Com a construção da ferrovia EF 118, que vai interligar os portos do Espírito Santo e Rio de Janeiro à malha ferroviária do país, a previsão é transportar 40 milhões de toneladas de cargas por ano, com destaque para Ferro Briquetado a Quente (HBI), ferro-gusa, minério de ferro destinado à exportação e carvão coque.
O projeto foi apresentado em audiência pública na quarta-feira (29) em Vitória, na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Durante o evento, um dos pedidos feitos por entidades, como o Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer), foi a inclusão de um trem de passageiros para circular pela malha e interligar as cidades do Sul do Espírito Santo ao Rio.
"A gente vê com uma importância muito grande um trem de passageiros interligando dois Estados como o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Assim como é feito na Estrada de Ferro Vitória a Minas, que transporta quase 1 milhão de pessoas anualmente. Nós tivemos, recentemente, um acidente rodoviário que vitimou 41 pessoas. Talvez se tivesse um trem com mais eficiência e que pudesse transportar mais pessoas, talvez essas famílias não estariam nesse luto", pondera Weslei Scobby, vice-presidente do Sindfer.
Ele pediu, durante a audiência pública, que o investimento no trem de passageiros na ferrovia seja feito com incentivo do governo federal, sendo os recursos direcionados como medida social.
Marcelo Fonseca, superintendente de Concessão de Infraestrutura da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), destacou, durante a apresentação, que, na minuta de contrato previsto para a concessão da ferrovia, há a previsão de licenciamento de transporte de passageiros. "Já foram definidas regras caso houver interesse do operador ou até de terceiro operar transporte de passageiros", afirma.
A previsão do início das operações da ferrovia está prevista para 2033, com 8 anos de implantação das obras a partir de 2025. Com 475 Km, a ferrovia atravessará 23 municípios dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A concessão será de 50 anos.
Outro pedido, desta vez por parte do empresariado, foi de mudança na bitola dos trilhos no projeto da EF 118. No projeto apresentado pela ANTT, está prevista a construção de ferrovia inicialmente com bitola métrica (1 metro), com uma instalação que comporte, no futuro, o aumento para bitola mista (1,6 metro), mais moderna.
O que as lideranças pediram, na audiência, foi a substituição da bitola métrica para bitola mista, para que a ferrovia já inicie tendo conectividade com a malha ferroviária, principalmente no Rio e em São Paulo, que já utilizam a bitola mista. "A intermodalidade precisa ser considerada, com conectividade do mesmo modal. A necessidade de bitola mista é para acesso aos mercados externos e internos", afirmou Simone Garcia, superintendente da Fetransportes.
Quem também alertou para o tema e pediu a mudança para bitola mista foi Romeu Santos, do Conselho de Infraestrutura da Findes, destacando que esse modelo é importante para o atendimento à carga entre o Espírito Santo e São Paulo.
Para execução do malha ferroviária, está previsto um investimento de R$ 4,6 bilhões pelo vencedor do leilão. Uma das novidades nesse modelo é que governo federal vai entrar com R$ 3,28 bilhões para construção da ferrovia, com a maior parte dos valores sendo transferidos ao longo dos primeiros quatro anos para o ganhador.
Na primeira fase do projeto, serão construídos cerca de 170 quilômetros de trilhos entre Anchieta e São João da Barra, no Porto de Açu, no Rio de Janeiro, passando pela região do futuro Porto Central, em Presidente Kennedy. Já o trecho entre Santa Leopoldina a Anchieta, de 80 quilômetros, será feito pela Vale e incorporado à Estrada de Ferro Vitória a Minas, com investimento já anunciado de R$ 6 bilhões.
Já a segunda fase do projeto, o trecho de 325 km de São João da Barra a Nova Iguaçu, será feito com investimento adicional por quem ganhar a licitação. Esse trecho, chamado brownfield, prevê a utilização de trechos existentes da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), mas podem ser feitos ajustes no traçado, por exemplo, conforme explicou o Marcelo Fonseca, superintendente de Concessão de Infraestrutura da ANTT. O trecho Sul pode contar ainda, no futuro, com investimento público para auxiliar no desenvolvimento do projeto, como já está definido para o trecho central.
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