso se tornar uma realidade forte e crescente, com o dólar sempre a R$ 4,20, R$ 4,30", pondera a economista.
Apesar disso, o consumidor já percebeu o aumento no quilo da carne e a ceia de natal deve ficar mais cara. Quem quer viajar para o exterior também está preocupado. De acordo com o economista Paulo César Ribeiro, inicialmente, o maior impacto se dá nos produtos importados.
"O mercado está muito nervoso por conta do cenário político, o Paulo Guedes falando. O mercado está um pouco receoso e essas altas estão sendo computadas. O que impacta realmente são remédios e produtos importados, e também para quem viaja, especialmente agora no período de férias. Carne, soja, pão - por causa do trigo - têm o preço aumentado", explica Ribeiro.
Abaixo, listamos os motivos pelos quais a alta do dólar pode impactar na inflação.
Brasileiros compram dólar a partir de reais. Assim sendo, o preço do dólar é a quantidade de reais necessários para comprar um dólar. Nesta quarta-feira (27), o dólar turismo - aquele utilizado por quem vai viajar - é vendido nas casas de câmbio de Vitória por R$ 4,50. Viajar para o exterior ficou mais caro, assim como comprar produtos importados.
Alguns produtos são fabricados no Brasil, mas têm o preço dado pelo mercado internacional como café, açúcar, algodão, trigo e arroz. Logo, sofrem interferência do dólar. Se são necessários mais reais para comprar dólar, o preço desses produtos - ainda que fabricados no Brasil - também vai subir.
O preço de alguns produtos é dado em dólar, como petróleo, minério de ferro e commodities. Com o dólar alto, imediatamente esses produtos ficam mais caros.
Alguns produtos ficam mais caros por que está mais caros produzi-los. Um exemplo é o petróleo: se o preço do barril sobe, todos os derivados - como a gasolina - sobem também. Aumenta o custo da produção e o preço final de vários produtos fica aumentado. O aumento no preço do barril do petróleo e aumento na taxa de câmbio são os principais fatores para um choque inflacionário.
Com o dólar em alta, passa a ser mais interessante para o produtor vender ao mercado externo. Com o aumento das vendas para o mercado externo, falta produto para o mercado interno e com isso os preços sobem. É o que acontece com a carne, que tem sido vendida para países como China. Com menos carne no mercado interno e o aumento da procura, os preços sobem.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta