O ano de 2019 está próximo a se despedir para que o de 2020 comece com perceptivas bem melhores do que o ano velho. O novo cenário econômico brasileiro e os acordos comerciais, que o país deve estabelecer no próximo ano, vão contribuir para uma guinada na economia nacional e também na do Espírito Santo. Os economistas projetam que o Produto interno Bruto (PIB) nacional encerre o próximo a ano em 2,5%, já o Estado deve ter um desempenho melhor do que a média brasileira.
Durante a reunião trimestral do Grupo Permanente de Acompanhamento Empresarial do Espírito Santo (GPAEES), que aconteceu na manhã desta sexta-feira (13), na Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), em Vitória, especialistas apresentaram ao empresariado capixaba um balanço do primeiro ano do governo Bolsonaro e um panorama do que esperar no próximo ano.
Segundo o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), Marcelo Saintive, o Estado precisa que o Brasil resolva as suas principais reformas, a da Previdência foi uma delas, mas ainda existem outras que precisam ser aprovadas. "Para o Espírito Santo, além dessa questão macro, é essencial a volta das operações da Samarco, em Anchieta. Ela influencia muito na capacidade de crescimento econômico do Estado. Com a empresa retomando sua produção, nossa projeção é que o crescimento estadual seja maior do que o do Brasil", aponta.
Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg e analista econômica, aponta que a pauta de reformas e ajustes que o país precisa construir ao longo de 2020 é extensa e vai demandar articulação política com o Congresso.
"Tivemos ao longo de 2019 a colocação de vários instrumentos, por parte do Congresso, para controlar uma parte maior do orçamento da União. Com isso, o Executivo vai ter menos mecanismos para tentar, de alguma maneira, negociar ou pressionar a Casa. Junto a isso, está o fato do ano que vem ser de eleições municipais. Isso significa que, talvez, as pautas de reformas (PEC da Emergência Fiscal, PEC dos Fundos, reforma administrativa, reforma tributária), que continuarão sendo necessárias para o país, ficarão um pouco mais difíceis de serem aprovadas do que foi a da Previdência ao longo deste ano", explica
A especialista aponta que o país já sinaliza de que a economia nacional vai crescer algo em torno de 2,5% em 2020, o que dá sinais mais sólidos de crescimento. De acordo com Thaís, com isso o Brasil vai passar a atrair investimento pelo diferencial de crescimento em vez de ser pela taxa de juros elevada.
"O Conselho de Política Monetária (Copom) vai manter, por um bom tempo, a Selic no patamar em que ele encerrar o ciclo de cortes, no ano que vem. Acredito que será em 4,25% (atualmente, a taxa é de 4,5%). O que já foi feito garante que a gente já comece a acelerar a atividade econômica. As taxas de juros voltarão a subir quando o país reduzir seus índices de desemprego e ociosidade da capacidade produtiva", afirma.
Um dos problemas que estavam travando o crescimento dos investimento no país era a pauta internacional. Nesta sexta-feira (13), a guerra comercial entre China e Estados Unidos deu sinais de pacificação depois de um período de quase dois anos de sobretaxas, retaliações, reuniões entre os países, tuítes raivosos e manobras nos bastidores.
Os países concluíram a primeira fase do tão aguardado acordo comercial. Donald Trump, presidente dos EUA, prometeu reduzir as tarifas americanas sobre as importações chinesas. Já o país asiático concordou em comprar mais produtos agrícolas da potência americana e apertar o cerco a infrações da propriedade intelectual no país.
Outro ponto a nível internacional que atingia o país era a saída do Reino Unido da União Europeia, apelidada de Brexit. O presidente da terra da rainha, Boris Johnson, garantiu a maioria dos conservadores no parlamento para concretizar o Brexit, em 31 de janeiro de 2020. Em 2013, um referendo aprovou a saída dos britânicos do bloco, porém, o processo ainda não havia sido concluído.
Em busca de uma abertura comercial com mais países, o governo brasileiro está em pleiteando novos acordos comerciais. Dentre eles, aqueles com os Estados Unidos, Japão, Índia, Indonésia, Vietnã e Sistema da Integração Centro-Americana (SICA). Cada um deles pode possibilitar para o Brasil a importação de produtos e tecnologia a um preço menor e, em conjunto, o aumento das exportações.
De acordo com Alexandre Lobo, subsecretário de negociações internacionais do Ministério da Economia, esses novos acordos devem fortalecer e favorecer a relação do Espírito Santo com outros países.
"A redução tarifaria por si só é um benefício importante para tudo aquilo que o Estado exporta. Para todos esses parceiros que temos nas exportações a tarifa tende a cair. Então, você ganha uma preferência em relação a competidores que não têm acordos com esses blocos. Então, em termos de custos diretos, você já tem uma redução na exportação", afirma.
Outra questão importante, segundo Lobo, se refere às questões não tarifárias, como regulamento, previsibilidade e transparência das regras. "Tudo isso retira custo e risco dos negócios. Com isso, você traz um ambiente muito mais previsível para que as negociações e transações aumentem", aponta.
Marcelo Saintive, diretor-executivo do Ideies, complementa que, apesar do Estado se concentrar na exportação de commodities, como café e minério de ferro, ele pode se aproveitar também e melhorar sua economia trazendo recursos e aumentando a produtividade das indústrias.
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