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ES corre risco de viver nova crise econômica por causa do coronavírus

ES corre risco de viver nova crise econômica por causa do coronavírus

Doença que começou na China deve atrapalhar retomada econômica do Espírito Santo. Há quem diga que 2020 pode até terminar com retração na economia local

Publicado em 3 de março de 2020 às 06:00

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Coronavírus tem feito bolsas de valores caírem ao redor do mundo. (Pixabay)

Os impactos do coronavírus na economia mundial já são visíveis. Bolsas de valores caindo em todo o mundo, empresas reduzindo a produção, países – sobretudo a China – diminuindo a compra de commodities.

De acordo com a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) da China já não deverá crescer conforme o que era esperado – saindo de 5,7% para 4,9%. Na verdade, o impacto do coronavírus é tão forte que a Organização reduziu a previsão de crescimento do PIB em todo o mundo – que deverá cair de 2,9% para 2,4%.

Nesta segunda-feira (02) o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, já reduziu a estimativa de crescimento da economia brasileira para 2020. A redução ainda foi tímida, saindo de 2,20% para 2,17%. No entanto, já é o início do reconhecimento do problema.

2,17%
É a estimativa de crescimento para o Brasil em 2020, segundo o boletim Focus

De acordo com especialistas, como o Espírito Santo tem forte ligação com o comércio exterior, é mais suscetível às variações do mercado externo. Com isso, passa a ser grande o risco de desaceleração da economia capixaba em 2020.

O primeiro a admitir os prejuízos provocados pelo coronavírus é o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip. “Com certeza não ajuda. O coronavírus coloca uma tensão no sistema e cria uma expectativa ruim. É claro que um ambiente global positivo iria ajudar na nossa retomada”, avalia.

Aspas de citação

A gente está começando a refazer nossa imunidade, se recuperar de uma crise. A última coisa que precisava era de uma gripe

Marcos Kneip
Secretário de Estado de Desenvolvimento
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O economista, doutor em Ciências Contábeis, e professor da Fucape Felipe Storch Damasceno acredita que as projeções de crescimento do Estado também deverão ser revistas, assim como aconteceu com o número nacional.

“Depois que a estimativa de crescimento foi feita, aconteceu muita coisa. Existe uma dificuldade do governo em conversar com o Congresso, reformas tramitam em velocidade menor, e agora o mundo passando por essa dificuldade e incerteza do coronavírus”, comenta.

O economista Eduardo Araújo vai além. Ele acredita que a atividade econômica capixaba possa contrair 1% ao longo de 2020. “Se considerar o dado do Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central, a ausência de sinalização concreta para a ampliação da atividade de mineração e o desaquecimento da demanda externa ocasionada pelo coronavírus, é possível que a atividade tenha uma contração de 1% no ano”, avalia.

CENÁRIO MAIS COMPLICADO PARA EMPRESAS EXPORTADORAS

A evolução do coronavírus para outros países além da China tem prejudicado o comércio exterior.  Em 2019, o Estado exportou US$ 8,8 bilhões em produtos e mercadorias. Desse valor, vendeu US$ 1,2 bilhão para os países atingidos pela doença.

Para Felipe Damasceno, as empresas que mais devem sofrer são as voltadas para o público externo. “Espera-se que os maiores impactos sejam para empresas que vendem rochas ornamentais, ferro, aço e minério de ferro. Mas a economia é muito interdependente. Se esses setores vendem menos, gera menos renda para as demais empresas que atuam no Estado”, explica.

Eduardo Araújo também destaca que pode haver uma tendência de redução de viagens para o exterior, com interferência em negócios ligados ao turismo. Caso ocorra avanço na proliferação da doença no Estado, podem ser afetados setores do comércio também (principalmente aqueles relacionados a shopping centers, restaurantes ou outros locais em que o ato de consumo se dê em ambiente de aglomeração de pessoas).

O secretário Marcos Kneip observa que, no momento, os impactos são apenas nos preços das commodities. “O fechamento dos contratos desses produtos são feitos com muita antecedência, então o impacto que estamos vendo é no preço. Possíveis impactos na produção só vão acontecer se essa crise se prolongar por muito tempo”, destaca.

Também para tentar diminuir o efeito de crises como essa, Kneip afirma que o Estado tem investido na capacitação de empresas para a exportação de outros produtos e serviços.

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“A base da nossa exportação é minério, petróleo e celulose, mas queremos aumentar essa base de exportação. Nossa meta é fazer com que 200 empresas estejam aptas para fazer essas vendas, o que deve diminuir os efeitos de crises como essa”, defende.

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