Em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, a necessidade de criar um ambiente de negócios que atraia investimentos e proporcione uma retomada da economia se tornou uma grande preocupação entre os Estados. E o Espírito Santo já tem visto avanços nesse sentido. Impulsionado pela boa situação fiscal, o Estado foi classificado como o 5º mais competitivo do país, subindo uma posição em relação ao ano passado.
É o que aponta o Ranking de Competitividade dos Estados de 2020, lançado oficialmente nesta quinta-feira (17). O Estado ficou acima da média nacional e atrás apenas de São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal e Paraná. Até 2018, o Espírito Santo ocupava a 8ª posição no ranking, e, em 2019, a 6ª colocação. Um dos principais critérios que tem ampliado a competitividade capixaba, segundo o estudo, é o de solidez fiscal, pilar em que neste ano o Espírito Santo ficou em 1º lugar.
A pesquisa é elaborada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a B3, a Tendências Consultoria e a Economist Intelligence Unit, e avalia a performance das 27 Unidades da Federação a partir de 10 pilares, que são subdivididos em 73 indicadores. São analisados: capital humano, educação, eficiência da máquina pública, infraestrutura, inovação, potencial de mercado, segurança pública, solidez fiscal, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social.
A liderança em solidez fiscal, após ficar em 2º no pilar em 2019, veio com melhoria de indicadores de taxa de investimentos, sucesso do planejamento orçamentário, dependência fiscal, resultado primário e de gasto com pessoal indicador em que o Estado tem o melhor desempenho do país. Já em outro critério que diz respeito diretamente ao governo, o de eficiência da máquina pública, o Espírito Santo subiu de 4º para 3º colocado neste ano.
"Por ser o Estado com maior solidez fiscal, por uma série de avaliações, o Espírito Santo sai na frente em termos de retomada econômica no pós-pandemia, desde que saiba priorizar as políticas públicas e investimentos de maior impacto agora. Olhando o país como um todo, agora vemos que o grande desafio que os Estados terão pela frente será o fiscal, então já estar bem nessa área é uma vantagem importante", comentou o head de Competitividade do CLP, José Henrique.
O critério tem peso no ranking final porque, segundo o gerente de Competitividade do CLP, Lucas Cepeda, a solidez fiscal é a base de todas as políticas públicas. "Isso significa que o Estado está com as contas em dia e está diretamente relacionado ao fato de que vai conseguir manter as políticas públicas e investimentos nos próximos anos", disse. Vale lembrar que, neste ano, o Espírito Santo foi o único a conseguir a nota "A" da Secretaria do Tesouro Nacional em capacidade de pagamento.
Ainda sobre as evoluções positivas, o Espírito Santo cresceu 11 colocações em inovação (da 24ª para 13ª colocação), devido à boa posição no indicador de pesquisa científica e ao avanços com investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento e em bolsas de mestrado e doutorado.
Segundo o estudo, o Estado melhorou também na sustentabilidade ambiental, passando a ocupar a 4ª colocação no pilar (avanço de duas posições), com melhorias nos indicadores de emissões de CO2, serviços urbanos e tratamento de esgoto. O Espírito Santo também ganhou três posições em Infraestrutura, indo para 5º, sobretudo pelos resultados com qualidade dos serviços de telecomunicações e custo da energia elétrica.
A evolução do Estado no ranking nos últimos anos, na avaliação de José Henrique, também pode ser explicada por uma regra fundamental na administração pública, mas que é pouco seguida: "A gente vê que não existe descontinuidade de políticas públicas no Espírito Santo. Como tem havido quase um revezamento de governadores, a mudança não traz interrupção de políticas públicas. Isso é uma boa prática essencial para a competitividade".
O resultado foi comemorado pelo governador Renato Casagrande, no Twitter. Ele disse que o avanço capixaba mostra que o Estado está no caminho certo na busca por competitividade, justiça e igualdade.
Durante a apresentação da 9ª Edição do Ranking de Competitividade dos Estados e o Prêmio de Excelência em Competitividade de 2020, o governador Renato Casagrande atribuiu o resultado a continuidade dos trabalhos ao longo dos anos e ações desenvolvidas pelo Estado.
A nossa posição vem melhorando a cada ano. Desde 2012, temos nota A da Secretaria do Tesouro Nacional, demonstrando o controle de custeio de pessoal. Essa solidez fiscal incentiva os investimentos em infraestrutura. Um outro ponto está associado ao enfrentamento da violência e a queda no número de homicídios, disse.
O maior problema e desafio para aumento da competitividade do Espírito Santo, assim como nos anteriores, é o cenário econômico, o que no estudo é contemplado dentro do pilar de potencial de mercado, em que o Estado caiu 11 colocações e passou a ocupar a 23ª posição no ranking. Lucas Cepeda, do CLP, explicou que esse resultado foi puxado sobretudo pelo desempenho ruim da economia capixaba no ano passado.
"A taxa de crescimento da economia do Espírito Santo foi bem menor neste ano. A Tendências Consultoria estimou em -0,9% o PIB capixaba e isso impactou no resultado de potencial de mercado. A queda da economia se deve, principalmente, aos desdobramentos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que afetou a indústria do Estado (pelotização) e a fraca evolução da agropecuária", disse.
Naturalmente, o Estado não tem bom desempenho dentro do estudo no item potencial de mercado, uma vez que o CLP considera também o indicador de tamanho de mercado. Como o Espírito Santo possui uma das menores populações do país, normalmente ele figura na faixa intermediária nesse indicador. "Tanto o crescimento da economia como o tamanho do mercado são dois indicadores muito olhados por investidores antes de tomarem decisões, então é um indicador de peso no ranking", frisou Cepeda.
Outra área em que o Estado apresentou recuo no ranking deste ano foi a da segurança pública, caindo cinco posições e ficando na 15º colocação no pilar. Segundo o estudo, o resultado se deu em reflexo, sobretudo, da piora em indicadores como de segurança patrimonial e déficit carcerário.
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