A Caixa Econômica Federal (CEF) respondeu a demanda da reportagem após a divulgação desta matéria. Segundo a instituição, a entrega dos empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida depende de vários fatores. As informações foram incluídas no texto.
O Minha Casa Minha Vida, que permite o acesso de famílias de baixa renda à casa própria, é uma importante estratégia para reduzir o déficit habitacional no país, mas os problemas relacionados ao programa federal têm sido frequentes. A queda de duas caixas-d'água nesta quarta-feira (30) em um condomínio de Cariacica, que foi inaugurado há duas semanas, é apenas um exemplo dos desafios que precisam enfrentar aqueles que dependem desse modelo de assistência.
No município de São Mateus, no Norte do Estado, centenas de famílias aguardam há 10 anos a entrega de 463 casas no conjunto habitacional do bairro Aroeira. A obra foi iniciada em 2010, acumula várias paralisações e promessas de data para a conclusão, mas beneficiários do programa permanecem sem previsão de mudança para o novo lar.
A situação se repete para moradores de Aracruz, que aguardam a entrega de apartamentos em Barra do Riacho. A previsão inicial era para o residencial ser entregue em 2016, mas, quatro anos depois, ninguém ainda foi contemplado com o imóvel.
Um dos casos mais emblemáticos se deu em Linhares, onde foram erguidos no bairro Aviso o Conjunto Rio Doce e o Residencial Mata do Cacau. O primeiro foi entregue em 2018 e o segundo ainda está sem conclusão.
As obras foram contratadas em 2010 e passaram por paralisações e abandonos, com o mato inclusive chegando a cobrir as casas populares. Próximos do Rio Doce, os condomínios foram atingidos por uma cheia que causou alagamentos e destruiu parte da construção. Parte das obras teve que ser refeita e, depois, uma nova cheia provocou a inundação do local.
Diante dos sucessivos problemas de alagamentos, foi preciso repensar na segurança do local para ser entregue às famílias. Apenas em 2016 foi feito um acordo para usar uma faixa do terreno de Nozinho Correa, ex-prefeito da cidade, para construir um dique e, assim, impedir que os terrenos fossem novamente alvo dos alagamentos.
Não bastassem os atrasos na entrega, quem já recebeu o imóvel tem se deparado com outros problemas, como os danos estruturais encontrados no Residencial Esperança, no bairro Marbrasa, em Cachoeiro de Itapemirim.
Há um ano, moradores do empreendimento relatavam vários problemas em seus imóveis, como queda de revestimento, vazamentos, infiltração e comprometimento da rede elétrica.
A Caixa Econômica Federal (CEF), operadora financeira do programa, foi procurada por meio assessoria, e informou, em nota, "que a data de entrega dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida é definida somente após conclusão das obras, legalização do empreendimento e aceite das concessionárias, de forma a garantir a habitabilidade."
Em relação ao empreendimento de São Mateus, ainda segundo a nota, a entrega foi reprogramada para abril de 2021.
"Referente aos empreendimentos Residencial Barra do Riacho, em Aracruz, e Residencial Mata do Cacau, em Linhares, esclarecemos que tiveram suas obras paralisadas pela construtora responsável, AB Empreendimentos Comercial Ltda. Diante disso, a Caixa iniciou o processo de substituição da empresa, à luz das regras do Programa Minha Casa Minha Vida, estando em fase de seleção e análise de propostas, com perspectiva de retomada das obras para o primeiro semestre de 2021. A empresa AB Empreendimentos está impedida de operar em novos projetos com o Banco", conclui a assessoria.
O Residencial São Roque foi inaugurado em Cariacica no último dia 14 de dezembro e contempla 496 moradias para famílias de baixa renda, beneficiando quase 2 mil pessoas, segundo informou na ocasião o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
As famílias vinham mudando aos poucos e já encontravam dificuldades, como falta d'água. Um técnico foi enviado para verificar as torres de caixa-d'água nesta quarta. Ele trabalhava no momento do desabamento e ficou ferido em estado grave, segundo os Bombeiros, sendo levado para o hospital. As imagens são impressionantes.
Segundo uma testemunha que estava no local, o homem fazia a manutenção em uma das caixas, quando ela caiu em cima do quinto andar de um dos prédios. A outra estrutura, do outro lado do residencial, desabou batendo na parede de um dos blocos 20 minutos depois.
Com o acidente, parte do prédio atingido pela torre pode ser demolida, segundo análise prévia da Defesa Civil. Toda a área foi isolada pelo Corpo de Bombeiros num primeiro momento e, após avaliação da Defesa Civil, dois dos 14 blocos ficaram interditados.
A Caixa informou que vai realizar perícia para investigar as causas do desabamento. A Cobra Engenharia, empresa responsável pela obra, afirmou que colabora com as autoridades e que dará alimentação, hospedagem e caminhões-pipa para as famílias atingidas.
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