O Espírito Santo foi o destino procurado pelo colombiano Germán Eduardo, de 33 anos, quando ele saiu da sua terra natal, há mais de 10 anos. Formado em Gastronomia e morador de Vitória, ele foi mais um dos microempreendedores individuais estrangeiros que escolheram o Estado para tocar os próprios negócios.
O levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) considerou dados desde 2019 e apontou que, nos últimos quatro anos, o número de empreendedores estrangeiros no Estado aumentou 90,1%, passando de 409 para 780 até o início de julho deste ano.
Germán é conhecido como Manchito e é um dos 153 microempreendedores colombianos no Espírito Santo, nacionalidade que lidera o ranking de MEIs estrangeiros, seguida da portuguesa, peruana, argentina e italiana.
Dono de um food truck de hambúrgueres artesanais e empanadas, o colombiano contou ao site g1 que estudava Engenharia de Sistemas, mas não tinha afinidade com o curso e decidiu sair do próprio país para começar a vida em outro lugar em 2012.
"Tenho um irmão que morava aqui e ele me ofereceu vir e começar a minha vida aqui em Vitória. Cheguei dando aulas de espanhol e comecei a estudar Gastronomia. Minha ex-mulher é daqui de Guarapari, a gente se conheceu aqui e começamos emprender juntos", disse Germán.
No começo, os lanches artesanais eram preparados em uma bikefood no mesmo ponto onde hoje funciona o food truck. Em setembro deste ano, o empreendimento do colombiano completa sete anos.
Para os estrangeiros que desejam ou pensam em empreender no Espírito Santo, Germán disse se sentir em casa em terras capixabas.
"Não tenho nada a reclamar dos brasileiros. Aqui estabeleci família, tenho um filho. Sempre fui muito bem acolhido, sempre que precisei, me deram ajuda e me mostraram o caminho certo. Sempre vivo muito agradecido por tudo que aconteceu na minha vida aqui em Vitória, tanto que não passa pela minha cabeça voltar para a Colômbia", disse Manchito.
O holandês Menno Faber é formado em Sistemas de Computação e mestre na área de Telecomunicação. Ele chegou ao Estado em 2009 durante um intercâmbio na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e, desde 2019, é sócio de uma empresa de serviços e tecnologia, que atua no setor de automação industrial, principalmente na área de petróleo, gás e mineração.
O holandês casou há sete anos. Ao g1, disse que planejava expandir os negócios.
"Começamos a crescer na tecnologia e temos sempre procurado outras oportunidades no nosso ramo. A empresa cresceu bastante nos últimos anos e estamos reinvestindo para crescer mais. No começo, em 2016, eram 15 pessoas, e hoje já são cerca de 30", disse Menno.
Outro que escolheu o Espírito Santo como destino para morar e trabalhar foi o libanês Fadi Srour. O maquiador, esteticista e designer de sobrancelhas chegou ao Espírito Santo há sete anos, depois de conhecer a esposa, Aparecida Ribeiro Soares, pela internet.
"Conheci minha esposa no Facebook. Ela foi para o Líbano, casou comigo, fizemos festa e depois casamos aqui no Brasil. Comecei a trabalhar em vários salões de beleza e depois fiz mais cursos para aprender novas técnicas. Além dos certificados que tenho do meu país, obtive mais alguns aqui para ter mais experiência, saber técnicas novas e ficar a par do que os brasileiros gostam."
O libanês disse ao g1 que a adaptação foi um pouco difícil, por causa da diferença de culturas e a falta de conhecimento e experiência com a língua portuguesa.
"O início foi um pouco difícil para adaptar, porque a cultura é diferente. Eu cheguei aqui, não sabia falar nenhuma palavra em português. Comecei a aprender, trabalhar, acostumar com a cultura. Agora já me adaptei muito bem. Estou gostando, estou feliz e vivendo muito bem. Minha filha nasceu aqui. Já tem três anos. É brasileirinha", disse o libanês.
Atualmente, ele atende no seu espaço em Jardim Camburi e outros bairros de Vitória, onde mantém parceria com alguns salões. Recentemente, Fadi também começou a vender pratos típicos do seu país.
Para Adriana Rocha, gerente do Sebrae, o fato de o Estado ser receptivo está entre os fatores que contribuem para que tantos estrangeiros se interessem em empreender no Espírito Santo.
"Além de ser um Estado muito receptivo, o Espírito Santo tem um ambiente favorável ao empreendedorismo, uma vez que existe um trabalho de desburocratização de processos para facilitar a vida de quem deseja empreender", disse Adriana.
De acordo com o Sebrae, o estrangeiro que deseja empreender pode se formalizar por meio da plataforma gov.br. Contudo, é necessário ter Carteira Nacional de Registro Migratório ou Documento Provisório de Registro Nacional Migratório ou Protocolo de Solicitação de Refúgio, que podem ser solicitados via cadastro no departamento de Polícia Federal com a indicação do número de registro.
Para estrangeiros com visto temporário, será permitido registro como MEI apenas para cidadãos de países membros do Mercosul e dos Estados Associados e que possuam residência temporária de dois anos, dessa forma, poderá ser empresário, titular ou sócio ou administrador. Atualmente, não é mais necessário fazer uma Declaração de Imposto de Renda de PF.
Com informações de Fabiana Oliveira, g1 ES
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