“Você perdeu dinheiro em algum crime digital nos últimos 12 meses?” A pergunta, feita em uma pesquisa elaborada pelo DataSenado em parceria com a empresa de tecnologia Nexus, revelou que mais de um quarto da população do Espírito Santo foi vítima de golpes digitais entre junho de 2023 e o mesmo mês de 2024.
O levantamento, considerado o mais amplo já feito sobre o assunto no Brasil, mostra que 26% dos capixabas já perderam dinheiro em ações criminosas de fraude na internet, clonagem de cartão ou invasão de contas bancárias, deixando o Estado na quinta colocação entre os que mais têm incidência de golpes dessa espécie.
Na pesquisa, 21.808 brasileiros foram ouvidos em todos os Estados. No Espírito Santo, o levantamento de dados questionou cidadãos maiores de 16 anos, mostrando que, no Estado, o percentual de vítimas segue a mesma linha do âmbito nacional, onde 24% da população também afirmou ter sido vítima dos golpes.
No "ranking negativo", os capixabas dividem a quinta colocação com o Rio Grande do Sul e ficam atrás apenas de moradores de São Paulo (30%), Mato Grosso (28%), Roraima e Distrito Federal (27%).
Segundo José Henrique Varanda, coordenador da pesquisa e analista do DataSenado, o levantamento é voltado para a compreensão da dimensão dos golpes contra a população brasileira. Já Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, pontua que os golpes virtuais têm se tornado cada vez mais frequentes e sofisticados, impactando uma parcela significativa dos brasileiros.
Para Isabela Lima, chefe de Serviço e Pesquisa do DataSenado, toda a população está na mira dos golpes, independentemente da instrução escolar e digital ou da renda familiar.
“Quando analisamos os dados por escolaridade, observamos que 35% dos entrevistados têm o ensino médio completo, 29% com ensino superior incompleto, 22% com o fundamental incompleto e 15% com o ensino fundamental completo. Ou seja, é só uma questão de ter acesso à internet. Estando nela, o cidadão já é um alvo em potencial”, explica.
Os números da pesquisa ainda mostram que, entre as vítimas do Espírito Santo, 47% das pessoas recebem até dois salários mínimos, 31% de dois a seis salários e 10% recebem mais de seis salários mínimos, reforçando que pessoas de variadas classes sociais são alvos em potencial.
Nesse recorte, os números do Estado seguem similares ao do cenário nacional, já que 51% da população alegou receber até dois salários mínimos, 35% entre dois e seis salários e 14% mais de seis salários mínimos.
No fim do primeiro semestre de 2024, outra pesquisa elaborada pelo Datafolha em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, a cada hora, mais de 4.600 pessoas são alvos de golpes financeiros por meio de aplicativos de mensagem ou ligações telefônicas.
As ações normalmente são oriundas de criminosos que se passam por funcionários de banco, conduzindo as vítimas ao erro, pedindo dados pessoais para a confirmação de supostas compras ou transferências. Também no intervalo de uma hora, como aponta a pesquisa, cerca de 2.500 pessoas pagam por produtos na internet que nunca são entregues, enquanto outras 1.680 pessoas têm o celular roubado ou furtado a cada 60 minutos.
Em uma ação para combater os golpes na internet, a Serasa derrubou, de janeiro a agosto deste ano, mais de 18 mil páginas de anúncios falsos. Nos portais, criminosos utilizavam de imagens apelativas, ofertas sem embasamento e outras ferramentas que geravam ansiedade do público para limpeza dos nomes no serviço de proteção ao crédito.
“Os criminosos mentem que são representantes da Serasa ou garantem ter um ‘contato quente’ dentro da empresa”, explica Patrícia Camillo, gerente de prevenção a fraudes do órgão.
No Estado, o Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-ES) promove um alerta sobre o aumento dos crimes na internet com dicas para maior segurança dos capixabas. Segundo o órgão, além do prejuízo financeiro, os consumidores vítimas desses golpes também enfrentam o risco de ter seus dados pessoais coletados por criminosos, que podem usá-los para outras atividades ilegais.
A diretora-geral do Procon-ES, Letícia Coelho Nogueira, destaca que, com o avanço das tecnologias e das redes sociais, os golpistas têm se tornado mais sofisticados, utilizando perfis falsos e inteligência artificial para enganar os consumidores. "É importante estar atento a ofertas suspeitas e verificar a autenticidade de perfis e promoções antes de qualquer transação", frisa.
Segundo Letícia, as práticas fraudulentas evidenciam a importância de uma atenção redobrada do cidadão ao receber comunicações que mencionam órgãos oficiais. Para evitar a dor de cabeça e o prejuízo no bolso com os golpes on-line, A Gazeta listou alguns cuidados essenciais no dia a dia. Confira abaixo:
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