Um Estado de ambiente propício para negócios, com a 5ª maior taxa de investimentos públicos em tecnologia e a terceira melhor colocação quando o assunto é instituição de ensino, o Espírito Santo ocupa ainda o 9º lugar no ranking de inovação das indústrias no país, segundo ranking da Federação das Indústrias do Ceará ((FIEC). Mas pretende chegar entre os cinco com empresas mais inovadores nos próximos anos e, para isso, tem aplicado recursos financeiros e também estudado ferramentas para conhecer os pontos fortes e também as áreas que precisam de um empurrão.
Uma das metas é evoluir na inclusão de mestres e doutores, profissionais que hoje se dedicam mais à área acadêmica, nos setores produtivos e explorar o conhecimento que essas pessoas têm para criar soluções para os parques fabris e para companhias de outros segmentos.
Outra ideia em análise é a criação de uma espécie de monitor para acompanhar o avanço, as barreiras e o estágio de inovação tanto no setor público quanto no privado.
O Índice FIEC de Inovação dos Estados é calculado por meio de dois indicadores Capacidades e Resultados que avaliam o ambiente inovador (Capacidades) e medições da inovação em si (Resultados).
Os dados divulgados nesta última edição do estudo apontam que, apesar de o Espírito Santo ter subido dois degraus em comparação com 2019, as indústrias capixabas estão longe de alcançar o potencial que têm para inovação. Elas apresentam, de acordo com a pesquisa, "capacidade ociosa".
"Dentro de uma estratégia de inovação, o Índice de Capacidades consegue detectar até que ponto o Estado permite que o ambiente se torne inovador. E nisso o Espírito Santo se sai bem. Mas é importante olhar também para o Índice de Resultados, porque um ambiente propício à inovação não necessariamente vai entregar inovação. E a gente observa que existe essa disparidade", explicou o pesquisador do Observatório da Indústria da FIEC, David Guimarães.
Um dos motivos que contribuem para o resultado geral insatisfatório, segundo o economista, é o baixo índice de produção científica em áreas como Matemática, Física, Engenharia, entre outras, que geralmente concentram o maior número de projetos.
Ele também destaca que não há muitos registros de patentes e há pouca diversificação de investimentos em tecnologia, o que acaba por reduzir o nível geral de competitividade.
Para a diretora de Inovação e Tecnologia da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Juliana Gavini, o fato de que o Estado subiu duas posições no ranking, em relação ao resultado do ano passado, é um indicativo de que está no caminho certo. Entretanto, ainda há muito a evoluir.
A meta, segundo a especialista, é fazer com que o Espírito Santo se torne um dos cinco Estados mais inovadores do país.
"Ainda não chegamos lá, mas estamos cada vez mais perto. Assim como o ranking da FIEC, há outros estudos, como o ranking de competitividade dos Estados, ranking de startups, entre outros, e em todos os nossos resultados têm apresentado uma evolução. Mas quando a gente fala em capacidade ociosa e baixa inserção de mestres e doutores na indústrias, a gente enxerga um gap. Precisamos melhorar essas conexões e explorar melhor o capital humano."
Ela destaca ainda um agente facilitador, o Findes Lab, criado no passado. Por meio do espaço, especialistas da indústria ajudam empreendedores a desenvolver projetos inovadores.
"A inovação não é algo que a gente vira a chave, principalmente, mas há muitas iniciativas acontecendo. Vemos uma participação muito forte do governo do Estado, das empresas, da academia. Todos estão se mobilizando. Ainda temos alguns desafios, mas certamente estamos avançando."
Para a secretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti), Cristina Engel, embora o ranking traga alguns dados interessantes, é limitado, pois contempla somente resultados de inovação em áreas específicas.
A pesquisa, segundo a fonte da FIEC, leva em consideração inovações na área da indústria e de telecomunicações. Assim, para obter uma representação mais ampla do cenário da inovação no Espírito Santo, o governo do Estado pretende lançar, no próximo ano, o próprio Observatório da Inovação.
"É um projeto ainda em fase inicial e estamos estudando uma forma de reunir todas as informações, mas queremos estar com tudo estruturado já no início do ano que vem", destacou Cristina. A ferramenta, segundo a secretária, pode ajudar, inclusive a atrair mais investimentos na área.
Hoje, segundo a secretária, as informações sobre investimentos e ações voltadas à inovação no Estado estão descentralizadas. Além da própria Secti, outras pastas como a Secretaria da Saúde (Sesa), a Secretaria de Desenvolvimento (Sedes), entre outras também têm investido em tecnologias. Ocorre, entretanto, que essas informações não estariam sendo consideradas pelos rankings.
O mesmo ocorreria com empresas da própria área de tecnologia, que geralmente são mapeadas com base na sua associação a entidades representantes da categoria. Segundo a secretária, a taxa de adesão das empresas do Estado às associações é baixa.
"A gente vê muita coisa sendo feita na área da cultura, no comércio atacadista, por exemplo, e nada disso entra nos índices. Então, vamos lançar nossa própria base de dados. Assim, poderemos fornecer dados tanto para estudiosos da área, que precisam ter dados confiáveis para chegar às suas conclusões, quanto para tomadores de decisão."
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