Como previsto por especialistas do setor, a Selic teve nova queda e passou de 4,5% para 4,25%. O corte foi anunciado nesta quarta-feira (5) pelo Banco Central, que sinalizou que essa mínima histórica deve se estabilizar após cinco quedas seguidas.
Como a Selic é a taxa básica da economia, essa redução tem sido utilizada como política de governo para tentar acelerar a economia. O objetivo é incentivar, por um lado, empresas a tomarem empréstimos para investir e gerar empregos e, do outro, encorajar o consumo aumentando a oferta de crédito.
Para especialistas, no entanto, o crescimento econômico não tem acompanhado as expectativas. Apesar da redução substancial na taxa de juros nos últimos anos, a economia não tem respondido como o esperado.
"A redução que houve ano passado já era para ter injetado muito dinheiro na economia. Essa redução (da Selic) não está sendo acompanhada do crescimento do país. Temos que avaliar o que essa redução tem trazido de bom para a economia. Reduzir por reduzir não adianta", avalia o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon), Sebastião Demuner.
Para ele, os bancos não estão baixando as taxas de juros nominal na mesma proporção da Selic e, por isso, os consumidores não estão utilizando tanto o crédito. Sem crédito e num cenário de desemprego ainda forte, o consumo não aumenta.
Essa também é a análise do economista Antônio Marcus Machado. "Esse novo corte foi uma medida acertada porque mostra coerência política. Mas, não deve fazer crescer a economia no curto prazo. Para que chegue ao bolso do cidadão, os bancos têm que rever e ampliar a redução de juros", diz.
Ele pondera, no entanto, que a taxa de juros baixa tem tido, pelo menos, o efeito de reduzir o gasto governamental com a dívida, que é atrelada à Selic. "Se o mercado não consegue gerar essa retomada da economia, o governo reduz gasto com a dívida e tem recursos para gastar com atividades importantes de natureza social", afirma.
Ambos economistas avaliam que, mesmo em um cenário de dólar alto, não há risco de aumento importante na inflação no momento. "A inflação está acomodada. Como ainda temos o desemprego elevado, mesmo com o juro baixo não haverá muita demanda de produtos. E sem demanda, não há aumento de preços. Há um 'colchão de desemprego', muita gente ainda está fora do mercado consumidor", explica Antônio Marcus.
A Selic baixa também influencia como o país se coloca no mercado internacional. Enquanto a taxa era alta, muitos estrangeiros investiram no país por conta do grande rendimento do capital financeiro. No entanto, em um cenário de baixa histórica, os investidores têm saído do Brasil e procurado outros locais, com rendimentos iguais e com risco menor.
Além disso, o mercado internacional passa por um momento de instabilidade com a epidemia de Coronavirus, na China, e com o Brexit, na Europa. Especialistas acreditam que, caso a crise global se agrave, será necessário aumentar a taxa de juros para tentar atrair novamente esses investimentos internacionais.
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